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Formação de multiplicadores/as da Convivência com o Semiárido é intensificada no 11º Curso de Comunicação e Educação

Formação de multiplicadores/as da Convivência com o Semiárido é intensificada no 11º Curso de Comunicação e Educação

Proporcionar conhecimentos sobre diversos temas relacionados ao Semiárido e, com isso, estimular para que os saberes sejam repassados por cada pessoa em suas respectivas áreas de atuação. Esse é um dos objetivos das formações do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa) sobre Convivência com o Semiárido, voltadas para agentes multiplicadores/as; e não foi diferente com o 11º Curso de Comunicação e Educação para Convivência com o Semiárido, realizado entre os dias 17 e 19 de outubro, no Centro de Formação Dom José Rodrigues, localizado no Jardim Primavera, em Juazeiro-BA.

Essa formação tem uma peculiaridade, porque tem como público principal estudantes de graduação dos cursos de Jornalismo e Pedagogia. Portanto, são pessoas que, de fato, têm potencial capacidade de contribuir diretamente na construção de outras narrativas, positivas, sobre esse nosso lugar, seja através de práticas educativas contextualizadas, ou com produção de conteúdos com abordagens que evidenciam as potencialidades e os desafios atuais do Semiárido brasileiro.

A programação dessa 11ª edição, possibilitou, por exemplo, discussões sobre Comunicação Comunitária e Popular; Comunicação e Educação para Convivência com o Semiárido; as características da região, desde a invasão dos colonizadores portugueses e Educomunicação. Além disso, os/as estudantes vivenciaram a Trilha Pedagógica da Convivência com o Semiárido que, entre outras questões, promove reflexões sobre a importância da mobilização da sociedade civil organizada, das tecnologias sociais e das políticas públicas que garantem vida digna, principalmente, às populações rurais.

Natural da região do Salitre, em Juazeiro, o estudante de Jornalismo, Álison França, pontua que todos esses temas abordados no curso transformaram a forma com a qual ele via o Semiárido; e que também vão contribuir para a atuação profissional. “O curso realmente tem me dado uma bagagem bem grande. Eu não sou mais a pessoa que cheguei; eu tenho agora uma consciência diferente, tenho conhecimentos diferentes que eu posso aplicar mais na frente. Então, o curso serviu como um divisor de águas para ter certos conhecimentos, para atuar profissionalmente no futuro, na minha profissão, e conhecer e propagar o que conheci aqui pelos lugares onde eu passar e nos lugares onde eu estiver”.

Nesse mesmo sentido, a estudante Mariana Saturnino enfatiza que a formação despertou para reconhecer as belezas do Semiárido e pautar essa região de forma diferente. “Estar aqui me ajudou a reconhecer esse lugar que eu vivo e também a perceber ele como um lugar maravilhoso, um lugar que dá para viver; lugar que precisa de medidas para que ele se sustente, mas um lugar maravilhoso que não falta água, mas falta justiça. Como futura jornalista, minhas produções a partir daqui vão ser diferentes, de um olhar mais profundo sobre a região do Semiárido. Aprendi muito aqui, quero levar isso para minha formação e para outras pessoas através da comunicação”.

Igualmente importante, a multiplicação de saberes deve acontecer ainda a partir da atuação de quem futuramente estará em sala de aula. É o caso da estudante, do 2º período de Pedagogia, Ana Gabriela França. “Como futura pedagoga, eu acho que essa vivência vai contribuir para que a gente tenha uma formação e construa uma formação mais acolhedora e mais significativa dentro da sala de aula”.

Assim como ocorreu a partir das últimas edições, o curso também possibilitou, através de vagas remanescentes, a participação de estudantes de outras graduações, ou de pós. Por isso, mais uma vez, alcançou pessoas de graduação em Ciências Sociais, de mestrado e doutorado em Educação.

“O curso vai fazer muita diferença na minha vida, porque, apesar de ter vivido a vida toda no Semiárido, eu não sabia lidar com as particularidades dele, eu não sabia viver, aproveitar esse lugar; desde muito cedo a gente é muito influenciado pela TV e rede de comunicação a desvalorizar a nossa região, a forma como a gente vive; enfim, em tudo. Ter essa visão, essa perspectiva, nesse curso vai me ajudar muito na minha futura formação, porque eu seria uma cientista social que estuda a Antropologia, que estuda a Sociologia, a sociedade em si, e vou estar em contato com vários tipos de sociedade a todo momento, levar essa questão do respeito, a alteridade, e principalmente levar o empoderamento da região semiárida, que é onde eu vivo”, enfatiza a estudante da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), campus Juazeiro, Graziella Silva.

A recém-chegada professora efetiva do Curso de Jornalismo do Departamento de Ciências Humanas (DCH III), da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), em Juazeiro, Talyta Singer, também participou do curso. Ela frisa a oportunidade de se aproximar das discussões da Convivência com o Semiárido.

“Para mim é uma experiência bastante única, porque eu estou chegando agora na região. Cresci no Mato Grosso, em um contexto de agronegócio bastante violento e estou morando agora na Bahia, que também tem muitos contextos de agronegócio e de muitas relações como o campo e com as culturas de produção. (...) tem gente que está tentando vender a nossa riqueza, a nossa água, o nosso ar, nossa terra (...) e quem ganha com isso? Para mim é muito bom poder ter essa experiência de conhecer em primeira mão essa realidade do Semiárido, que para mim é nova, mas num contexto nacional, que eu já conheço bastante, de um lado um pouco entristecedor; mas, por outro lado, bastante motivador de saber que tem caminho e tem jeito de fazer”.

A docente do DCH III pontua ainda a importância do curso para pautar outras narrativas sobre o Semiárido. “O jornalismo é máquina de escrever história sobre a realidade, sobre o que está em volta e, às vezes, para perceber o que está em volta, a gente precisa prestar atenção de outro jeito, prestar atenção em outras narrativas para além dessas histórias hegemônicas; para além da mídia tradicional, para além da mídia de referência. Então, acho que essa oportunidade desse curso de formação do Irpaa, para comunicadores, é muito preciosa (...)”.

A cada ano, as avaliações feitas por quem participa e pela organização, reforçam a percepção e necessidade de intensificar as formações sobre a Convivência com o Semiárido. “Após a realização deste curso voltado a futuros profissionais da comunicação e educação, percebemos o quanto ele é fundamental para ampliar os olhares e percepções dos/as estudantes, que, na maioria das vezes, nunca tiveram acesso a esse tipo de discussão acerca da realidade do Semiárido, como a região foi formada, os impactos da colonização que reflete em nossa sociedade até hoje; além da importância da comunicação para apresentar outras narrativas sobre o Semiárido”, destaca a comunicadora e educadora do Irpaa, Lorena Simas.

O curso é realizado pelo Irpaa, em parceria com o DCH, campus III da Uneb. As atividades dessa 11ª edição terminaram na tarde do último sábado (19), com discussões e atividades práticas sobre o tema Educomunicação. De forma criativa, os/as participantes, produziram vídeos, fotografias, cordel e jogral com temas, por exemplo, sobre: as ideologias disseminadas pelos meios de comunicação, alimentação saudável, merenda escolar, memórias afetivas e produção apropriada à essa região.

Texto e fotos: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa
 


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