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Educação, juventude e Convivência com o Semiárido

Educação, juventude e Convivência com o Semiárido

Jovens despertam para o bem viver no Semiárido a partir do ingresso na República do Irpaa

“Ser Jovem do Semiárido é um compromisso grande”, relata a mais nova estudante da República do Irpaa. Para a jovem Geziane Santos, moradora da comunidade de Andorinha, em Sento Sé-BA, esse compromisso está em compreender o Semiárido e suas especificidades geográficas, econômicas, ambientais e culturais e contribuir para romper com o falso discurso que ainda persiste em retratar o Semiárido como um lugar inviável ou do atraso.

Do ponto de vista da jovem Ísis Valéria Lima, da comunidade Sangradouro, interior de Sobradinho-BA, que reside há três anos na república, a juventude das comunidades rurais ainda não conseguiu, na sua totalidade, quebrar os estereótipos criados em relação ao Semiárido e isso se deve muito ao papel dos grandes veículos de comunicação e a educação descontextualizada. “Nós estudamos e estamos mais cientes da região que não é a nossa, nós não aprendemos sobre nossa região, nós estudamos algo que é fora do nosso contexto”, argumenta a jovem, que defende a educação contextualizada como um caminho para ajudar na construção de uma nova forma de ver e se relacionar com o Semiárido.

Ísis, que chegou na república para estudar o curso técnico de meio ambiente e hoje está na universidade, defende que o processo educativo presente na república contribui de maneira significativa para enxergar a biodiversidade, as culturas, os povos, os saberes e sabores que compõem as riquezas presentes no Semiárido. “Ao chegar aqui [república] eles vão ter acesso a formação humana, política, ambiental, porque a gente compreende que acesso à educação não é só acesso à escola, ao livro, em si, mas ao livro que lê o mundo e ao mundo que precisa ser mudado a partir de educação libertadora”, exemplifica Aldenisse Souza, coordenadora da república.

Este ano, o Centro de Formação Dom José Rodrigues recebeu 7 novos estudantes. Em sua maioria vindos da zona rural, são filhos de agricultores/as e agricultores/as, dispostas/os a viabilizarem mudanças para o seu lugar de origem a partir do acesso à educação e se tornarem também defensores da proposta de Convivência com o Semiárido. “Antes de chegar no Centro de Formação, eu nem conhecia o que era Convivência com o Semiárido, porque na escola formal a gente não estuda isso, então, a partir do momento que eu chego aqui eu conheço a realidade do Semiárido e as várias alternativas de conviver com esse clima... eu posso voltar para comunidade e ajudar o povo com esses conhecimentos que adquiri nesses espaços”, declara o jovem Dione Tuxi, do município de Abaré. Esse também é um dos anseios de Geziane, compartilhar os conhecimentos adquiridos na república com os demais jovens da comunidade, além de animar a juventude para ingressar nos projetos desenvolvidos no seu território.

Em sinergia com Dione e Geziane, Isis expressa que o acesso à educação contextualizada e libertadora presente no Irpaa despertou nela a necessidade de “levantar a bandeira da viabilidade, da convivência apropriada (...) também ajudar a fortalecer os laços comunitários, a questão do comprometimento com o coletivo, com a comunidade”, argumentou a jovem. Essa construção ou reconstrução das relações comunitárias, da convivência entre os povos e natureza é uma das bases das formações da república.

Segundo Aldenisse, a juventude chega na república com o objetivo de estudar para melhorar sua qualidade de vida e da família, porém, o processo formativo e a troca de experiências com as diversas realidades do Semiárido, apresentadas pelos os demais jovens modificam essa realidade. “Quando eles chegam aqui, percebem que para ter uma vida melhor,  vão precisar pensar que o melhor não é só para elas e eles (...) vão entendendo que tá tudo interligado, que meu bem-estar, não pode ser só meu, ele tem que ser da outra pessoa, isso inclui também [bem-estar] da natureza, do riacho, da Caatinga, da terra, assim eles ampliam a visão do mundo”, declara Aldenisse.

Desde a década de 1990 o Irpaa desenvolve esse trabalho junto à juventude do Semiárido. As/ Os jovens moram no Centro de Formação Dom José Rodrigues e estudam cursos técnicos ou cursos superiores nas universidades da região. Atualmente a república conta com 16 jovens, oriundos dos Territórios de Identidade Sertão do São Francisco, Sisal, Piemonte Norte do Itapicuru e de Itaparica. Durante o período de residência na república elas e eles participam de diversas formações realizadas pela equipe da instituição e parceiros, além de desenvolver atividades ligadas à caprinocultura, fruticultura, horta, apicultura, compostagem, pastagem, beneficiamento entre outras temáticas que compõem as práticas da Convivência com o Semiárido.

Ao longo de sua existência a república colaborou na formação de mais de 150 jovens de diversas regiões do Semiárido. Hoje, essas mulheres e homens estão espalhados pelo Semiárido, ajudando a pensar e construir políticas públicas que viabilizem o bem viver na nossa região, a partir de um desenvolvimento sustentável que integra todas as dimensões da vida das pessoas e à natureza. Essa ação do Irpaa conta com apoio dos grupos de solidariedade da Alemanha e Áustria.

Texto: Eixo Educação e Comunicação / Foto: República Irpaa

 


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