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Belo Chico

“Belo Chico – Convivência com o Rio São Francisco através da música”, é um projeto de autoria conjunta de Targino Gondim, Nilton Freittas e Roberto Malvezzi (Gogó), contextualizado com o paradigma da Convivência com o Semiárido, com enfoque especial na defesa do rio São Francisco – rio Opará, Velho Chico, Belo Chico. O álbum tem o propósito de navegar em todas as almas e corpos desse grande rio, percorrendo não apenas suas águas, mas também sua beleza, sua história, seus amores e seus problemas.

Fruto da construção coletiva de saberes e do amor pelo rio, o Belo Chico traz para a cena artística nacional elementos da riqueza cultural dos povos que ocupam as margens e toda a bacia do rio São Francisco, e se propõe ajudar a sociedade e entes públicos a se animar, refletir, agir, caminhar e cantar na defesa da vida do Velho Chico.

O Belo Chico é uma produção da Toca pra Nós Dois, realização do Instituto Regional da Pequena Agropecuária (IRPAA) e Articulação Popular São Francisco Vivo, com apoio do Ministério de Cooperação alemã por intermediação da Cáritas alemã.

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Clipe Musical

CD

O rio São Francisco é admirável por sua grandeza, por sua beleza, pela riqueza que representa à tantas vidas. O Belo Chico, de autoria de Targino Gondim, Nilton Freittas e Roberto Malvezzi – Gogó, e nos convida a navegar na história, cultura no rio Opará. A poesia e melodia das 13 músicas, sendo algumas inéditas dos autores de Belo Chico, e outras já consagradas e conhecidas, de autoria própria ou de terceiros, nos chama a mergulhar em seus mistérios, e sentir seu aconchego, seu brilho e seus apelos, até chegar no mar.

O Belo Chico é uma produção da Toca pra Nós Dois, realização do Instituto Regional da Pequena Agropecuária (IRPAA) e Articulação Popular São Francisco Vivo, com apoio do Ministério de Cooperação alemã por intermediação da Cáritas alemã.

Lançamento do CD

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Informações básicas sobre o “Belo Chico”

Extensão: O curso principal do rio São Francisco tem extensões de 2.814 km entre as cabeceiras, no município de São Roque de Minas (MG), e de 2.863 km pelo rio Samburá, no município de Medeiros (MG) e a foz. (CODEVASF)
Área: 619.543,94 km²
Afluentes: 168 (cbhsaofrancisco.org.br)
População: 18.218.575 (IBGE 2011)
Municípios: 505.
Estados: Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Goiás e o Distrito Federal
Biomas: Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica.
Principais aquíferos que abastecem o São Francisco: Urucuia e Bambuí.
Povos Indígenas: 44 povos e comunidades (CIMI)
Comunidades Quilombolas (números aproximados): Sergipe 13 (Cáritas de Propriá); Bahia 32, sendo 18 no Médio e 14 no Submédio São Francisco (MPE/BA1 e CBHSF2); Minas 2 (Articulação São Francisco e MPE/MG); Alagoas 12 (Núcleos Quilombolas: http://iteral.al.gov.br); Pernambuco 34 (Comissão Estadual das Comunidades Quilombolas de Pernambuco). Total: 93
FUNDO E FECHO DE PASTO: Aproximadamente 500 comunidades (Ruben Siqueira, FPI)

1 Fiscalização Preventiva Integrada, organizada pelo Ministério Público da Bahia - MPE/BA
2 Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco

OS PRINCIPAIS PROBLEMAS DO RIO SÃO FRANCISCO

  1. DESMATAMENTO: começou com as fazendas de gado no século XVI, intensificou-se com o corte da madeira para mover os vapores e ampliou-se com a indústria minerária. Hoje, território devastado por carvoarias, pastagens, agronegócio, cultivo de eucaliptos. Não são apenas as matas ciliares, mas todo território da Bacia. Com o desmatamento vêm junto o assoreamento de rios e lagos, o empobrecimento dos solos e a perda da biodiversidade;
  2. POLUIÇÃO: águas contaminadas por dejetos industriais, domésticos, hospitalares, minerários, resíduos de agrotóxicos etc.
  3. BARRAGENS HIDRELÉTRICAS: um rio cortado por barragens, que impedem a piracema em grande parte de sua extensão, a agricultura de vazante, a inundação das lagoas marginais onde os peixes se reproduzem;
  4. BARRAGENS DE REJEITOS MINERÁRIOS: são 273 barragens no Norte de Minas, mais de 200 com rejeitos minerários, grande parte na Bacia do São Francisco. Elas podem se romper e acabar com um rio em poucos dias, como é o caso de Brumadinho e Mariana;
  5. SOBREUSO DAS ÁGUAS: águas de superfície e subterrâneas intensamente utilizadas pela agricultura irrigada, pondo em risco afluentes e aquíferos que abastecem a calha central do São Francisco;
  6. AGRESSÃO AOS TERRITÓRIOS DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS: comunidades tradicionais e povos indígenas constantemente ameaçados por empresas e poderes públicos quanto ao seu território, seu modo de vida, sua cultura e sua história;
  7. USINAS ATÔMICAS: um rio tão agredido ainda está sendo demandado para implantação de várias usinas atômicas às suas margens. Uma energia rejeitada em todo mundo, no sertão que é sol, no sertão que é vento, é o absurdo dos absurdos. Toda resistência à implantação das Usinas Atômicas no São Francisco e em qualquer lugar do mundo;
  8. TRANSPOSIÇÃO: a obra gigantesca continua como um desafio, aduzindo pouca água para o tamanho da obra, como um canhão para matar um mosquito. A construção de trechos dos dois canais principais ainda está em andamento. Adutoras de distribuição não foram feitas. Há problemas seguidos de ordem técnica. Paira sobre toda a obra o desafio da privatização e mercantilização das águas transpostas e também a privatização da Revitalização do São Francisco;
  9. DEPENDÊNCIA DE OUTROS BIOMAS: as águas que abastecem o São Francisco vêm em primeiro lugar dos Rios Voadores que descem da Amazônia e caem sobre o Planalto Central, abastecendo os dois principais aquíferos que alimentam o São Francisco, isto é, o Urucuia e o Bambuí. Sem os Rios Voadores esses aquíferos não existem. Sem a Amazônia não existem esses Rios Voadores. Portanto, o São Francisco depende do bioma Amazônia para gerar chuvas e depende do Cerrado que armazena essas águas e depois as redistribui para grande parte das bacias nacionais através de seus aquíferos. Sem Amazônia e sem o Cerrado, não existirá o São Francisco. Como se diz hoje, “tudo está interligado”.

PRINCIPAIS PROPOSTAS

  1. MORATÓRIA DE 10 ANOS PARA O SÃO FRANCISCO: durante 10 anos trabalhar apenas a Revitalização do São Francisco, não implantar mais nenhum projeto de alto impacto na Bacia, nem agrícola, nem minerário, nem de geração de energia hídrica;
  2. REVITALIZAÇÃO DO SÃO FRANCISCO: investir na recuperação da cobertura vegetal da Bacia do São Francisco, das áreas de recarga, também de suas matas ciliares, recuperação da fauna, da qualidade da água, ictiofauna e da flora da Bacia do São Francisco;
  3. SANEAMENTO AMBIENTAL: investir pesadamente não só no saneamento básico (abastecimento de água, coleta e tratamento de todo tipo de esgoto, manejo dos resíduos sólidos e drenagem das águas de chuva) para o meio rural e urbano, mas no saneamento ambiental como um todo, incluindo a despoluição agrícola, do ar, visual, dos solos da Bacia;
  4. RESPEITO AOS TERRITÓRIOS E MODOS DE VIDA DAS POPULAÇÕES RIBEIRINHAS E TRADICIONAIS: respeito aos territórios indígenas, comunidades de Fundo e Fecho de Pasto, comunidades quilombolas, territórios de comunidades pesqueiras, já que são habitantes seculares das margens do São Francisco e também guardiães do Velho Chico;
  5. DESCOMISSIONAMENTO DAS BARRAGENS DE REJEITO: imediato descomissionamento de todas as barragens de rejeitos minerários que ameaçam as águas, a fauna, a flora e as populações do Vale do São Francisco. Cobrar e exigir das empresas e poderes públicos que assumam sua responsabilidade na questão, já que são eles que se beneficiam dos lucros;
  6. CONTROLE DO USO DAS ÁGUAS: nem o poder público, nem qualquer empresa, tem o direito de usufruir largamente das águas subterrâneas e de superfície da Bacia em prejuízo das populações e do meio ambiente. Existe um Comitê da Bacia do São Francisco e ele tem por obrigação servir a todos, não somente ao capital;
  7. OUTRAS ENERGIAS: nenhuma energia é totalmente limpa, mas não há como comparar o impacto socioambiental da atômica com a solar, por exemplo. Temos outras fontes de energia, que, se implantadas de forma descentralizada, com a tecnologia adequada, com respeito ao ambiente e às populações, podem ser úteis para todos. Além do mais, sempre precisamos nos perguntar, mais energia para quê e para quem?
  8. CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO: nos orientamos pelo novo paradigma da Convivência com o Semiárido, Cerrado e todos os biomas, não pelas obras gigantescas de interesse do capital. Propomos sempre a captação da água de chuva para beber e produzir, a agroecologia adequada ao Semiárido, a manutenção da Caatinga em pé, a revitalização de rios e nascentes, a criação de pequenos animais, o respeito pelos territórios das comunidades tradicionais, a multiplicação de tecnologias sociais dominadas e controladas pelo povo do Semiárido e uma Educação Contextualizada;
  9. IRMANAÇÃO ÀS LUTAS DE OUTROS BIOMAS: o São Francisco não existe por suas próprias forças. Ele depende das chuvas que vem da Amazônia e da distribuição dessas águas pelos aquíferos e rios do Cerrado. O povo São Franciscano terá que irmanar-se aos amazônidas e aos povos do Cerrado para que o São Francisco continue vivo.


Roberto Malvezzi (Gogó) - Belo Chico



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