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Comunidade rural de Canudos planeja retomar tradição de Feira Livre

Comunidade rural de Canudos planeja retomar tradição de Feira Livre

Agricultores e agricultoras, criadores de caprinos e ovinos, artesãs, técnicos/as e população em geral participaram no último dia 10 da I Feira de Agricultura Familiar e Economia Solidária da Comunidade de Rosário, no município de Canudos. Organizada pelo Irpaa e pela Associação Agropastoril da comunidade de Raso e Associação de Moradores de Rosário, o evento relembrou a existência da Feira Livre que, segundo moradores, era algo muito presente no cotidiano do povoado na primeira metade do século passado, servindo como local de comercialização de produtos e também de ponto de encontro de muitos Canudenses. O evento estimulou moradores/as a pensarem na realização de Feiras aos domingos no povoado, retomando a antiga tradição que até então estava adormecida.

Quem prestigiou a atividade pode conhecer um pouco da história da comunidade e da tradição da Feira Livre que inclusive já foi passagem de Lampião e seu bando no período do Cangaço. As/os visitantes da Feira conheceram também diversas possibilidades de produção de suplementos para alimentação animal, a exemplo do feno da algaroba, favela, catingueira, leucena, raspa da mandioca e outros tipos de ração levados pela EBDA, que também expôs e distribuiu mudas de banana prata, mandacaru e palma sem espinho.

A culinária regional também teve destaque com a presença de pratos como galinha caipira, ensopado de bode, bode assado, e manuê, iguaria derivada do milho. O licor de murici, o pirulito caseiro e doces de frutas nativas da caatinga também estavam no cardápio das bancas de produtos disponíveis para comercialização.

 

Economia Solidária em movimento

 

A iniciativa de reunir derivados da produção familiar das comunidades de Canudos em uma Feira surgiu com o propósito de incentivar a geração de renda com base na proposta de Convivência com o Semiárido e em uma Economia que se preocupa com a sustentabilidade ambiental e com a comercialização justa e solidária.

Na Feira, muitas pessoas puderam levar para casa, por exemplo, utensílios e objetos de decoração feitos a partir da fibra da bananeira e de sementes da caatinga, artesanato produzido pela Associação de Artesãs do Vaza Barris. Os saborosos pirulitos feitos apenas com açúcar e limão deram para Dona Maria José uma renda extra, assim como aconteceu com o agricultor Paulo Souza Reis, que pela primeira vez participou de uma Feira e saiu satisfeito com o sucesso do sal mineral que trouxe para o evento, uma forma de suplemento para a alimentação do rebanho que o mesmo já usa em sua propriedade. “Por ser uma novidade e também por ser um produto orgânico, teve uma boa procura. Pra mim já vai ser uma renda a mais, uma complementação, mas o importante mesmo é mostrar para o produtor que ele também pode fazer. A gente passa a receita para que os produtores não fiquem presos aos grandes mercados, mas sim aprendam a fazer e utilizar corretamente em suas propriedades”.

As características da Economia Solidária, discussões sobre cooperativismo e depoimentos de agricultores ajudaram o público da Feira a entender na prática a importância do evento. “Trazer essa discussão, alguns esclarecimentos para os agricultores é de suma importância. A comercialização dos produtos da agricultura familiar por meio da economia solidária já existe há muito tempo, mas muitas vezes eles não sabem o que é essa economia solidária, o comércio justo. Essas discussões então ajudam os produtores a serem cada vez mais conhecedores da própria cultura”, destacou uma das colaboradoras do Irpaa que atua na região, a técnica em agropecuária Maria da Paixão, que não mediu esforços na organização da I Feira de Rosário.

Para as entidades realizadoras, a iniciativa conseguiu atingir seus objetivos, visto que conseguiu promover o encontro entre as pessoas numa relação de troca de saberes, conhecimento da produção familiar da região e prática de uma economia diferenciada, onde produtores/as e consumidores/as se reconhecem na ação cotidiana das relações humanas, fortalecendo a economia local e identidade cultural de um povo.

 

Alguns produtos expostos e comercializados na Feira

 



 


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