IRPAA - Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada

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26.10.2023

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Intercâmbio entre comunidades discute Saneamento Rural e segurança sanitária das tecnologias

Melancia, limão, cana, siriguela, banana e mamão. Essas são algumas das culturas que foram incrementadas no quintal produtivo da família de José de Oliveira, conhecido popularmente como Zezinho, no Assentamento São Francisco, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), em Juazeiro-BA. A diversidade produtiva só foi possível depois de 2017, com a instalação do Bioágua familiar. Desde então, seu Zezinho, além de potencializar a produção com a água de reúso, observou que teve melhorias, principalmente, no cuidado com o meio ambiente e o trabalho de educação ambiental, compartilhado com a companheira e os dois filhos.

“Para nós foi útil essa tecnologia para estar reutilizando a água para as plantas, aumentou a produção do quintal. Foi uma questão de educação ambiental, de estar cuidando da água da cozinha, sobre o uso de gorduras, de sabão; então, foi um aprendizado muito bom, a família se envolveu nessa questão de cuidar da água que a gente usa, cuidar do meio ambiente”, destaca o agricultor.

A unidade familiar de Zezinho recebeu na manhã da terça-feira(24), a visita de agricultoras para um intercâmbio entre comunidades. A atividade contou com a participação de pessoas do próprio Assentamento São Francisco e do Assentamento Vale da Conquista, de Sobradinho, onde a agricultora Nadja Ivana Gomes também reutiliza a água na irrigação. Entre outros destaques, o momento de partilha incentivou Nadja a aprimorar as práticas no retorno ao assentamento. “Foi um momento rico, de aprendizado, de troca de experiências e eu destaco o reúso da água, porque na minha propriedade eu só utilizava em feijão, milho e capim; e, a partir de hoje, eu vi que também nas frutíferas dá certo e que consegue produzir bastante. Então, já é uma experiência que eu vou levar pra minha família”.

Outro tema evidenciado no intercâmbio foi a necessidade de compreender que é preciso fazer o manejo correto das tecnologias e o entendimento de que saneamento é um direito que deve ser garantido também para quem vive em áreas rurais. Esse último aspecto é pontuado pela coordenadora do Assentamento São Francisco, Carmem de Oliveira. Ela afirma que as tecnologias, seja o Bioágua ou o reator UASB que trata as águas totais, não chegaram para todas as famílias, mas as que têm devem “levar isso adiante; que é um direito nosso o Saneamento Rural! E, para nós, esse intercâmbio vai fazer com que a gente aperfeiçoe a nossa tecnologia e a gente só tem a ganhar com isso, com esse momento de troca”.

Uma das integrantes da equipe técnica que acompanhou a atividade, a colaboradora do Irpaa, Andressa Menezes, enfatiza que o debate proporcionou ainda o levantamento do “que pode ser melhorado, quais são os principais problemas enfrentados no uso da tecnologia (...) o que mudou a partir do recebimento das tecnologias. A gente vê que é uma tecnologia viável nas unidades produtivas que os agricultores têm e é uma tecnologia que vem dando muito certo quando o uso é feito de forma correta e o manejo também”.

O intercâmbio é resultado do planejamento feito no encontro realizado com a equipe do Irpaa que assessora famílias contempladas com tecnologias de saneamento e reúso de águas. Naquela ocasião foi discutida a necessidade e a importância desses momentos de troca de saberes entre os/as agricultores/as. Portanto, essas atividades seguem acontecendo em outras comunidades de oito municípios da região, para discutir, sobretudo, a segurança sanitária das tecnologias.

O trabalho de Ater realizado pelo Irpaa junto a essas famílias que participaram do intercâmbio e as respectivas tecnologias construídas integram as ações do projeto Pró-Semiárido, da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), do Governo da Bahia, com o financiamento do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).

Texto e fotos: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa