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Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia defende a Caatinga e denuncia os empreendimentos de energia renovável centralizada

Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia defende a Caatinga e denuncia os empreendimentos de energia renovável centralizada

Com o tema “Caatinga Viva, Floresta em pé: mulheres em defesa da Borborema Agroecológica”, mais de 5 mil mulheres de diversas regiões do país se reuniram na 15ª Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia, realizada no município de Areial-PB, na última sexta-feira (15). A data escolhida não foi por acaso, na véspera do Dia Nacional da Conscientização sobre Mudanças Climáticas, comemorado em 16 de março, as mulheres foram às ruas pela terceira vez em defesa do bioma Caatinga.

A Marcha que reúne gerações de mulheres na luta por direitos e pela preservação dos seus modos de vida, mistura também sentimentos que vão desde a indignação, a resiliência e a determinação pela garantia da sua terra e território. A integrante do Movimento de Mulheres do Polo da Borborema, Roselita Vitor Albuquerque, falou sobre um dos objetivos da Marcha: “Ela denuncia a violação de direitos das mulheres, ela constrói identidade das mulheres camponesas e ao mesmo tempo ela afirma um projeto político para o seu território. São vários momentos que fazem com que a marcha se fortaleça, e a mulher volta pra casa com a bandeira, bota na parede da casa dela e diz "agora eu não estou mais só”.

Entusiasmada, dona Joseli, mais conhecida como Moça, moradora de Areial, leva suas filhas para participar da Marcha desde a primeira edição. Ela diz que “A Marcha das Mulheres é uma marcha que defende as mulheres, mulher não é pra tá no fogo ou no fogão, mulher tem que tá onde ela quer. Se o homem pode ser um doutor, a mulher também pode. Se o homem pode ser um juiz, a mulher também pode (…) porque a mulher não é propriedade de ninguém, a mulher quer ser, e deixa ela ser livre para voar”.

Durante a Marcha, aconteceu também uma feira agroecológica, na qual agricultores/as familiares tiveram a oportunidade de comercializar seus produtos , tais como: frutas, verduras, plantas, bolos, doces, tapiocas, cuscuz, entre outros. Uma rica variedade que encanta todos os participantes, além de ser uma forma de valorizar os produtos agroecológicos, que fazem bem para a saúde das pessoas e também da natureza.

Nesse sentido, a agricultora Marisete Alves, de Lagoa Nova-PB, que participa da marcha todos os anos e pretende marchar muito ainda, destacou “A importância de ser uma agricultora familiar, e comercializar nossos produtos sem veneno, sem agrotóxico, um alimento saudável”, durante a Marcha, um momento bastante simbólico e representativo no Polo da Borborema.

A jovem Luzia Carmênia, filha de Joseli, transbordando sentimento de pertencimento, contou que participa do movimento desde a sua primeira edição. “Venho acompanhando a Marcha desde pequena, há 15 anos que minha mãe nos traz e eu passei de geração né. Estou trazendo meu pequeno, ele esteve ano passado comigo com dois meses, e hoje está aqui completando 1 ano e 3 meses junto comigo. É importante a gente buscar conhecimento, tanto da agricultura, quanto da energia eólica”.

 

Essa é a terceira vez que a Marcha traz como tema a energia renovável no Semiárido, denunciando o modelo industrial de geração centralizada de energia renovável; invasão das terras e territórios para acúmulo de lucros provados; danos irreparáveis ao meio ambiente; graves danos à saúde; aumento da violência de gênero, assédios morais e sexuais, entre inúmeros outros impactos.

A integrante da organização não governamental AS-PTA, instituição que assessora o Polo da Borborema e a Marcha, Adriana Galvão, frisou alguns dos impactos gerados pelos empreendimentos das chamadas energias renováveis. “Nós somos a favor da energia renovável, mas não nesse mega projetos como chega aos nossos territórios (...) São inúmeros problemas desses grandes parques, desde incompatibilidade da agricultura familiar com a produção de energia, mas sobretudo, os problemas causados às famílias”.

Assim, a Marcha mais uma vez, reafirma que “Energia renovável sim, mas não assim!”, e chama atenção acerca da importância da preservação da Caatinga em pé, bioma exclusivamente brasileiro, para conviver com os períodos de estiagem prolongada. É preciso parar o avanço dos grandes empreendimentos de energia eólica e solar, que impactam, principalmente, as mulheres, as quais também são as primeiras a lutar contra a implementação dos aerogeradores e placas fotovoltaicas, compreendendo bem os malefícios que trazem para suas famílias, animais e modo de vida.

A Marcha é realizada desde 2010 pelo Movimento de Mulheres do Polo da Borborema. A cada ano, a mobilização acontece num dos municípios de atuação do polo, com um tema específico. O território da Borborema é formado pelos municípios de Solânea, Algodão de Jandaíra, Arara, Casserengue, Remígio, Esperança, Montadas, Areial, São Sebastião de Lagoa de Roça, Lagoa Seca, Alagoa Nova, Massaranduba e Queimadas.

Texto e foto: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa


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