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Comunidades de Campo Alegre de Lourdes denunciam invasão de empresa de mineração nos territórios dos fundos de pasto

Comunidades de Campo Alegre de Lourdes denunciam invasão de empresa de mineração nos territórios dos fundos de pasto

Cerca de 20 comunidades tradicionais de fundo de pasto, do município de Campo Alegre de Lourdes, sofreram, nos últimos dez dias, uma série de invasões de uma empresa de sondagem minerária em seus territórios. Funcionários da Geosol, empresa que presta serviço terceirizado à Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), entraram nos territórios das comunidades com máquinas e equipamentos, fazendo supressão de vegetação nativa, sem a permissão e diálogo com os/as trabalhadores/as rurais.

Pelo menos três invasões foram registradas pelos moradores/as. A primeira aconteceu ainda no final do mês de novembro, na comunidade de Barra. Quando perceberam a presença de estranhos no território, moradores da Barra, do São Gonçalo, da Pedra Branca, do Ramalho e do Sítio Contenas conseguiram impedir os funcionários da Geosol de iniciar os serviços, reafirmando que a área é das comunidades e que nenhuma empresa pode entrar sem o consentimento dos trabalhadores rurais.

Já na última quinta-feira (5), os funcionários da empresa de pesquisa mineral invadiram a comunidade de Barra, na divisa com a Santa Úrsula. A empresa ainda chegou a desmatar parte de uma área, mas um grupo de moradores das duas comunidades e da Malhada, Mosquiteiro, Morro Velho e Lagoa do Manoel Duarte conseguiram, mais uma vez, impedir a continuidade dos serviços ilegais da empresa.

Na sexta-feira (6), os empregados da Geosol foram para a região dos Baixões, na comunidade de Cacimbinha. Lá, chegaram a fazer perfurações no solo e supressão de vegetação nativa da caatinga, inclusive de árvores de grande porte. Mais uma vez, os moradores locais defenderam seu território. Um grupo de cerca de 50 pessoas das comunidades de Cacimbinha, Baixão dos Bois, Pedra Comprida, Sítio Novo do Pedrão, Barreiro do Espinheiro, Lagoa da Onça, Barra da Lagoa e Lagoa da Caatinga não deixaram a empresa continuar com a sondagem mineral.

Em todos os episódios, os trabalhadores e trabalhadoras rurais afirmaram que a Geosol não apresentou nenhuma licença ambiental nem de pesquisa mineral.

Província Metalogenética do Norte da Bahia

Em 2023, a CBPM anunciou a descoberta de uma Província Metalogenética no Norte da Bahia. A descoberta, anunciada com entusiasmo pela empresa estatal, consiste em um polo mineral que abrange os municípios de Pilão Arcado, Remanso, Casa Nova e Campo Alegre de Lourdes, com potencial para exploração de minerais como ferro-titânio-vanádio, níquel-cobre-cobalto, fosfato, ferro, ouro, metais base e terras raras, podendo chegar a uma área de 100 km de extensão.

Apesar da Província Mineral só ter sido anunciada recentemente, há muitos anos essa região é alvo de pesquisas minerais. Inclusive, no próprio site da CBPM, há uma notícia, de outubro de 2016, informando que a Geosol era a empresa contratada pela estatal para realizar pesquisa geológica nas regiões Sudeste e Norte do estado. À época, uma das áreas de sondagens já era em uma área na divisa entre Campo Alegre de Lourdes e Pilão Arcado, denominada “Caboclo dos Mangueiros”.

As invasões registradas nos últimos dias pelas comunidades de fundo de pasto estão relacionadas a esse projeto de exploração mineral na região, que não leva em conta os modos de vida tradicionais e a diversidade da Caatinga.

Resistência das Comunidades

Em vídeos, divulgados pelos próprios moradores das comunidades, é impressionante a resistência dos fundos de pasto em defesa de seus territórios. De forma comunitária, entoando canções de lutas populares, os/as trabalhadores/as rurais reafirmam seus direitos territoriais e dizem não à mineração, atividade que provoca imensa destruição socioambiental.

Texto: Comunicação CPT Juazeiro/ Imagens: Moradores locais  


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