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Juventudes de comunidades tradicionais debatem desafios em Seminário da Região CUC

Juventudes de comunidades tradicionais debatem desafios em Seminário da Região CUC

Sob o lema "Nada sobre nós, sem nós!", mais de 50 jovens de Comunidades Tradicionais de Fundo de Pasto de Curaçá, Uauá e Canudos participaram da segunda edição do Seminário de Jovens CUC, realizado nos dias 9 e 10 de março na Escola Municipal Ivo Braga, em Curaçá-BA. O evento contou com a participação de coletivos de Juventudes dos três municípios e foi animado pelo Coletivo Cultural Galeota das Artes do São Francisco.

"O Semiárido e a Perspectiva da Juventude Rural", esse foi o tema do encontro marcado por uma diversidade de debates sobre a conjuntura política local, a defesa do território frente aos impactos da mineração e de grandes projetos, a atuação das organizações sociais e coletivos sob a perspectiva da juventude, além de rodas de conversa com a participação de representantes de organizações sociais e coletivos, que compartilharam quais trabalhos estão desenvolvendo com participação e foco no protagonismo das juventudes.

Dentre as discussões, um momento formativo com foco em questões de gênero e diversidade, e divisão justa do trabalho doméstico, foi marcado por relatos inspiradores, momento de acolhimento e muitas trocas de informações acerca de um tema que, de acordo com os/as participantes, ainda não é pautado no campo.

De acordo com a jovem Mariana Oliveira, do Coletivo de Jovens CUC, que mediou o debate, “foi um tema importantíssimo, principalmente num espaço onde a gente está trabalhando com a juventude, porque infelizmente não deveria ser, mas é ainda, o tema que não é muito discutido, muito dialogado, trazido para um espaço como esse, de discurso mesmo, de diálogo e de escuta. Foi muito bom, porque aí a gente também apresentou o conceito do que é gênero, do que é a diversidade e também tivemos a interação da juventude com o tema. Mariana destaca também que “espera que os jovens, quando retornarem para suas comunidades, continuem com o diálogo, com o discurso, tanto em conversas com parentes, ou também em outros espaços de construção”.

Mensagem reforçada pela jovem Ágata Júlia Torres, de Curaçá-BA, ao afirmar que esse é “um assunto que tem que ser bastante discutido dentro da sociedade, bastante relatado com as pessoas, para que as pessoas conheçam mais sobre o assunto, entender mais, para não haver preconceito, de certa forma até eu mesmo, nós temos esse tipo de atitude feia, e era bom as pessoas conhecerem mais sobre o assunto, esse tema, para acabar respeitando as decisões, as opiniões do próximo, e que o que a gente tem que fazer é só apoiar”.

O Seminário também foi de Planejamento Rural, onde as juventudes, através de trabalhos em grupo, construíram uma Análise das Forças, Oportunidades, Fraquezas, Ameaças (FOFA) sobre as suas realidades. A FOFA é uma ferramenta de planejamento estratégico na gestão de projetos, usada para analisar cenários e embasar a tomada de decisões.

Nesse sentido, de acordo com Mariana Oliveira, que também é liderança comunitária na Comunidade de Poço dos Potrinhos, o encontro foi “uma oportunidade muito boa, pois identificamos os jovens que têm perfis de liderança para fortalecer essa luta nos jovens que têm perfil nas comunidades, para que possamos discutir novas estratégias e temas a serem abordados em outros momentos”.

A análise de conjuntura, realizada de forma coletiva e facilitada por Pablo Montalvão, militante do Movimento Popular pela Soberania na Mineração (MAM-BA), trouxe à tona a percepção da juventude sobre seus territórios e os desafios enfrentados pelas comunidades. Discussão que chamou a atenção da jovem Jaqueline Santos, da Comunidade Tradicional de Fundo de Pasto Barra da Fortuna, em Uauá-BA, que destaca que, em sua comunidade, essa discussão ainda não é feita pela juventude e assume: “Eu, mesmo por mim, gostaria que os mais jovens se empenhassem nisso e tivessem o conhecimento”, declarou.

Um dos momentos mais participativos do evento foi a discussão das dificuldades enfrentadas pelas comunidades representadas pelos/as jovens presentes. As trocas de experiências e a busca por soluções concretas revelaram a força e a determinação dessa juventude em enfrentar os obstáculos que se apresentam em seus cotidianos.

Para a jovem Ágata Júlia Torres, “poder ouvir as pessoas trazerem os relatos de onde vêm, das comunidades, as coisas boas e as coisas ruins, pois eu não estava por dentro das coisas negativas que vinham acontecendo com as pessoas. Não imaginava isso, e foi muito importante eu participar, ouvir um pouco mais, estar por dentro dos assuntos", declarou a jovem que, incentivada pela mãe, participou pela primeira vez de um espaço formativo construído e organizado pela e para a juventude.

Ao final do evento, a juventude apresentou uma carta com uma série de reivindicações ao poder público dos três municípios para que a juventude das comunidades tradicionais tenha acesso digno à educação pública de qualidade, saúde nas comunidades, infraestrutura nas estradas, além de acesso à água e políticas de Convivência com o Semiárido, como trabalho de assessoria técnica e oferta de cisternas, além de acesso ao emprego e renda. Ao som de palavras de ordem “Juventude que ousa lutar, constrói o poder popular”, o Seminário de Jovens CUC encerrou com um sentimento de união e esperança, reforçando o compromisso desses jovens em transformar suas realidades a partir da organização social e construir um futuro mais justo e sustentável para suas comunidades e para o Semiárido brasileiro.

Texto e fotos: Eixo de Educação e Comunicação do Irpaa.
 


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