IRPAA - Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada

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07.01.2016

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Capacitação busca fortalecer o papel dos pedreiros como multiplicadores da proposta de Convivência com o Semiárido

Ao longo do processo da implementação das tecnologias sociais, os pedreiros convivem diretamente com as famílias beneficiadas. Para potencializar esse momento de interação entres as famílias e os construtores das cisternas, a capacitação de pedreiros realizada pelo projeto Mais Água, no município de Campo Formoso, aprofundou o debate da proposta de Convivência com o Semiárido. No intuito de contribuir na formação dos pedreiros como agentes multiplicadores da proposta, o curso começou nesta quarta (06) e vai até o próximo dia 15, com discussões teóricas e oficinas práticas de construção das cisternas de produção na comunidade de Patos I, interior do município.

O primeiro momento da capacitação foi facilitado por André Rocha, colaborador do Irpaa, que conduziu a discussão teórica a partir da reflexão das características da região semiárida e a necessidade de compreender suas especificidades, pontuando que os longos períodos de estiagem na região são previsíveis e que as famílias rurais do Semiárido não sofreriam seus impactos se as políticas públicas voltadas para região fossem baseadas em ações estruturantes e não emergências.

A garantia do acesso à água, à terra, a criação de animais adaptados a região e a produção, armazenamento e beneficiamento de produtos da Caatinga são ações que junto com programas e projetos vêm melhorando a qualidade de vida do povo sertanejo. André ressalta que “o acesso à terra deveria ser a primeira bandeira de luta dos movimentos e organizações sociais”, complementando que algumas famílias no sertão não tem terra para construir as tecnologias sociais de captação e armazenamento de água da chuva.

Toda essa formação aprofundada é para qualificar o trabalho dos pedreiros, além de valorizar a sua atividade dentro do projeto e despertar os mesmos para o seu papel social, pela luta de uma vida digna no sertão. “A gente não quer só que eles trabalhem a construção da cisterna em si, mas converse com as famílias, com as comunidades, com o grupo sobre a finalidade dessas tecnologias”, diz André Rocha.

Para o pedreiro Anselmo Lima dos Santos, que já tem experiência na construção de cisternas de consumo humano, esse momento de formação vai contribuir no diálogo dele com as famílias, principalmente no trabalho de conscientização da preservação da água. Já o pedreiro Adeildo da Silva, destaca que a profissão de construir cisternas tem sido uma oportunidade de trabalho para homens da região, além do trabalho contribuir para a segurança alimentar dos/das agricultores/as, “cada família com um bom armazenamento de água pode plantar uma horta, criar uma galinha e não vai faltar água pra dar ao animal”.

O Pedreiro Luís Fernando Souza, há dois anos ajuda na formação de novos pedreiros, desenvolvendo o papel de instrutor durante as capacitações, onde novos pedreiros aprendem o passo a passo da construção das tecnologias sociais e se orgulha de está ajudando a mudar a vida dos/das agricultores/as. "No momento que você recebe a tecnologia, aquela família vai tá passando a cultivar hortaliças e vai melhorar na alimentação da própria família e na renda mensal, pois vai tá produzindo e podendo vender", pontua Luís, que afirma ainda ter modificado o seu modo de enxergar e valorizar o Semiárido. Outro ponto positivo abordado pelo instrutor é a oportunidade de conhecer novos lugares e costumes, através dos intercâmbios.

No município de Campo Formoso o projeto Mais Água irá construir 133 cisternas de produção e 55 barreiros trincheiras, beneficiando diretamente 188 famílias, que além de receberem as tecnologias também participaram de formações voltadas para Convivência com o Semiárido.

Texto e Foto: Comunicação Irpaa