IRPAA - Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada

Notícias

18.07.2018

Poste no Facebook Poste no WhatsApp Envie por e-mail

Educação Contextualizada e comercialização são destaque em encontro com agricultoras/es de Juazeiro

A preocupação com a garantia de permanência da juventude no campo tem uma relação muito íntima com dois fatores: a educação contextualizada e a geração de renda. Estes dois pontos estiveram presentes nas falas das/dos participantes do Encontro Municipal do Projeto Semiárido Produtivo, realizado nos dias 16 e 17 de julho, no Centro de Formação Dom José Rodrigues.

Logo no início do encontro, às famílias advindas de Canoa e Curral Novo, comunidades do Distrito Massaroca, Juazeiro, demonstraram preocupação com a qualidade do ensino na região. “Nós precisamos garantir que a escola volte a ser o que era antes, que ensine as coisas da nossa região”, expressa Daniel Nogueira, morador da comunidade Canoa. A fala do agricultor se refere à educação praticada hoje na Escola Rural de Massaroca – Erum, que segundo as famílias tem um ensino que aos poucos se distancia da realidade das comunidades de onde vêm as/os estudantes e não prepara a juventude para a vida no campo.

Outro ponto que rendeu muita discussão foi a comercialização, tema debatido com a participação da Central da Caatinga, Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA e parceiros governamentais (Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional – CAR, Núcleo Sertão Agroecológico, - Universidade Sertão do São Francisco, Agência Municipal de Desenvolvimento Econômico, Agricultura e Pecuária – Adeap e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, apoiador do projeto).

A representante da Adeap no encontro, Shenia Campos Rodrigues revelou que o Serviço de Inspeção Municipal – SIM de Juazeiro já foi aprovado na Câmara Municipal e deve funcionar em agosto. O SIM é visto com muita expectativa pelas comunidades, pois permitirá o acesso a novos mercados e poderá dar mais tranquilidade para agricultoras/es, que na sua maioria não conseguem comercializar seu produto de origem animal no comércio tradicional por conta da legislação de inspeção sanitária ser inadequada às necessidades da agricultura familiar.

“As comunidades trouxeram bastante anseio no que diz respeito a estruturação e regularização no tocante às inspeções em seus produtos, para que assim possam abrir caminhos para escoar a produção em outros mercados”, relata Jeferson Marques, assessor produtivo do Irpaa no estado da Bahia.

Jeferson avalia como positiva a organização das duas comunidades, que recentemente cada uma criou sua cooperativa para facilitar a comercialização, uma de produtos de origem animal e a outra vegetal. Enquanto Canoa se destaca como forte produtora de ovos de galinha, Curral Novo traz consigo um histórico importante de beneficiamento de frutas da Caatinga.

Na opinião de Maíra Costa, engenheira agrônoma, a produção de alimentos (tanto para humanos, quanto para animais) pode ser potencializado pela parceria com o Núcleo de Extensão Sertão Agroecológico, da Univasf, do qual faz parte. “Se alguma dessas comunidades precisar de um apoio na construção de uma horta orgânica, no manejo de pragas, no manejo do solo, trabalhar espécies que são mais adaptáveis, menos susceptíveis às pragas, se precisar de um sistema que use a água de modo racional, a gente pode contribuir com o Semiárido Produtivo”, se dispõe Maíra.

O encontro municipal terminou com uma oficina que discutiu a Educação Contextualizada ao Semiárido, o direito humano à comunicação e a comunicação como estratégia para divulgação da produção das comunidades atendidas pelo Projeto Semiárido Produtivo.

Texto e fotos: Comunicação do Irpaa