Davos: 1% da população dominará riqueza mundial no ano que vem, diz Oxfam
Jeanna Smialek e Zijing Wu
(Bloomberg) -- A fatia de 1 por cento mais rica do mundo está prestes a controlar a maior parcela da riqueza mundial.
É o que afirma a instituição de caridade Oxfam, que atua no combate à pobreza. Para a organização, a fatia da riqueza mundial em posse da população mais rica do mundo chegou a 48 por cento no ano passado, contra 44 por cento em 2009. A participação desse grupo provavelmente será de mais de 50 por cento até 2016, disse a Oxfam em carta direcionada aos participantes do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, nesta semana.
"A escala da desigualdade mundial é simplesmente impressionante", disse Winnie Byanyima, diretor-executivo da Oxfam, no comunicado. "A diferença entre os ricos e o restante está se ampliando rapidamente".
Os mais ricos acrescentaram US$ 92 bilhões à sua fortuna coletiva em 2014, segundo o Bloomberg Billionaires Index. O maior ganhador foi Jack Ma, cofundador da empresa de comércio eletrônico Alibaba Group Holding Ltd., da China. Os bilionários americanos Warren Buffett e Mark Zuckerberg também estão entre os maiores ganhadores, mostra o índice.
À medida que a diferença de riquezas se amplia, governos de países como EUA e China propõem a aplicação de novos impostos aos seus cidadãos mais ricos. Mais de um bilhão de pessoas vivem com menos de US$ 1,25 por dia, segundo a Oxfam.
O presidente Barack Obama planeja limitar os lucros que os americanos ganham com investimentos e impor impostos aos ganhos de capital obtidos por meio de ativos herdados. Recentemente, as autoridades tributárias de Pequim começaram a ordenar que os cidadãos informem seus lucros no exterior, segundo o New York Times.
Novos impostos
Um quinto dos bilionários do mundo "tem negócios nos setores financeiro e de seguros" e viu sua riqueza em dinheiro subir 11 por cento nos últimos 12 meses, disse a Oxfam.
O estudo da Oxfam usa dados do relatório de riqueza global do Credit Suisse e da Forbes.
"A Oxfam está preocupada de que o poder de lobby desses setores seja uma grande barreira no caminho para a reforma do sistema tributário internacional", disse o comunicado. Para ajudar a solucionar o problema, propõe o grupo, são necessários uma ofensiva contra a sonegação fiscal corporativa e individual, mais investimentos em serviços públicos gratuitos e uma mudança nos impostos aplicados ao capital e à riqueza.
Obama quer aumentar a principal taxa tributária aplicada aos ganhos de capital e aos dividendos de 23,8 por cento para 28 por cento. A taxa era de 15 por cento quando ele assumiu a presidência, em 2009. Ele também imporia impostos aplicados a ganhos de capitais em transferências de ativos em caso de morte, dando um fim ao que a Casa Branca chama de "o maior meio de evasão de ganhos de capitais".
Silenciosamente, as agências tributárias chinesas começaram a aplicar a regulação que exigiria que os cidadãos e as empresas pagassem impostos sobre sua renda global, informou o New York Times no início deste mês. Novas regras, que entram em vigor no dia 1º de fevereiro, proibirão investimentos internacionais em lugares considerados paraísos fiscais, segundo o relatório.
Título em inglês: Richest 1% Will Dominate Wealth Next Year, Oxfam Tells Davos
Para entrar em contato com os repórteres: Jeanna Smialek, em Washington, jsmialek1@bloomberg.net; Zijing Wu, em Hong Kong, zwu17@bloomberg.net.