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Famílias da Serra dos Morgados, em Jaguarari, debatem Turismo Rural de Base Comunitária e planejam iniciar ações desse tipo durante o II Ecofestival do Café

Famílias da Serra dos Morgados, em Jaguarari, debatem Turismo Rural de Base Comunitária e planejam iniciar ações desse tipo durante o II Ecofestival do Café

Além dos atrativos paisagísticos da Serra dos Morgados, em Jaguarari-BA, algumas famílias da região já despertaram para as possibilidades de um roteiro de Turismo Rural de Base Comunitária (TBC), entre elas estão: proporcionar a visitantes experiências nos quintais produtivos; vivências sobre os aspectos culturais, como a produção tradicional de café, farinha e gamelas. Também para aproveitar o potencial da culinária diferenciada do lugar, com receitas de produtos especiais, por exemplo: geleias, licores, galinha caipira e coxinha de jaca.

Esta última produção, com a polpa da jaca, é uma das delícias feitas pela agricultora Honilde Silva, que faz um convite empolgado para quem não conhece: “é uma novidade e eu convido a todos, que venham saborear essa coxinha, é muito deliciosa, saborosa; é diferente, mas é gostosa. Temos licor de maracujá, de abacaxi, de café (...).

Com o objetivo de trocar saberes e animar esse grupo de famílias da comunidade, foi realizada na manhã da última sexta-feira (7), uma roda de conversa sobre os princípios do TBC, principalmente com as características das hospedagens nas famílias. Os debates proporcionaram reflexões e encaminhamentos que devem contribuir no planejamento das atividades do II Ecofestival do Café, que acontece com o envolvimento das comunidades da região da Serra dos Morgados.

“Foi ótimo, a gente gostou muito, conversas incentivadoras, motivadoras. A comunidade está precisando e a gente, no decorrer do Ecofestival, vai junto com as parcerias fazer esse desenvolvimento (de atividades) aqui na nossa comunidade”, complementa Honilde.

O morador da comunidade Serra dos Morgados, Robson Marques, destaca que essa discussão e atividades relacionadas ao TBC possibilitam outras percepções da relação das pessoas com o lugar onde nasceram ou vivem; considerando principalmente que tem gente que saiu para trabalhar em outras localidades, para melhorar a renda; mas, “(...) na verdade, a renda está aqui no seu quintal, no seu fogão, na sua culinária”.

Robson enfatiza ainda que as pessoas da comunidade, que estavam presentes, se identificaram com o que foi apresentado e perceberam que têm, de fato, muitas potencialidades. “Falar da forma simples de cozinhar, que o outro vem buscar, aquele que mora lá na cidade, que vem buscar essa experiência porque não tem, e se sente bem e sai aliviado. É ver nos olhos de cada um aqui, nesse encontro, que é possível. É possível estar resgatando um filho, que, de repente, foi para uma colheita de café lá em Minas Gerais, quando o café tá aqui, no seu quintal; perceber que a comida mais simples, que ela faz alí, além de alimentar organicamente, fisicamente, alimenta esperança, alimenta uma alegria, uma troca de experiência e vivências”.

Esse olhar, com pertencimento e acreditando que é possível viver dignamente em suas localidades; passar a perceber as belezas, viabilidades e desafios também foram pontuados por Robson. “Aqui na Serra dos Morgados, a gente, enquanto Ecólogo Humano, ambientalista, mas, principalmente, enquanto morador e pensando numa produção do café, numa produção agrícola, é acreditar num futuro em que o meu lugar, a minha casa, a minha comunidade é o lugar mais sadio e mais agradável, inclusive rentável para mim e para minha família”.

Durante o momento, houve ainda uma troca de experiências com o integrante do Carrapicho Virtual, do Salitre, em Juazeiro, Luiz Eduardo Ferreira, que explicou detalhes de como os/as jovens do coletivo realizam essa iniciativa de TBC. Eduardo, que também é colaborador do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), enfatizou durante a fala que “a juventude tem que estar envolvida nesses processos”; uma observação que foi igualmente evidenciada pelas pessoas presentes, que destacaram o desafio atual de atrair jovens para o envolvimento em ações na comunidade.

Outro destaque das discussões foi a partilha feita pela Maria Sena, que participou do intercâmbio com essa temática, realizado recentemente pelo Irpaa na região do Salitre. Ela destacou o quanto se sentiu bem acolhida nas hospedagens familiares e que elas devem fazer igual na comunidade Serra dos Morgados. “Fui bem recebida lá e quero que as pessoas sejam bem recebidas aqui”.

O colaborador do Irpaa, Vagner Gonçalves, frisa que o bate papo com as famílias foi produtivo e que elas “se apropriaram da proposta, entenderam que, para dar certo, precisa ter um boa organização comunitária, que o protagonismo é das famílias, das pessoas da comunidade e também que precisa ter muita transparência nos diálogos em todos os processos, principalmente com as articulações na comunidade”.

A roda de conversa teve uma avaliação positiva das/os participantes, que já começaram a articular outra agenda, para encaminhar detalhes da elaboração de um roteiro turístico na comunidade.

“Foi um momento muito importante, essa mensagem vai ser levada para as outras (pessoas da comunidade). É de grande importância aqui na comunidade, porque, além da geração de renda, (é) de conhecimento com pessoas diferentes, experiências novas”, afirma a agricultora, e agente de saúde, Elizabete Cruz.

O presidente do Irpaa, José Moacir dos Santos, que participou do encontro, pontua que o Instituto é “parceiro da comunidade na realização do Ecofestival do Café, estamos prestando assessoria à comunidade na organização do Turismo Rural Comunitário e também estaremos assessorando algumas oficinas sobre beneficiamento de fruta, saneamento rural, jovens e adultos do campo, enfim. Também vamos organizar um intercâmbio com outros grupos de mulheres produtoras agroecológicas, que vão expor seus produtos durante a feira que vai fazer parte do festival”.

A segunda edição do Ecofestival do Café acontecerá na região da Serra dos Morgados entre os dias 12 e 15 de julho desse ano. Detalhes do evento podem ser verificados no perfil do Instagram: @ecofestivalcafeserramorgados.

Texto e fotos: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa
 


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