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Apicultores/as de Pilão Arcado participam de formação sobre manejo de colmeias

Apicultores/as de Pilão Arcado participam de formação sobre manejo de colmeias

No período anual de estiagem no Semiárido, que geralmente ocorre entre os meses de julho e novembro, as abelhas costumam migrar para outros espaços em busca de alimentação, o que, muitas vezes, causa transtornos nas cidades e prejuízo para os apicultores. Com apenas uma semana sem alimentação, um enxame pode perder até 50 mil abelhas, de um total de aproximadamente 80 mil.

Uma técnica muito simples é capaz de amenizar consideravelmente este “problema”. Basta colocar alimentos para os enxames. Isso pode ser feito com plantas que os/as apicultores/as encontram na propriedade ou no entorno, a exemplo da leucena, mandioca e moringa, fontes de proteínas que podem ser trituradas e peneiradas. Além disso, é preciso disponibilizar alimentos energéticos, que geralmente são preparados com açúcar, rapadura ou cana de açúcar.

Esses assuntos foram abordados em uma formação técnica e prática, realizada com cinco famílias apicultoras na comunidade Baixão do Anselmo, no município de Pilão Arcado-BA. As atividades aconteceram na última quinta-feira (4) e marcaram o encerramento da primeira etapa de um projeto de assessoria técnica realizado com 20 famílias de Baixão do Anselmo.

Os/as apicultores/as assessorados/as são também agricultores/as familiares que encontraram na produção do mel, uma oportunidade de melhorar a renda. A maioria já está nesta atividade há mais de 20 anos e cada família têm em média mais de 30 caixas. Entre eles/as está o apicultor, Manoel Joaquim de Carvalho, criador experimentador que tem a prática de dar alimentos para 60 enxames. O produtor observou que estava perdendo colmeias no período da estiagem e passou a colocar água, xarope feito de açúcar e algaroba. Isso resultou em uma migração menor. “Às vezes as abelhas iam embora quase tudo. Ano passado perdi uns 20%, dando alimentação. Um colega meu que não deu nada perdeu 90%. Então, a única solução neste período de seca é alimentar elas, porque se não tem comida, vai pra onde?”, questiona.

Da mesma forma, a apicultura Fátima Maria Soares, já havia constatado a necessidade de alimentar as colmeias. Na formação, ela aprendeu outras possibilidades. “Elas iam [embora] por falta de alimentação, mas a gente começou a fazer e tá dando certo. Já fiz do milho e garapa de açúcar. Eu vi a Maria de Fátima [colaboradora do Irpaa] ensinando a alimentação feita com leucena e moringa, foi muito bom, aprendi e posso fazer com minhas abelhas”, destaca.

Além dos ensinamentos sobre a alimentação, aconteceu a troca de experiências para evitar predadores. O apicultor Antonio Bastos compartilhou, por exemplo, uma técnica para evitar o ataque de pragas. Ele utiliza uma técnica com canos de PVC na base dos cavaletes, para evitar as formigas. “Sofri muito aqui com ataques dos insetos à colméia, perdi vários enxames dessa forma. Com o tempo, a gente aprendeu a combater o inseto. (...) A forma de alimentar para o enxame não ir embora. Tem que ter esses cuidados, tanto alimentação, como a prevenção de insetos. A gente agradece por cada dia aprender mais, essa oficina foi de grande importância. Muitas coisas a gente não sabia e a gente vai trocando experiência um com o outro”, ressalta Antonio.

Os/as participantes aprenderam ainda dicas de como posicionar as caixas; como realizar a limpeza; como preparar e testar os alimentos com as colmeias e formas de evitar predadores, a exemplo da troca das placas de cera.

Após as discussões e troca de saberes, teve um momento de ir até as caixas com as colmeias na propriedade do Manoel Joaquim para ver os ensinamentos na prática. “Foi muito bom, a gente foi lá no apiário fazer o manejo, colocar a pasta. Eu não fazia daquele modo, achei muito bom e vou fazer o que vi hoje e dar continuidade”, destaca Risomar Nunes, que começou a criação há pouco mais de sete anos.

Este tema sobre a alimentação e o controle sanitário das pragas foi escolhido pelo/as apicultores/as. Os conhecimentos são essenciais, porque “Quando chegar o período chuvoso, que é conhecido aqui como período de inverno, eles vão conseguir desenvolver essa atividade com muito mais produtividade. Se eles conseguirem manter o enxame, não vão precisar estar capturando no período que começar a chover”, afirma a colaboradora do Irpaa, Maria de Fátima Ribeiro. Ela ressaltou ainda que isso impacta consideravelmente na produtividade, devido ao tempo que se ganha. Quando a caatinga estiver no período de floração, ao invés de ainda coletar os enxames ou esperar a reprodução, as abelhas já começam a produção do mel.

Na segunda fase deste projeto, assim como na primeira, os temas serão abordados conforme as solicitações feitas pelo/as agricultores/as assessorados/as, com formações técnicas, mas coletivas, “com mulheres, sobre comercialização, fortalecimento da organização social. Etapa que vamos discutir em atividades de 8 horas, outras de 16 horas, em intercâmbios, trabalhos de grupo. Estamos com uma expectativa muito positiva. Uma vez escutado e orientado no individual, a gente aprofunda agora no coletivo”, pontua o colaborador do Irpaa e coordenador do projeto, Alessandro Santana.

Essas atividades recebem o apoio do Estado da Bahia e tem como um dos objetivos o fortalecimento de iniciativas produtivas agroecológicas.

Texto e fotos: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa 


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