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Cerimônia realizada em Juazeiro marca a renovação e iniciação de novos agricultores e agricultoras na Certificação Orgânica Participativa

Cerimônia realizada em Juazeiro marca a renovação e iniciação de novos agricultores e agricultoras na Certificação Orgânica Participativa

"Fazer parte do movimento da certificação se torna um motivo de valorizar o trabalho da gente, enriquecer ainda mais a importância da gente saber que tá produzindo produtos de qualidade, alimentação limpa, segura, sem veneno, saber o que a gente tá comendo e o que tá passando para as famílias, além de tá ajudando a gente a aumentar a renda das famílias”, foi assim que a agricultora Valmira Ferreira da Silva Gonçalves, da Comunidade Serra da Boa Vista, Distrito de Massaroca, em Juazeiro, descreveu o evento de entrega do selo de Certificação Orgânica Participativa, referente ao período 2022/2023, realizado pelo Pré-Núcleo Sertão do São Francisco, na última quinta-feira (28), no espaço da Feira Agroecológica e Orgânica, no Armazém da Caatinga, em Juazeiro-BA.

Durante a cerimônia, pelo menos 27 agricultores e agricultoras receberam certificados do Núcleo de Certificação Orgânica Participativa Raízes do Sertão, que faz parte da Rede de Agroecologia Povos da Mata, a única certificadora orgânica participativa credenciada na Bahia. O evento contou com exposições e venda de produtos orgânicos produzidos por seis grupos de famílias agricultoras certificadas, originárias de municípios do Território de Identidade do Sertão do São Francisco.

Momento de alegria também para a agricultora Maria das Neves, da Comunidade Tradicional de Fundo de Pasto Caiçara, em Juazeiro, que há anos sonhava com o reconhecimento. “Muita gratidão por ser convidada para participar desse momento. Era algo que a gente já estava correndo atrás há muito tempo [...] Na feira, às vezes, a gente tinha aquela decepção do comprador chegar e achar que o nosso produto não é orgânico, mesmo a gente plantando, sabendo o que a gente tá plantando em nosso canteiro”, declarou.

Segundo ela, agora, com o documento em mãos, poderá garantir mais segurança à clientela. “É muito importante ter na sua barraca [o certificado] mostrando que você é uma agricultora [familiar] que é um produto orgânico, que vem da sua horta, que não é [produzido] com agrotóxicos. São produtos que você mesmo tá sabendo que está produzindo, consumindo e também pode passar para os clientes com mais segurança. Para a gente isso é muito importante”.

O certificado orgânico é um documento emitido por organização de certificação autorizada - neste caso, a Rede de Agroecologia Povos da Mata, entidade contratada pelo Governo da Bahia - para atestar que o produto foi produzido de acordo com os padrões, as normas e práticas da agricultura orgânica que envolvem a proibição do uso de pesticidas sintéticos, herbicidas, fertilizantes químicos e organismos geneticamente modificados na produção, bem como práticas sustentáveis que promovam o cuidado com o solo, a biodiversidade e a saúde dos ecossistemas.

A certificação ocorreu por meio do Sistema Participativo de Garantia (SPG), que implica em um processo coletivo no qual o grupo de agricultores/as organizados/as avalia e concede certificações à produção de seus pares agricultores/as. Essa abordagem é mais econômica e simplificada em comparação com a contratação de serviços de auditoria, sendo igualmente reconhecida pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

De acordo com a técnica de campo colaboradora do Irpaa, Andressa Menezes, a certificação é uma forma desses agricultores e agricultoras agregarem valor aos seus produtos e acessarem políticas públicas que visam garantir Segurança Alimentar. “A gente viu a necessidade e a importância desses agricultores terem o selo de certificação, tanto para não estarem comercializando seus produtos por uma relação de confiança, [como também] para agregar ainda mais valor a esses produtos e, diante disso, poderem acessar várias políticas públicas, a exemplo do PAA [Programa de Aquisição de Alimentos] e PNAE [Programa Nacional de Alimentação Escolar]”.


Andressa Menezes, que acompanha cinco agricultores/as certificados do Grupo Semeando Agroecologia no Sertão, destaca ainda que o certificado é uma estratégia para impulsionar “feiras locais, na região, nos distritos e nas suas próprias comunidades” e o trabalho desenvolvido nos Núcleos Produtivos Familiares.

Para a coordenadora do Pré-Núcleo Sertão do São Francisco, Carmem de Oliveira, a Certificação Orgânica Participativa vem para capacitar os agricultores e agricultoras que já produzem de forma agroecológica. “Essa certificação veio atestar que realmente os nossos produtos são de confiança. Pode consumir, é comida de verdade que a gente está levando para a mesa da sociedade”.


Cármen afirma ainda que o reconhecimento “é mais uma conquista da classe trabalhadora, dos agricultores e agricultoras que fazem agricultura familiar, e, com isso, veio dar uma alavancada na questão da comercialização e também nas formações, porque essa certificação não só tem o objetivo de a gente acessar outros mercados, mas também possibilita os agricultores se capacitarem, porque com as visitas, com as formações, sempre tem a troca de experiências e compartilhamento de experiências exitosas”.

Além da cerimônia de entrega e renovação dos certificados, a programação seguiu até a sexta-feira (29), no Centro de Formação Dom José Rodrigues, com espaços de formação e planejamento, trilha ecológica para conhecer tecnologias de reúso e sistema agroflorestal, além de práticas sobre os microrganismos eficientes em fermentados, minhocário e produção de húmus de minhoca, biocalda e nutrição das plantas, estratégia de mercado.

O Pré-Núcleo Sertão do São Francisco integra a Rede de Agroecologia Povos da Mata, entidade organizadora do evento, contratada pelo governo da Bahia através da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), com financiamento da Secretaria de Desenvolvimento Rural e co-financiamento do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA). A Rede de Agroecologia Povos da Mata conta com o apoio do Irpaa e de outras entidades do território.

Texto e fotos: Eixo de Educação e Comunicação do Irpaa


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