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Convivência sustentável com o Semiárido: trajetórias reveladas pela Ater

Convivência sustentável com o Semiárido: trajetórias reveladas pela Ater

O carro passa, a poeira levanta do chão de terra e se junta com as árvores do caminho. O sol forte dá o tom de uma paisagem fortemente associada com a seca e biodiversidade características. A vida corre solta e a convivência produtiva na caatinga é cada vez mais real. O Bioma Caatinga, caracterizado pela biodiversidade adaptada às altas temperaturas e à escassez de água, no Nordeste brasileiro, ocupa uma área de mais de 800 mil km². De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, atualmente, 70% da população baiana vive em região semiárida.

Na Bahia, no município de Juazeiro, encravado na região semiárida, em pleno polígono das secas, norte do Estado, Território de Identidade Sertão do São Francisco, encontramos bons exemplos dessa convivência sustentável com o semiárido.

Na comunidade rural Lagoa do Boi, o conhecimento dos agricultores foi aprimorado com a chegada do serviço de Assistência Técnica e Extensão Rural – ATER, realizado pela Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural – BAHIATER, órgão vinculado 24 à Secretaria de Desenvolvimento Rural – SDR, através de parceria com o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada – IRPAA, entidade selecionada pela Chamada Pública ATER Sustentabilidade.

 

A assistência técnica chegou na região com o objetivo de auxiliar os agricultores eagricultoras com as produções existentes e compartilhar experiências com o semiárido, atuando na melhoria produtiva. A pecuária, plantio de forrageiras e outras adaptadas ao clima são fatores preponderantes para conviver no semiárido. “Criar animais que se adaptam melhor, que bebam menos água, que sejam produtivos com forragens. Entre outras ações, o serviço de ATER contribui fazendo cálculos de quantos animais podem ser criados naquela área, orientando o agricultor na opção por animais que consomem menos água, como os caprinos, que são mais seletivos e degradam menos a caatinga”, destaca André Luís Pereira, veterinário e coordenador da chamada pública ATER Sustentabilidade no IRPAA.

Os técnicos do IRPAA incentivam com sucesso o reúso das águas cinzas (águas residuais não industriais e derivadas de processos domésticos). “Na propriedade de Tito (José Ailton Ferreira, agricultor familiar da comunidade rural Lagoa do Boi), o reúso das águas cinzas é de 500 litros por semana, podendo irrigar 500 plantas, gerando cinco toneladas de palma por corte anual”, relata Josemário da Silva, técnico do IRPAA.

AS CRIAÇÕES

José Lindomar Nunes, agricultor familiar de Cipó, comunidade rural de Juazeiro, possui em sua Unidade Produtiva Familiar (UPF), um plantel de 35 animais entre bodes e cabras. Entre as cabras de leite, algumas chegam a produzir de 5 a 7 litros por dia. O volume dessa produção garante ao produtor rural mais de R$2.000,00 por mês, afinal “leite é igual a pão, tem venda de domingo a domingo”, compara. O serviço de ATER orientou e estimulou o processo produtivo, principalmente em relação ao manejo sustentável para garantir a segurança alimentar do rebanho em tempos de estiagem.

Outra atividade da região, é a criação de aves, em especial galinhas caipiras de corte ou de postura, um dos horizontes produtivos para agricultores familiares que vivem no semiárido e com retorno financeiro rápido e garantido. “Antes a gente criava galinha só para consumo, depois despertamos que poderíamos ganhar dinheiro também. Com a assessoria técnica conseguimos transformar a forma de ver as coisas, agora estamos com uma vida mais digna e confortável”, afirma Cleidiane Alves, filha de Dona Irene da Silva, que juntas cuidam do galinheiro no quintal produtivo, que fica na Lagoa do Jacaré, comunidade rural de Juazeiro. No local, o foco maior é a de postura, que de acordo com a alimentação, pode produzir um ovo por dia. A ATER orienta sobre os cuidados com o manejo sanitário, as adaptações para galinheiros e sobre organizar os custos.

De olho no hábito sertanejo e nas tendências de alimentações saudáveis, a Cooperativa de Agropecuária Familiar de Massaroca e Região – COOFAMA observou um nicho de mercado que gera emprego e renda para os agricultores que possuem galinheiros, surgiu então o entreposto de ovos caipira batizado de Ovos da Caatinga. Construído em parceria com o IRPAA, o entreposto serve para escoar a produção da comunidade de Massaroca e regiões circunvizinhas. Os envolvidos nessa iniciativa buscam conquistar o Selo Inspeção Municipal (SIM), que está em processo de certificação, e será um reforço para qualificar a comercialização.

INFORMAÇÃO

O IRPAA atua junto aos agricultores familiares de maneira didática e pedagógica. Para os processos interativos com as comunidades utilizam uma metodologia de imagens, práticas e discussões em plenárias. Os conteúdos que dialogam com a convivência sustentável com o semiárido foram sistematizados e transformados em cartilhas ilustrativas e criativas que registram o passo a passo do processo produtivo e as formas de sobrevivências das produções no semiárido, tais como:
a) A busca da água no sertão;
b) Cabras e ovelhas: a criação no sertão;
c) A roça no semiárido.

Colaboraram com informações e acompanhamento

Jamile Rocha
Técnica em Zootecnia e técnica de campo pelo IRPAA

José Moacir dos Santos
Coordenador do Eixo a Produção Agropecuária/IRPAA

Gilmar Nogueira
Tesoureiro da Cooperativa de Agropecuária Familiar de Massaroca e Região – COOFAMA

Secretaria de Desenvolvimento Rural – SDR

Fotos: Arquivos Comunicação Irpaa


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