IRPAA - Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada

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01.02.2017

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Estudantes da República do Irpaa discutem saúde a partir da natureza e autocuidado

Alimento vivo, uso das plantas medicinais, a busca pelo equilíbrio corpóreo e psíquico emocional foram alguns dos assuntos presentes no diálogo entre as/os jovens moradores/as da República do Irpaa e terapeutas naturais. O bate-papo aconteceu na tarde da última segunda-feira (30), no Centro de Formação Dom José Rodrigues, com o objetivo de despertar nos/nas estudantes a necessidade da promoção do autoconhecimento, do autocuidado e sua relação com o meio ao qual estão inseridos.

A partir deste olhar holístico, a escolha dos alimentos consumidos não alimenta apenas o corpo, mas também a mente. De acordo com o terapeuta Zezinho de Mindu, saber a origem dos alimentos, o envolvimento das pessoas na sua produção, a comercialização através de mercado justo e solidário desperta sentimentos positivos nas pessoas. “Nós temos um corpo em três, um corpo físico, emocional e espiritual... Então é preciso ter um corpo energeticamente alimentado saudavelmente, é preciso ter uma emoção trabalhada, organizada e uma boa espiritualidade, eu preciso criar uma sincronicidade nesse três corpos para ter uma vida legal”, afirma Zezinho.

Acreditando nesse poder da alimentação, a estudante Jaqueline dos Santos, do curso técnico em agropecuária, defende que o ato de escolher alimentos orgânicos, oriundos da agricultura familiar, é um ato político. “A gente de família de agricultores tem essa preocupação de cuidar da terra, de produzir alimento orgânico, aquele alimento que vai fazer bem pra gente”. A estudante ainda complementa que além da qualidade dos alimentos, a agricultura familiar se preocupa com a quantidade: é preciso “ter alimentos para todos, é preciso que haja igualmente pra cada um”, pontou Jaqueline.

Medicina natural na garantia da promoção da saúde

Outra prática presente na terapia holística é o uso das ervas medicinais na prevenção e cuidados das doenças, prática transmitida de geração a geração. Para Cleonice Rodrigues, terapeuta holística, “é importante tá utilizando as ervas medicinais pra saúde, porque ela não agride nosso organismo… e a energia delas [ervas] vai alimentar nossa energia. Nós temos dois tipos de energia: a energia vital, que vem dos alimentos, do ar que respiramos, dos chás que ingerimos, e existe a energia ancestral”, esclarece. “Para ter essas duas energias em bom funcionamento têm que tá cuidado da energia vital, através dos chás e sumos”, explica Cleonice.

Na busca de manter viva essa cultura e o saber popular em sua comunidade, o estudante João José Gonçalves, do município de Canudos, vai desenvolver seu estágio a partir da Farmácia Viva existente no Centro de Formação Dom José Rodrigues e reativar uma no centro comunitário de Canudos, através do projeto “Mais Vida pra Canudos”. João pontua que o projeto “busca resgatar um grupo que existiu há 30 anos, que eram de pessoas que produziam remédios naturais... a gente já deu início ao projeto, a gente tá formando os grupos, conversando, agora estamos na fase da formação... pra depois cultivar as plantas medicinais”.

Para Aldenisse Souza, coordenadora da República, essas formações para além do debate técnico, contribuem na construção do mundo justo pelo qual lutamos através da defesa da Convivência com o Semiárido. “Precisarmos nos conhecer, cuidar da gente, cuidar da nossa saúde, do nosso corpo, do nosso emocional, pra também construir esse mundo diferente que a gente precisa. Esse mundo justo é também tá justo comigo”, afirma Aldenisse.

Texto e fotos: Comunicação Irpaa