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República do Irpaa: a relação entre a educação formal e não formal vivenciada pelos estudantes

A educação é uma forma de moldar a perspectiva do indivíduo acerca da sociedade. Tendo em vista esse pressuposto, o conhecimento está além dos parâmetros de educação formal. O Irpaa (Instituição Regional de Pequena Agropecuária Apropriada) reconhece isso e, através da República de estudantes, mantém a iniciativa de formar cidadãos conscientes da viabilidade da Convivência com o Semiárido.

Filhos e filhas de agricultores de diversas regiões do Semiárido vem para a República com a finalidade de estudar em ambientes da educação formal voltada para área agrícola e agropecuária. Paralelo a isso eles recebem formações através de palestras, oficinas, minicurso e acompanham o trabalho técnico da instituição nas comunidades assessoradas pelo Irpaa.

Daniel Barros, 20 anos, natural de Santa Filomena-PE, inserido nesse perfil, veio com o intuito de estudar para compartilhar o conhecimento em sua comunidade. O mesmo ressalta que a educação tradicional não oferecia um aprofundamento coerente acerca da área agropecuária. Diferentemente da educação abordada pela escola convencional que forma um indivíduo com pretensões focadas no para o mercado tradicional, o Irpaa forma profissionais para o mundo, voltadas para sua realidade cultural. Estes estudantes desenvolvem atividades como: caprinovinocultura, horta, apicultura, compostagem, fruticultura, cultivo de pastagem e horta medicinal.

Já a estudante de Agronomia da Uneb (Universidade do Estado da Bahia), Cíntia Patrícia, tem o seguinte pensamento a respeito de sua formação e como aplicar seu conhecimento no Semiárido: “Eu acredito que não adianta ter o conhecimento para tentar mudar a situação da Convivência com o Semiárido, já que a seca não tem como ser combatida. O que nossa região precisa de imediato é de políticas públicas e isso não existe. O governo não quer olhar a situação e nem mudá-la. Existem vários tipos de tecnologia, mas não tem investimento para isso". A estudante, que faz estágio na Embrapa, cita algumas tecnologias existentes e diz que precisam ser repassadas "através de projetos de extensão rural onde mostraria ao ruralista um novo modelo de técnicas na convivência do semiárido, visto que o antigo método encontra-se defasado” acredita.

A partir da opinião dos dois estudantes percebe-se que passam por processos educativos diferenciados, o que implica em diferentes visões sociais e interfere no desenvolvimento econômico e político da região. Assim, muitos estudantes destas áreas que não vivenciam os problemas da terra, mesmo tendo conhecimento da realidade local, voltam seu olhar para o agronegócio, enquanto os pequenos produtores, muitos com poucos recursos tecnológicos “reconhecidos” continuam a inovar na produção orgânica e na agricultura familiar, valorizando as formas de Convivência com o Semiárido.

A República do Irpaa

A educação dessa região do país não disponibiliza informações específicas para um melhor entendimento do seu espaço, pelo contrário ela induz a um conformismo afirmando que as dificuldades enfrentadas fazem parte de um conjunto de problemas proporcionados pela natureza. No intuito de descaracterizar essa visão, o Irpaa, há cerca de 20 anos, mantém uma República de Estudantes. A República fica no Centro de Formação D. José Rodrigues, localizada nas proximidades do Jardim Primavera, a 12 km da cidade de Juazeiro-BA.

Não só para aprender, mas como também para multiplicar o conhecimento adquirido é a intenção desta iniciativa. Depois de formados, muitos dos ex-estudantes da República voltam para trabalhar em suas comunidades de origem ou trabalham diretamente no Irpaa ou ainda em entidades parceiras que comungam desta mesma proposta.

Por Claudilma Marques e Dayane Késia (Estudantes do 2º período de jornalismo - Uneb)

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