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Jovens visitam experiências de Turismo de Base Comunitária e Educomunicação para crianças no Ceará

Jovens visitam experiências de Turismo de Base Comunitária e Educomunicação para crianças no Ceará

“(…) Alguma coisa me diz
Que essa casa é a minha
Nossa casa é tão bonita”.

Este é um trecho do hino da Fundação Casa Grande-Memorial do Homem Kariri, em Nova Olinda-CE, que há mais de 30 anos proporciona a crianças, jovens e seus familiares uma formação social e cultural, através das vivências na própria comunidade. Uma casa azul que encanta e acolhe a meninada do município, tornando-se parte da família de todos e todas que vivem ali. “Quando eu venho pra Fundação eu sinto muita felicidade, porque é um lugar que eu gosto muito, como se fosse a minha segunda casa. E aqui, eu tenho muitos amigos, amigas, tenho como se fosse a minha segunda família. Eu gosto muito de vir pra cá todos os dias”, declara a adolescente Ana Luiza, de 14 anos, que participa da Fundação desde os 9 anos de idade, e atualmente, é a gerente da Biblioteca Infanto-Juvenil.

Este espaço que transforma vidas e proporciona às crianças, adolescentes, jovens e toda à comunidade o papel de protagonistas das suas aprendizagens e histórias, foi uma das experiências visitadas por representantes de coletivos das juventudes indígena, quilombola, Fundo de Pasto e crianças e adolescentes da periferia urbana durante intercâmbio realizado entre os dias 21 e 22 de novembro, na Chapada do Araripe, que teve como proposta conhecer vivências de Turismo de Base Comunitária e Educomunicação.

A Fundação Casa Grande é um projeto social, sem fins lucrativos, composta por Museu do Homem Kariri, Gibiteca, Galeria de Arte, Biblioteca Infanto-Juvenil, Biblioteca de pesquisa, Laboratório, Dvdteca, Sala de Cinema, Laboratório de Rádio, Laboratório de TV, Laboratório de Arqueologia, Parque, Restaurante, Ponto de comercialização de lembrancinhas, além do Teatro Violeta Arraes-Engenho de Artes Cênicas, espaços gerenciados por crianças. Assim, a Fundação “desenvolve a partir da Arqueologia Social Inclusiva, um projeto de inclusão e distribuição de renda das crianças e seus familiares, dentro da proposta de uma gestão participativa, dando protagonismo às infâncias dessa cidade com gestão cultural, vivência a partir de museologia, arqueologia e turismo comunitário. A gente tem transformado a nossa comunidade”, conta o integrante do programa de Turismo Comunitário da Fundação Casa Grande, Júnior dos Santos.

A Educomunicação, que propõe uma intervenção a partir da educação para a mídia; uso das mídias na educação; produção de conteúdos educativos; gestão democrática das mídias, dentre outros, também é algo muito forte na Fundação Casa Grande e está interligada ao Turismo de Base Comunitária como explica Júnior: “A gente tem desenvolvido um trabalho desses meninos produzirem conteúdos digitais para a Casa Grande, levando para comunidade uma proposta de como a gente trabalhar a nossa educação patrimonial, a valoração dos nossos saberes e fazeres que deságua no Turismo Comunitário, onde está o protagonismo dessas gerações dentro de um contexto em que a comunidade é o principal ator. São as pessoas que vão contar as suas próprias histórias”.

Sobre essas propostas, o jovem Luiz Eduardo Ferreira, integrante do grupo Carrapicho Virtual, no Vale do Salitre, em Juazeiro, destaca que o fato das crianças estarem envolvidas em todos os processos de gestão e produção da Fundação foi o que mais lhe chamou a atenção. “As crianças estão em todo o processo de construção. Elas que decidem o que vão fazer, e que fazem todo o planejamento (…) Quando você vê a participação das crianças sem nenhum adulto por perto pra dizer o que fazer, e isso partir somente delas, foi muito interessante pra mim”.

Sobre o Turismo de Base Comunitária, os jovens puderam vivenciar como acontece, a partir da hospedagem nas pousadas familiares, alimentação e visitas aos museus orgânicos, ideia criada pela Fundação Casa Grande como forma de possibilitar a permanência das pessoas e dos saberes no seu lugar de origem. Em Nova Olinda, foi possível visitar três tipos de museus orgânicos, o Museu Oficina, como é o caso do Museu do Ciclo do Couro, no Ateliê do Mestre Espedito Seleiro; o Museu Casa de Antônio Jeremias Pereira, residência na qual nasceu a emancipação política do município de Nova Olinda e o Museu Casa Oficina, onde Dona Dinha tece redes manualmente, com fios de algodão, no quintal de sua casa, local que se faz morada de saberes construídos a partir dos seus fazeres das mãos ágeis de Dona Dinha.

Em relação a vivência do Turismo de Base Comunitária, Eduardo planeja levar algumas ideias para inserir na sua comunidade, que já realizou uma experiência piloto de Turismo Rural de Base Comunitária. “Agora que vimos como é feito o trabalho das famílias, toda a questão de estrutura das casas, recepção, rota turística. Agora é voltar pra lá, bolar as ideias e poder fazer um trabalho com as coisas que temos lá no Salitre”, projeta o jovem.

Também sobre o Turismo de Base Comunitária, a jovem comunicadora Carla Dias, da comunidade Campos, no distrito de Maniçoba, em Juazeiro, disse: “achei muito interessante, acho que é uma coisa que a gente pode sim levar para a comunidade. (…) As pessoas que moram dentro da comunidade é que fazem esse trabalho de recepcionar as pessoas que veem de fora (…). Acredito eu, que dá uma credibilidade, uma visibilidade para a comunidade (…). A forma como eles recebem a gente é diferente, tem toda uma história de família, contam as histórias pra gente, partilham como é o dia a dia deles, e isso é muito interessante”.

Além da Fundação Casa Grande e dos museus orgânicos, os jovens puderam conhecer a Agro Floresta no Sítio Escola Zé Artur, em Nova Olinda; e também o Museu da Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, a Casa das Mulheres Rendeiras e o Complexo da Menina Benigna, em Santana do Cariri. Conhecer essas experiências faz perceber o quanto a educomunicação transforma realidades, tornando as pessoas protagonistas de suas vidas e do potencial, história, cultura, paisagens naturais que as comunidades rurais têm, podendo se tornarem roteiros turísticos, de modo a valorizar a comunidade, seus moradores/as, manter viva a memória local, além de movimentar a economia popular e solidária.

Texto e foto: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa


 


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