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Encontro em Remanso debate sobre uso da Caderneta Agroecológica

Encontro em Remanso debate sobre uso da Caderneta Agroecológica

Mulheres, reencontro pós pandemia, emoção e troca de experiências. Assim, foi o clima da atividade que reuniu mulheres do Território Sertão São Francisco, com a proposta de ouvir às agricultoras a partir do uso da Caderneta Agroecológica, visando melhorias e atualizações para essa ferramenta. A Caderneta Agroecológica tem ajudado na sistematização da produção dessas agricultoras a dar visibilidade ao trabalho das mulheres na produção e geração de renda na agricultura familiar.

As mulheres são fundamentais no processo de Convivência com o Semiárido e a facilitadora do encontro Letícia Jalil, professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco, integrante da coordenação do GT de mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia – ANA, revela “escutar as mulheres, escutar a assessoria técnica e entender como a gente consegue a partir dessa assessoria técnica qualificar o trabalho das mulheres, fortalecer processos que contribuam para um projeto de desenvolvimento rural que seja com equidade de gênero, que seja sem racismo, que seja sem violência contra as mulheres, um processo de desenvolvimento sustentável que reconheça as mulheres como sujeitos e não como beneficiárias, que tenha recursos específicos para crédito, fomento, formação (...)”.

O empoderamento feminino foi o principal desdobramento a partir do uso da caderneta, através dessa ferramenta, as mulheres passaram a reorganizar sua produção, conseguir visualizar o quanto era produzido, a importância do seu trabalho dentro da casa e na renda familiar. Muitas mulheres passaram a comercializar e perceber o quanto a produção afeta diretamente na redução de consumo de produtos externos, diminuindo assim às despesas.

Ana Paula dos Santos da comunidade de Vila Aparecida, em Remanso, ressalta “Eu já plantava as coisas, mas não tinha tanta experiência como depois da caderneta. A minha experiência dobrou e é muito bom”. Edna Alves dos Santos, da comunidade da Pimenteira, em Remanso, também apresenta sua experiência com a produção de alimentos, “(...) era menos, só para o consumo, não vendia”. A caderneta trouxe a inserção dessas mulheres ao mercado de trabalho, à comercialização, hoje fazendo a gestão não só de sua própria produção, mas de sua renda. A percepção de quais produtos são mais consumidos ajuda na organização da produção, de acordo com a sua venda. Antônia Melo de Andrade, do MST da região do Norte, Sobradinho, diz “Eu planto uma coisa esse mês e não deu lucro, aí eu já não planto mês que vem, planto outra coisa”.

As experiências agroecológicas reveladas reafirmaram o protagonismo da mulher no Semiárido, afetando diretamente na economia dessas agricultoras, dentro de suas casas, redesenhando o modelo econômico dessas famílias. “Sem contar que antes quando a gente precisava comprar alguma coisa ia pedir ao marido, dependia do [programa] Bolsa Família. Agora, sempre quando eu quero ir pro lugar, eu digo, eu vou, não precisa pedir dinheiro marido pra pagar passagem, pra gastar, quando eu quero comprar uma coisa não tem disso de marido, porque eu também tenho a horta, tenho a cisterna calçadão e aí tenho meus lucros”, exemplifica Edna.

A Caderneta Agroecológica contribui para o protagonismo, autonomia e independência financeira, sendo um elemento importante na luta contra o patriarcado. Beth Siqueira, assessora de gênero do projeto Pró-Semiárido destaca que “Esse processo de sistematizar cotidianamente a sua produção leva a mulher a entender, a compreender e a se conscientizar do seu valor, da sua produção, da sua renda familiar que é gerada (...), elas conseguem ter um processo de autogestão, isso é muito rico (...)”. As formações, os diálogos, as rodas de aprendizagem para além da utilização da caderneta, tem contribuído com a autoestima dessas mulheres através do processo de autogestão.

Ednei dos Santos Antunes, agente comunitário rural (ACR) do território Umbuzeiro do Sertão, relata que as mulheres “consomem, vendem, e ainda têm umas que até brincam que quando chega o final do mês ainda conseguem tirar um lucro maior que o do próprio marido trabalhando na roça (...)”. A conquista de se perceber na economia do lar, além das atividades domésticas fortalece o processo de empoderamento das agricultoras.

O espaço participativo construído na feira é outro ponto importante a ser destacado. A colaboradora do Irpaa, Tainá Santos Araújo Ferreira, ressalta que “têm agricultoras que comercializam na feira, mas que o produto não é só dela. Então, a Caderneta Agroecológica já ajuda com que ela visse a importância de administrar o dela e também administrar os das outras agricultoras que mandam os produtos”. Essa ação fortalece o trabalho em rede, a coletividade, a solidariedade, elas vão se ajudando, empoderando umas às outras, através da troca de experiências e vivências nesses espaços.
Essa iniciativa de escuta das agricultoras juntamente com as/os técnicas/os permite o aprimoramento das Cadernetas Agroecológicas a partir de quem as utiliza, demonstrando o quão sensível tem sido o desenvolvimento desses projetos e é fundamental para o processo de fortalecimento da Convivência com o Semiárido, redesenhando as estruturas patriarcais existentes através do empoderamento feminino.

Essa ação faz parte do projeto Pró-Semiárido executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), mediante acordo de empréstimo entre o Governo da Bahia e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida).

Texto e foto: Eixo Educação e Comunicação

 


 


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