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Famílias do acampamento Abril Vermelho no projeto Salitre continuam acampadas na beira da estrada

Famílias do acampamento Abril Vermelho no projeto Salitre continuam acampadas na beira da estrada

Após terem sido despejadas do acampamento Abril Vermelho, no projeto Salitre em Juazeiro Bahia, na tarde de ontem, as famílias dos Sem Terra levantaram acampamento na beira da estrada que liga Juazeiro ao projeto Salitre. Sem ter para onde ir elas esperam sensibilizar o governo Dilma para assentar as famílias.

Em 2006, mil famílias ocuparam o projeto Salitre por entenderem que ali é uma área pertencente aos salitreiros. Para desocuparem a área a CODEVASF fez um acordo junto aos trabalhadores, onde segundo o gerente de Administração Fundiária da CODEVASF, Wagner Zani Sena, foi garantido o repasse de treze milhões e meio ou a aquisição de 13 mil hectares.

Na manhã da última terça-feira (06), o acampamento foi ocupado por oficiais de justiça, policiais militares e federais que foram cumprir a ordem de reintegração de posse desta área concedida à CODEVASF. O oficial de justiça Ernesto Calixto afirmou que a ordem judicial não se negocia e que todos os barracos vão ser destruídos para desocupar a área e devolver à CODEVASF.

Representantes da CODEVASF estiveram no local para receber de volta a propriedade. Para Wagner Zani Sena, que veio de Brasília com esta missão, a COODEVASF cumpriu o acordo, comprando 9 mil hectares de terra que é correspondente aos 13 milhões e meio de reais e que já foi doada ao INCRA. Além disto ele afirma que “ A COODEVASF construiu uma adutora de 6400 metros levando água ao assentamento do Vale da Conquista em Sobradinho e uma estação de tratamento de água com capacidade de atender 5 mil pessoas”, confirmou. 

Para Paulo César, coordenador da região Norte do MST na Bahia, a COODEVASF deixou de cumprir com o acordo e por isto as famílias voltaram a ocupar esta área. Ele alega que com o acordo a CODEVASF adquiriu apenas 7 mil hectares de terra, que foi suficiente para assentar somente 650 famílias na região de Sobradinho. Segundo o mesmo a parte de estrutura da propriedade, como a construção de casas e irrigação não foi cumprido. “As famílias que foram assentadas estão sem água, energia, escola, e a COODEVASF não viabilizou a produção”, desabafou o militante.

As famílias cumpriram de forma pacífica com o mandato de reintegração de posse e contribuíram com a retirada de seus pertences. Mesmo com a destruição dos barracos seu José Vidal de Brito que está produzindo melão e criando bode na área, disse que vai continuar resistindo. Já Socorro Varela reafirmou que “enquanto mulheres empenhadas, elas vão continuar resistindo para retomar para a terra, pois o projeto Salitre sempre foi pensado para o agronegócio”, afirmou.
 

Texto e Foto: Uilson Viana


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