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26.04.2024

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Seminário marca retomada das discussões em rede sobre Educação Contextualizada para a Convivência com o Semiárido

Reflexões, partilhas, planejamento e animação marcaram o “Seminário Territorial de Educação Contextualizada para a Convivência com o Semiárido”, que teve como objetivo reaproximar e reanimar organizações do poder público e sociedade civil em torno do fortalecimento da Educação Contextualizada na região. O encontro foi realizado nesta quinta (25) e sexta-feira (26), no Centro de Formação Dom José Rodrigues, a roça do Irpaa.

A Educação contextualizada surge nos anos 2000, com intuito de problematizar a forma como o ensino é feito no Semiárido, elencando como princípios, a contextualização dos conteúdos; proximidade entre escola, comunidade e família; despertar do senso crítico dos/as educandos/as; valorização dos conhecimentos prévios dos/as estudantes/as; despertar do sentimento de pertencimento; descolonização dos saberes, dentre outros.

Pensando nesses aspectos, o Seminário abordou a conjuntura atual da educação no território Sertão do São Francisco, desafios e caminhos para avançar na Educação Contextualizada para Convivência com o Semiárido, apresentação de experiências exitosas, além de discussões acerca das estratégias de incidência política para Educação Contextualizada e segurança alimentar e nutricional. Desse modo, foi possível compreender o cenário atual da educação e planejar ações para potencializar a contextualização do ensino.

Durante as discussões foram apontados desafios em torno da Educação Contextualizada, como: descontinuidade das políticas, currículo engessado, falta de formação continuada dos/as professores/as, material didático descontextualizado, evasão escolar, pouca proximidade com a comunidade. E para mudar este cenário, foram apresentadas algumas possíveis estratégias para inserção da contextualização nos espaços de ensino, como: consolidação das redes de Educação Contextualizada, adaptação curricular, articulação para produção de material didático contextualizado, formação continuada, conhecimento de experiências em outros estados, utilização de obras literárias que dialoguem com o contexto local, dentre outras.

Os debates que partiram de diferentes realidades que se entrelaçam nos desafios educacionais, contaram com a participação de professores/as, gestores/as, diretores/as de instituições de educação básica e superior, representantes de secretarias de educação e de espaços de educação não escolar, experiências diversas que enriqueceram o Seminário. Nesse sentido, a educadora Fátima Fernandes, que atua na secretaria de Educação de Curaçá-BA, município considerado berço das discussões sobre contextualização no Semiárido, destaca que as partilhas e planejamentos realizados animam a se manter firme na luta por uma educação libertadora. “Esse momento que estamos vivendo agora junto ao Irpaa e com outros municípios vai de algum modo alimentando na gente esse trabalho e essa responsabilidade pra gente assumir no lugar que nós estamos pra levantar essa bandeira da Educação Contextualizada”, afirma.

A partir dessas reflexões, o presidente do Irpaa, José Moacir dos Santos, destaca que este momento contribui para conhecer e analisar quais práticas de Educação Contextualizada deram certo e podem ser replicadas em outros espaços, pensando em uma atuação em rede, de modo que as instituições estejam interligadas. Animado com este processo, Moacir ressalta “Eu acho que a gente está assim num momento muito bom de fazer essa reanimação, porque tem gente que já está no processo, tem gente que está chegando”.

Nesse sentido, o professor recém-formado Rafael Borges, que atua na Escola Municipal Antonila da França Cardoso, na comunidade Angico, região de Juremal, em Juazeiro, disse entusiasmado: “Amei o evento, porque nos desperta a trabalhar mais a questão da contextualidade no Semiárido, principalmente nas escolas do campo, que é onde eu estou inserido atualmente”. Provocar sentimentos como esses também são importantes para sensibilizar jovens educadores na missão por uma educação significativa.

A Universidade do Estado da Bahia (UNEB), uma das precursoras na discussão da Educação Contextualizada no Semiárido, também marcou presença no evento, com a participação de professores/as e da diretora do Departamento de Ciências Humanas, Campus III, Andrea Cristiana Santos, que reforça a necessidade das universidades participarem dessas construções coletivas em torno da educação. “É importante estar presente nesses espaços que eu avalio como espaços de formação e construindo laços com organizações não governamentais, mas também com professores que atuam na educação básica, com outras instituições de ensino que também tem um papel formativo importante”. A diretora destaca ainda que nesses espaços “a universidade pode estar construindo vínculos mais duradouros e fortalecidos nessa relação estando presente e construindo juntos propostas que de fato contribuam com o desenvolvimento”.

A representante da secretaria de Educação de Sento Sé, Lindiane Ribeiro, também considera este Seminário, uma retomada das discussões e ações acerca da Educação Contextualizada em rede, e compartilha “(…) a gente encurta distâncias quando a gente vai promovendo não só as discussões, mas estamos na implementação de práticas (...) pra ser diferente para garantir um currículo vivo, que as pessoas desconheçam onde termina a escola e onde começa a comunidade.”

Assim, o Seminário marca a reanimação das discussões em torno da Educação Contextualizada para a Convivência com o Semiárido e o fortalecimento do trabalho em rede no norte da Bahia. O evento foi realizado pelo Irpaa, como parte do projeto "Agenda 2030 no Semiárido baiano”, que conta com o apoio da Horizont3000 - organização não-governamental austríaca de cooperação para o desenvolvimento- com fundos procedentes da Comissão europeia, Sei So Frei Graz, DKA e da Cooperação Austríaca/ Austrian Development Agency (ADA).

Texto e foto: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa