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Evento celebrativo ao Dia da Caatinga pauta a importância desse bioma, a defesa das comunidades e aproximação da universidade com essa temática

Evento celebrativo ao Dia da Caatinga pauta a importância desse bioma, a defesa das comunidades e aproximação da universidade com essa temática

Apresentar as experiências de Recaatingamento e seus resultados, debater a importância da conservação e preservação da Caatinga; além dos impactos ambientais causados por empreendimentos minerários e eólicos na região. Esses foram alguns dos temas abordados durante o evento “En(cantos) da Caatinga”, realizado na tarde da última sexta-feira (25), no auditório do Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS), da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Campus III, em Juazeiro.

Durante a mesa de abertura, foi destaque a reafirmação do quanto esse bioma, exclusivamente brasileiro, necessita de cuidados e a importância da universidade para fortalecer as iniciativas em defesa da Caatinga. Um exemplo dos argumentos apresentados no momento inicial, foi a fala do colaborador do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), Luiz Almeida. Ele enfatizou que “a universidade é uma grande produtora de conhecimento, de pensar perspectivas de desenvolvimento; mas, esse desenvolvimento tem que ser contextualizado, tem que ser questionada as suas bases, para a gente ter a garantia do bem viver, dos nossos bens naturais, pra essa geração que está aqui, mas também para as futuras”.

Nesse sentido, Luiz pontuou ainda que “a gente não pode colocar toda uma vida, agora, na ganância do desenvolvimento sem freio, que degrada, que mata, que é violento. Então, a gente ocupar aqui (a universidade), é trazer essas reflexões, a importância do povo caatingueiro, a importância da Caatinga em pé, para que isso possa orientar as nossas ações”.

O evento foi alusivo ao dia da Caatinga, celebrado no domingo (28); por isso, as três palestras evidenciaram de alguma forma os desafios atuais e o que tem sido feito em favor da proteção do bioma. Nas discussões sobre o Recaatingamento, por exemplo, Luiz Almeida apresentou uma linha do tempo com detalhes da formação e características da Caatinga, que comprovam a riqueza da biodiversidade e a importância dos povos originários; a forma participativa como ocorrem as atividades do Recaatingamento, com a integração de ações ambientais, de acesso à água e produtivas. "Não é só planta, e as relações que se estabelecem? (...) Não dá para dissociar o caatingueiro, a caatingueira, da Caatinga", ressaltou Luiz, durante a palestra.

A estudante do curso de Agronomia, do campus onde o evento aconteceu, Maria Clara Sena, gostou do momento, que foi uma oportunidade de aprender mais, já que ela desconhecia a temática. “Esse termo Recaatingamento é uma coisa nova e é muito importante porque a Caatinga é um bioma grande também e deve ser valorizado como os outros do Brasil. (...) Tem muito desmatamento, como foi tratado, não só para a área de fruticultura, mas eólica, mineração e várias outras ações do homem que vão desgastando o solo e área”, pontua.

Emerson Nogueira, que também estuda Agronomia no DTCS do campus III, achou interessante as informações sobre as narrativas estereotipadas a respeito da Caatinga, dos povos tradicionais e do Semiárido. Ele constatou que “isso vem enraizado de lá do passado, tá vindo ainda hoje essa questão. Eles (palestrantes) vieram mostrar essa temática, que isso não é verdade e que eles passam bem, que a Caatinga não é isso. Ela é bonita e tem muito a mostrar!”.

Esse assunto das “narrativas” e a defesa da Caatinga também foi destaque na palestra da integrante da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Marina Rocha. Após apresentar, entre outros temas, um panorama dos conflitos e consequências para as comunidades do Território Sertão do São Francisco, a agente da CPT conclamou estudantes e professores a se juntarem na luta das organizações e movimentos sociais. “A gente acredita que isso só é possível se a gente lutar junto, se nós construirmos essa rede. E a universidade, os alunos e professores têm um papel fundamental nisso. Nós precisamos mudar narrativas, fortalecer as pessoas que passam por essa universidade, para que elas participem, estejam junto conosco nessa luta, porque só assim a gente vai ter um mundo diferente, um Semiárido diferente, a Caatinga viva!”.

No evento, houve ainda a apresentação de informações sobre as consequências da mineração e as reivindicações dos/as atingidos/as por essa atividade. Pablo Montalvão, que integra a coordenação estadual do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM/ BA), enfatiza que o Movimento vem pautando a necessidade de repensar a forma como as ações acontecem. “A gente tá propondo, junto com os afetados da mineração, decidir os ritmos da mineração. Onde acontecer, quando acontecer, principalmente para quem. É entendendo as demandas do povo com saúde, saneamento, economia, emprego e uma diversidade de outras coisas. Por isso que a gente faz esse debate e é importante”.

O “En(cantos) da Caatinga” foi promovido pelo Projeto de Extensão "Observatório Popular da mineração e eólica", do DTCS, que é um resultado da pesquisa realizada pela professora Maryângela Aquino Lopes. A iniciativa, de acordo com Maryângela, pretende levar a academia às comunidades, fazendo com que ela cumpra o seu papel de extensão, a função social; além de envolver os/as estudantes e quebrar paradigmas, principalmente no curso de Direito, com debates sobre os movimentos sociais e pensar o Direito a partir do povo.

Nesse sentido, e dialogando com os destaques ao longo do evento, Maryângela ressalta o que precisa ser feito. “A gente busca criar essa outra narrativa da Caatinga viva, de um povo que já ocupa essas terras milenarmente e que construíram, constroem e que tem um modo próprio de viver, de existir, e são pessoas que sustentam hoje a Caatinga. Então, a academia tem que estar ao lado dessa sociedade, dessas comunidades. E a academia também precisa, nessas discussões, ter a visão crítica. (...) Esses projetos que chegam, é desenvolvimento pra quem?”. Um questionamento que, ainda de acordo com a professora, tem resposta.

“O que eu pude observar (durante o trabalho da tese) é que tanto o ônus ambiental, quanto o ônus de vida, sempre recai sobre as populações mais sofridas, invisibilizadas; o que a gente fala da injustiça ambiental. Então, a gente sabe que é uma sociedade injusta, é desigual! Esse desenvolvimento é muito desigual, então o que a gente busca é exatamente isso (ter esse entendimento) e eu acho que esses momentos servem para essa reflexão”, conclui Maryângela.

Ao fim das palestras houve a sinalização da proposta de um seminário ainda esse ano, para aprofundar as discussões. Como não podia ser diferente, o momento celebrativo tinha que ter festa; por isso, a programação terminou com apresentação musical e a turma dançando forró.

Foram parceiros na realização desse evento: Irpaa, CPT de Juazeiro, MAM da Bahia; e o Centro de Agroecologia, Energias Renováveis e Desenvolvimento Sustentável (Caerds) do DTCS.

Texto e fotos: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa


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