IRPAA - Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada

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17.03.2015

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“Crise hídrica: falta água ou gestão?” é tema de debates em Escolas do Sertão São Francisco

Em comemoração ao Dia Mundial da Água, organizações do Território Sertão do São Francisco estão realizado atividades durante os dias 16 a 22 de março, em diversos espaços da região. Em Juazeiro, uma dessas atividades foi o seminário temático que aconteceu com estudantes do Centro Territorial de Educação Profissional - Cetep, no auditório da Universidade do Estado da Bahia - Uneb, na manhã dessa terça- feira (17).

“Crise hídrica: falta de água ou gestão?” é o tema provocativo da semana da água, levando a população a refletir sobre a crise como um problema político. “Para debater a falta de água é preciso discutir a questão histórica, social, o acesso a terra e política”, afirma a professora Gizelia Barbosa. Durante todo o debate em tom reflexivo as/os estudantes dos cursos de agricultura, agropecuária, informática e edificações, foram questionados/as acerca da importância da água para seus cursos e para a vida.

O facilitador Diego Albuquerque, colaborador do Irpaa, pontua que é preciso compreender que hoje a água é uma mercadoria. Também foi abordado que todo esse debate em relação à crise hídrica só foi pautado pela mídia após os problemas de acesso à água em São Paulo, reconhecendo que há um claro interesse dos grandes meios de comunicação em transmitir o discurso de que os grandes consumidores de água são as residências, enfatizando que é preciso economizar no dia a dia da população. Na discussão com estudantes e educadores/as, no entanto, foram apresentados dados referente ao grande consumo de água por setores como o agronegócio e a indústria, o que aparece superficialmente ou não aparece na mídia local e nacional. “Precisamos ter cuidado com a televisão, quais as intenções estão expostas naquelas reportagens, precisamos ter uma visão crítica para não ser boneco de manobra”, pontua Gizelia.

Os/as estudantes se manifestaram falando sobre diversos motivadores da crise hídrica, como a má distribuição e gerenciamento de água, a falta de conscientização no uso da água, a desinformação. Uma estudante ainda pontua a necessidade de desmistificar que a falta de chuva e água é um castigo de Deus, mas sim uma consequência das intervenções humanas. Para Clara Larissa “é questão de gestão, eles pensam mais em dinheiro do que na falta de água... no desperdiço de água. Na agricultura os tipos de irrigação faz com que as águas se desperdicem, a irrigação de gotejo é muito eficiente porque utiliza pouca água”, afirma a estudante.

Outra questão abordada foi a relação entre a crise hídrica e o saneamento básico. Jamille Dantas, colaboradora do Irpaa, comentou da necessidade da população participar da construção do Plano de Saneamento Básico de seu município, pois há uma grande contaminação dos rios e mananciais, devido a ausência de tratamento de esgoto.

Depois do debate surgiram algumas proposições, a exemplo de construir uma cisterna na escola, de realizar intercambio no centro de formação do Dom José Rodrigues, no Irpaa, para debate a respeito das práticas de Convivência com o Semiárido, buscar parceria com organizações de jovens para trabalhar a formação política das/dos estudantes, entre outras estratégias para manter o Cetep envolvido na luta por uma qualidade de vida digna, que garanta o acesso a água de qualidade e de forma justa.

Os seminários continuam acontecendo nas escolas Codefas, Colégio Modelo, além de escolas da área rural de Juazeiro, até sexta, dia 20. Nos demais municípios do Território também está havendo trabalho com as escolas, além de intervenções teatrais, caminhadas, etc.

Texto e foto: Comunicação Irpaa