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Estudo bíblico contextualizado ao Semiárido marca Escola Bíblica ecumênica da região

Estudo bíblico contextualizado ao Semiárido marca Escola Bíblica ecumênica da região

Com o envolvimento de cerca de 40 pessoas de diversas matrizes religiosas, a Escola Bíblica Ecumênica  Vidas desabrocham no Semiárido teve início neste final de semana (14 e 15/03), no Centro de Formação Dom José Rodrigues, em Juazeiro (BA). A formação é a primeira de quatro módulos que serão realizados ao longo de dois anos em caráter semipresencial. Realizada por um coletivo de entidades sociais e religiosas, a Escola é gratuita e oferta um conteúdo sobre o estudo da bíblia contextualizado ao Semiárido.

“O Objetivo principal é essa questão de não ter a bíblia como coisa distante, mas fincada na vida/realidade das pessoas e trazer isso para a realidade de hoje. Então, é concretizar a mensagem da bíblia nas nossas vidas, principalmente, de forma ecumênica, sem nenhuma barreira. Quanto mais plural, mais rica vai ser a nossa escola”, esclarece Ester Cavalcante, do Grupo Fé e Vida, de Petrolina (PE), que compõe a comissão organizadora da escola. Ester esclarece que a semelhança entre a terra do povo de Deus descrita na bíblia com o Semiárido foi uma das motivações para escolha do tema da Escola Bíblica, que surgiu também em um estudo anterior onde conheceram o Irpaa e o seu trabalho com a Convivência: “porque é o nosso chão - o Semiárido, e também foi o chão do povo de Deus [descrito na Bíblia], então isso foi muito motivador”, esclarece a missionária católica.

Neste primeiro módulo, o tema do estudo foi “A Natureza (vida) no Semiárido brasileiro”, que contou com a assessoria de José Moacir do Santos, colaborador do Irpaa que coordena o Eixo Produção Apropriada ao Semiárido, e do pastor da Igreja Batista de Recife, Marcos Monteiro, além de outras pessoas que contribuíram na condução do estudo. No primeiro momento, os/as participantes puderam compreender o conceito de Convivência, de Semiárido, as construções sociais, linguísticas, imagéticas, econômica e políticas que estigmatizaram a região, influenciando uma prejudicial relação de governos com os povos, o clima, a terra, a cultura e os bens naturais, o chamado paradigma de Combate à Seca e suas implicações, que marcam a região semiárida até hoje, embora já venha sendo questionado e rediscutido nas últimas décadas.

Moacir fez também um paralelo com as negações dos potenciais e quais as suas implicações na vida do povo diante dos períodos de estiagem prolongada, destacando uma linha do tempo da região onde estão os marcos históricos de opressão contra os povos, as suas lutas, os genocídios, quais foram as políticas errôneas (obras ditas contra a seca, carro pipa, distribuição de cestas básicas, etc.), a influência na ocupação do território e a luta pela terra. Foi abordado também como isso tem marcado negativamente a compreensão do Bioma Caatinga, da ocupação do território, da vocação produtiva da região, a própria auto estima de um povo, contextualizando com a leitura Bíblica e sua semelhança com o Semiárido brasileiro e seu povo. Ele apontou ainda a luta dos povos e das organizações populares na construção, na aplicação e defesa do paradigma da Convivência com o Semiárido, apontando as mudanças a partir destas intervenções, mas enfatizando que ainda há muito a ser desconstruído sobre a região.

O segundo momento foi fazer um estudo sobre uma ecoteologia bíblica para o Semiárido, conduzido pelo pastor Marcos Monteiro. O pastor provocou, através de uma diversidade de textos bíblicos e parábolas, uma leitura bíblica a partir da vida no Semiárido, lançando reflexões sobre a necessidade de se educar o olhar sobre a região. “Com certeza a ecoteologia deixa de ser uma palavra qualquer e passa a ser uma forma possível de fazer teologia”, argumenta.

Nessa etapa da programação houve reflexões de como não cair na armadilha da alienação na interpretação da leitura bíblica. “Há um desafio grande em ser bíblico que tem sido prejudicado por um tipo de liturgia, um tipo de olhar, um tipo de leitura que não pensa na transformação no ambiente que nós vivemos”, argumenta o Pastor Marcos. O pastor avalia que é diante deste desafio que a primeira Escola Bíblica surpreende, por colocar no centro do estudo um “olhar luminoso sobre o Semiárido como um lugar que corre leite e mel”, cujo ensinamento de Jesus ao seu povo é o chamado “para mudar o mundo”.

Ele acrescenta que a Escola apontou o quanto tem sido feito para desconstruir o olhar negativo sobre o Semiárido, como a resistência do povo organizado frente ao paradigma de Combate à Seca: “uma riqueza surpreendente, percebe-se um grande número de pessoas que já olha para esse Semiárido como um lugar luminoso. Fiquei esperançoso com as transformações que podem advim desses pequenos gestos, dessas pequenas iniciativas, que são pequenas como as sementes, provavelmente uma árvore, um reflorestamento simbólico está a caminho através dessas iniciativas todas”, declara.

Para a educadora Marli Melo, que está entre as participantes da Escola, a contextualização do estudo da Bíblia contribuiu para que ela vislumbre o Semiárido como uma terra rica, que há vida em abundância para o seu povo. Na sua avaliação, o momento contribuiu para descortinar o olhar sobre o estudo da bíblia e sobre o Semiárido, “primeiro porque a gente trabalha a bíblia, não naquela perspectiva fora da realidade, não como um instrumento de dominação de podar os nossos direitos e deveres. Pelo contrário, é um bíblia pé no chão que nos faz ler e reler as histórias. É importante pensar que esta bíblia precisa está correlacionada com a nossa realidade. A terra que corre leite e mel está lá na bíblia, pelas mesmas características da terra do povo de Israel. Durante muito tempo a gente foi vendo diferente”, pontuou.

A expectativa dos realizadores da Escola é que, “ao final desses quatro módulos, em dois anos, nós vamos ter uma rede de pessoas fazendo essa ligação da palavra de Deus, se tornando vida, ação concreta, não só aqui neste grupo, mas cada um se enraizando nos seus lugares e transformando sua realidade”, avalia Ester. O próximo encontro presencial será em uma aula de campo, em uma comunidade tradicional de Fundo de Pasto, na Bahia. Nesse ano, ainda acontecerá mais um módulo, com aula presencial e de campo.

A Escola Bíblica é uma iniciativa de pessoas organizadas em torno do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada – Irpaa, Centro de Estudos Bíblicos de Petrolina - Cebi, Associação Espírita e de Cultos Afro-Brasileiros - Aecab, Movimento Fé e Vida, Irmãs Carmelitas da Divina Providência, Recanto Madre Paulina, Associação dos Fibromiálgicos do Vale do São Francisco- da Afibrovasf, Círculo de Leitura Popular da Bíblia no João de Deus, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB), com financiamento da Diocese Linz Missionsstelle, da Igreja Católica da Alta Áustria.

Texto e foto: Comunicação Irpaa 


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