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Seminário de Educação Ambiental reúne sociedade civil e cobra do poder público ações efetivas voltadas à Educação Contextualizada e defesa da Caatinga e Comunidades Tradicionais

Seminário de Educação Ambiental reúne sociedade civil e cobra do poder público ações efetivas voltadas à Educação Contextualizada e defesa da Caatinga e Comunidades Tradicionais

“Nada sobre nós, sem nós!”. Essa foi uma das fortes reflexões do Seminário Territorial de Educação Ambiental Contextualizada, realizado nesta quarta e quinta-feira (14), em Curaçá-BA. O encontro teve como objetivo debater os desafios ambientais, educacionais e de geração de renda enfrentados pelas comunidades tradicionais e apresentar propostas ao poder público voltadas ao Bem Viver das famílias do Semiárido.

Mais de 100 pessoas da sociedade civil e poder público participaram deste Seminário que contou com palestras, grupos temáticos e plenárias. Espaço fundamental para debater os desafios e potencialidades da região semiárida e refletir sobre os modos de vida tradicionais e resilientes. “Para isso, é necessário compreender temas como terra em tamanho apropriado, a manutenção da Caatinga em pé e o próprio Recaatingamento, o acesso a água em quantidade e qualidade suficientes para os diversos usos”, como destaca o colaborador do Irpaa e coordenador do projeto Recaatingamento, Luís Almeida.

“Pensar o Bem Viver no Semiárido é trabalhar a perspectiva da Convivência, a Convivência com o Semiárido. Nós não temos que nos reinventar. O caminho de construção de liberdades é a partir das comunidades, é a partir das experiências”, reforça o educador e integrante da Rede de Educação do Semiárido Brasileiro (Resab), Edmerson Reis.

Nesse sentido, a jovem Alberlane Silva, indígena Tuxi do município de Abaré-BA, destaca a importância de momentos de construção como esse que possibilitam reflexões acerca da realidade social, ambiental, educacional e política, compreendendo que é “A partir da nossa organização e da nossa movimentação enquanto pessoas, enquanto sociedade civil organizada e também do poder público”, que é possível alcançar os objetivos em prol do Bem Viver.

O avanço dos grandes empreendimentos de energias renováveis (usinas eólicas e fotovoltaicas) e linhas de transmissão no território foi um dos temas abordados no Seminário. Principalmente porque, além de estar diretamente relacionado ao meio ambiente, tem sido motivo de conflitos e alterações no modo de viver coletivo das comunidades. Nesse sentido, o deputado estadual e integrante da Frente Parlamentar Ambientalista Mista da Bahia (FPA-BA), Marcelino Galo, refletiu que as energias renováveis precisam chegar de forma descentralizada, “com pessoas que venham com dignidade e que as riquezas produzidas aqui fiquem aqui para dar condição de vida às pessoas. Ou vocês estão pensando no semiárido para ser um produtor, exportador de energia e o povo ficar à margem desse processo?”.



Todas essas questões estão intimamente ligadas à Educação Contextualizada, essencial para a mudança de perspectiva e olhar crítico sobre as narrativas hegemônicas construídas a partir da ótica europeia e capitalista, com o apagamento da história e conhecimento dos povos originários e tradicionais.

Nessa perspectiva, o professor Laércio da Silva, da Escola Família Agrícola de Sobradinho (EFAS) ressalta: “A gente precisa cada vez mais ocupar esses espaços, junto com os agricultores, junto com nossos alunos, que são quem sustentam e levantam a nossa política educacional que está em constante processo de construção. Falar da educação contextualizada ambiental vai falar sobre a necessidade que a gente tem de cada vez mais estar inserido nesses territórios, que buscam pela visibilidade desses espaços, a partir da soberania alimentar, a partir da dignidade de vida dos jovens do campo, da permanência do jovem no campo”.

Laércio reforça ainda que o Seminário foi mais uma oportunidade de aproximação com outras entidades e o Estado. “Nada melhor do que a gente estar nesses espaços discutindo, construindo políticas, querendo ou não, também são espaços de construções políticas, construções coletivas e muitas vezes são espaços em que a gente vai ter um diálogo mais estreito com representações do governo, com representações da sociedade civil como um todo”.

Uma das finalidades do evento foi discutir acerca dos desafios atuais do cenário educacional; da educação contextualizada para a Convivência com o Semiárido; do meio ambiente e outras economias; e, principalmente, elencar proposições a serem apresentadas às representações políticas que se fizeram presentes no evento, como: o deputado estadual Marcelino Galo, o representante da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), Maicon Vieira e a Diretora de Educação dos Povos e Comunidades Tradicionais, Poliana Reis.

Dentre diversas propostas construídas coletivamente, destacam-se: a efetivação da proposta de Educação Contextualizada enquanto política pública nos municípios; garantia de formação continuada, de transporte escolar para estudantes e professores; de alimentação escolar de qualidade com produtos da agricultura familiar; Recaatingamento como política pública; saneamento básico rural apropriado para as famílias do Semiárido; protocolo de consulta prévia das comunidades tradicionais, assessoria técnica continuada e contextualizada. Todas essas questões são urgentes e necessitam de olhar atento e comprometimento das gestões públicas para construção de políticas públicas com garantia de recursos orçamentários suficientes para efetivação das ações.

O Seminário foi uma das ações do projeto Recaatingamento, que está sendo executado pelo Irpaa em 11 comunidades Tradicionais de Fundo de Pasto e indígenas nos municípios de Uauá, Curaçá, Canudos e Abaré, com o apoio do Ministério do Meio Ambiente (MMA), através de recursos do Fundo Clima e do Fundo Nacional de Meio Ambiente. O evento também contou com a parceria da Cooperação Internacional, por meio de projetos realizados pelo Irpaa com Misereor e DKA.

Texto: Lorena Simas | Edição: Vagner Gonçalves
Fotos: Lorena Simas e Lealda Santos
Eixo Educação e Comunicação do Irpaa
 


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