IRPAA - Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada

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23.09.2015

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Coletividade e tradições fortalecem organização do Povo Tuxi de Abaré

Os povos indígenas Tuxi, que em 2013 fizeram a reconquista de suas terras no município de Abaré (BA), mantém vivos costumes dos seus antepassados, a exemplo dos rituais, modo de organização, crenças, artesanato, entre outros elementos próprios da cultura indígena.

No espaço hoje chamado de “terreiro sagrado”, foram construídas casas, espaço para eventos sociais, local para dança do toré, além da casa da cultura e de uma cozinha coletiva. Cerca de 250 famílias hoje se organizam para manter uma rotina de ocupação do espaço e de realização das atividades coletivas como reuniões, festejos e para garantir a alimentação na aldeia que é viabilizada a partir de arrecadação de contribuições dos/das aldeados/as e de uma escala diária de trabalho.

O artesanato é outro elemento ainda bastante presente entre o povo Tuxi. As vestimentas e acessórios usados nos momentos coletivos na aldeia, bem como alguns artefatos domésticos são confeccionados a partir de matérias-primas encontradas na região, como a fibra do caroá, o cipó e o barro.

A participação da juventude também se destaca na aldeia, sendo inclusive a associação presidida pelo jovem Alessandro Tuxi. Para assumir o papel de liderança é preciso “ter compromisso e conhecimento sobre a nossa tribo por conta que precisa bastante, principalmente dos jovens, para o crescimento da nossa aldeia, pra dar continuidade ao que nossos antepassados começaram”, explica uma das lideranças jovens, Luciana Maria dos Santos. “Nós temos que ter interesse porque nós estamos nessa luta”, reforça.

Tudo isto faz parte da identidade indígena que tem se fortalecido ao longo dos anos, a partir da discussão acerca da importância do auto-reconhecimento como algo essencial na luta pelos direitos dos povos e comunidades tradicionais. Desde a reconquista do território Tuxi, as famílias vem buscando acessar as políticas públicas existentes para os povos indígenas, o que vem sendo feito através da Associação e de diversas ações de reivindicação.

Recentemente, uma manifestação realizada na BR 116 pretendia chamar atenção dos governos para a retomada do processo de regularização fundiária que encontra-se parado no momento e para necessidade de serviços básicos de saúde, abastecimento de água, educação, entre outros direitos ainda ausentes na aldeia. Paralelo a isso, documentos serão entregues aos órgãos competentes em Brasília.

O Cacique Alcindo Feliciano diz que a aldeia não conta com o apoio do poder público local, pois “o município ignora a gente, dizem que nós somos supostos índios... na verdade já somos reconhecidos, primeiramente quem tem que nos reconhecer somos nós”, opina o Cacique informando que a Funai faz um acompanhamento mínimo e outros órgãos vem se aproximando no sentido de reconhecer a comunidade tradicional.

“Nosso povo no passado sofreu um genocídio e foi aqui nessas terras, no nosso terreiro sagrado (...), estamos buscando não só o nome Tuxi, mas toda a crença, a história, os rituais, os artefatos, nós estamos lutando agora por nosso território”, expressa a liderança indígena reafirmando a importância de resgatar a identidade do povo Tuxi que sofreu um massacre histórico e com isso muitos elementos da cultura se perdeu ao longo das gerações.

Texto e fotos: Comunicação Irpaa