IRPAA - Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada

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03.03.2021

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A valorização das Sementes Crioulas fortalece a resistência e soberania dos povos

A partir de uma parceria realizada entre a Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), através da Companhia de Desenvolvimento Regional (CAR), e o Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais (SASOP), está sendo executado um projeto de Sementes Crioulas. Esta iniciativa conta também com a participação das entidades que realizam os serviços de ATER no projeto Pró- Semiárido, e tem como objetivo realizar um resgate de espécies vegetais e animais, na perspectiva de valorização e conservação da agrobiodiversidade. As ações estão sendo realizadas nos municípios de Campo Formoso, Uauá, Pilão Arcado, Sento Sé, Campo Alegre de Lourdes, Remanso, Casa Nova, Juazeiro e Curaçá,

Ao longo do projeto estão sendo realizadas visitas as comunidades que já possuíam a cultura do estoque e o cultivo de sementes crioulas, além de casas de sementes implementadas por projetos anteriores. Clerison Belém, colaborados do Irpaa destaca que “foram feitas ações de sensibilização com as famílias, com os agricultores e proposto esta ação de sementes crioulas visando o resgate de espécies vegetais e animais, que são adaptadas a região. E que as famílias tinham a cultura de produzir”.

De acordo com Clerison, o projeto foi dividido em etapas, iniciando com um diagnóstico da realidade das famílias, seus potenciais e identificação da agrobiodiversidade existente; identificação de guardiãs e guardiões de sementes e debate junto às famílias e comunidades sobre as estratégias que seriam utilizadas para a recuperação das espécies crioulas.

Como parte do processo de desenvolvimento do projeto estão sendo implementados três Sistema Agrícola Resiliente, que servirão como um espaço de experimentação, com a função de cultivo e reprodução de sementes vegetais, pois muitas delas correm risco de extinção. Uma das áreas de implantação deste sistema é a comunidade Sítio do Meio, município de Campo Formoso, onde mora a agricultora Luci Maura Bonfim Cruz.

“Acredito que vai ajudar bastante, pois eram poucas pessoas que guardavam estas sementes, e agora com este sistema a gente vai multiplicar, pegando estas sementes e plantando. E cada um vai multiplicando suas sementes para usar nas propriedades”, afirma Maura, que ressalta a importância desta ação como estratégia de cultivo e multiplicação de espécies medicinais, aromáticas, arbóreas e arbustivas.

A agricultora familiar Maria Eunice Borges da Silva, moradora de Várzea dos Pauzinhos, em Campo Formoso, que recebeu em sua comunidade uma casa de sementes construída pelo SASOP, conta que desde seus bisavós já existia a cultura de guardar sementes, e o projeto veio para contribuir ainda mais para este resgate e valorização da agrobiodiversidade local.

“Aqui em casa a gente guarda, através dos nossos avós, bisavós, eles guardavam também, e a gente foi aprendendo com eles, guardando em cabaças, com cinzas”, conta Maria. E acrescenta, “através do projeto Pró-Semiárido, que chegou também aqui na nossa comunidade, a gente adquiriu várias mudas, várias mudas de pau nativo”.

As guardiãs e guardiões das sementes crioulas são pessoas que preservam o costume familiar do armazenamento e reprodução de sementes vegetais e animais que historicamente estiverem presentes dentro de suas comunidades e que fazem parte de sua cultura.

Texto: Eixo Educação e Comunicação / Foto: Eixo Clima e Água