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Representantes de organizações de Sergipe e Alagoas estudam o clima semiárido em Juazeiro (BA)

Representantes de organizações de Sergipe e Alagoas estudam o clima semiárido em Juazeiro (BA)

 A teoria e prática estiveram articuladas em um evento que aconteceu no período de 27 a 30 de agosto no Centro de Formação Dom José Rodrigues, em Juazeiro (BA). Agricultores e agricultoras, técnicos/as, agrônomos/as, educadores/as populares vindos/as dos estados de Alagoas e Sergipe participaram de uma programação que envolveu estudo, trabalho de grupo, visita a área experimental do Irpaa, teste de hidroestesia, momento místico às margens do Rio São Francisco, além de noite cultural.

A atividade faz parte de um Projeto que tem por objetivo trabalhar a proposta de Convivência com o Semiárido e Adaptação às Mudanças Climáticas, sendo o mesmo executado pelo Irpaa nos estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Piauí. Trata-se de um investimento do Governo alemão, intermediado pela Cáritas.

O público do evento é definido a partir da parceria com movimentos sociais do campo e organizações como a Articulação Semiárido brasileiro (Asa). De acordo com André Rocha, coordenador do projeto, a intenção “é trabalhar a formação, implementação, experimentação e sistematização de propostas que nos levem a aprimorar a Convivência com o Semiárido e adaptação às mudanças climáticas”. O projeto acontece em três escalas: no Sertão do São Francisco (BA), no âmbito dos cinco estados citados e ainda em outros estados com ações mais pontuais, inclusive podendo dialogar com outros climas existentes no país.

A engenheira agrônoma Camila Rocha, do Centro Dom José Brandão de Castro, que atua no Semiárido sergipano, reconhece que a participação no projeto fortalece a ação que já vem sendo desenvolvida naquela região. Ela destaca que a riqueza do evento está na diversidade de perfis dos/das participantes, o que contribui na relação de troca de experiência ao conhecer e discutir acerca de tudo que está sendo demonstrado pelo Irpaa no evento. “Ter essas parcerias com instituições que atuam nessa linha de Convivência com o Semiárido é sempre importante (…), a gente pode aprimorar, a gente pode melhorar, a gente pode tá cada vez mais avançando”, opina Camila.

Compreender a região semiárida a partir do estudo do clima, água, produção e tecnologias apropriadas é para a jovem Maria dos Santos, do Assentamento Nova Canadá, em Sergipe, algo necessário para defender políticas públicas que beneficiem a população. A militante do Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA, também parceiro do Projeto, acredita que políticas públicas federais, estaduais e municipais precisam ser efetivadas com base na análise do que é viável para cada local. “A gente teria uma melhor condição de vida no Semiárido, partindo das políticas públicas, não das políticas públicas só do governo mas também a necessidade do povo nas suas comunidades se organizar e pautar o que é mais necessário”. Bancos de Proteínas, Casas de Sementes, Barreiros Trincheiras são alguns dos exemplos que ela cita como possíveis de reivindicar a depender da realidade social, geográfica e econômica de cada comunidade.

A partir da cartilha “A busca da Água no Sertão” e “Água da Escola” – materiais paradidáticos elaborados pelo Irpaa – o público discutiu temáticas voltadas para clima e água, bem como realizou demonstrações que ajudam a entender aspectos como evaporação, salinidade, gestão da água, ações de revitalização, dentre outros subtemas.

Formação modular

O projeto propõe diversas etapas de formação de agentes multiplicadores/as da proposta de Convivência com o Semiárido, partindo da compreensão do clima, para assim apostar em práticas apropriadas, envolvendo temáticas como acesso à água, terra, produção, saneamento básico, passando ainda por estratégias importantes e inovadoras como a educomunicação, também prevista na formação modular.

O projeto teve início este ano com previsão de três anos de atividade. Os grupos mobilizados nos estados participam inicialmente de formações no Centro de Formação do Irpaa para em seguida receberem em sua região a equipe do projeto para realizar outras atividades como oficinas, reuniões, seminários, etc.

Projetos como estas, na opinião do agricultor José Marques dos Santos, contribuem para confirmar que é possível viver bem no lugar que nasce. “Tendo um controle da água, das matas pra não desmatar, cuidando da terra, porque a terra é nossa mãe, se a gente não cuida ela morre”, diz ele ao destacar que hoje entende que é viável viver no Semiárido. Para ele debater e vivenciar práticas de Convivência com o clima ajuda a desconstruir a ideia, muitas vezes difundida pela mídia, de que a região não oferece oportunidades e por isso as famílias devem ir para outros lugares. “Eu posso passar essas experiências pra o pessoal lá [na comunidade] para eles observar que tem como a gente resistir no Semiárido, finaliza José Marques.

Texto e fotos: Comunicação Irpaa

 


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