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O amor pela terra é transmitido de geração a geração

O amor pela terra  é transmitido de geração a geração

O agricultor Francisco Antunes da Silva, 68 anos, morador da comunidade de Baraúna, no Distrito de Massaroca, em Juazeiro – BA perdeu o pai ainda criança. Desde então, começou a trabalhar na roça para ajudar no sustento da família. Foi através desse contato com a terra, que nasceu sua paixão pela vida no campo, transmitida para seus 2 filhos e, hoje, despertada também nas netas. Junto a sua esposa Zélia Antunes da Silva, 56 anos, Chico, como é chamado, construíram uma família apaixonada pela natureza.

Por alguns anos, Seu Francisco trabalhou em atividades agrícolas nas grandes fazendas, porém sempre dedicava um tempinho para o cuidado com seu sítio, época de difícil acesso à água na comunidade. Desse tempo, Seu Chico conta que: “a gente carregava água de longe, no jumento, das cacimbas, esperava minar ainda”. Ele ainda lembra que a partir de agosto não tinha água para oferecer ás criações. “Os animais viviam da casca do pau... tinha muito facheiro, xique-xique, cabeça branca era quem salvava os animais”, afirmou o agricultor.

Em 1998, esse cenário começou a mudar com a chegada do abastecimento de água encanada e a construção de barreiros, entre outras tecnologias sociais. Ano passado, o casal foi contemplado com a chegada da cisterna-calçadão e dos canteiros econômicos, através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2). Com isso, investiram no quintal produtivo. Zélia começou a cultivar coentro, beterraba, cenoura, rúculas entre outras verduras, fruteiras e hortaliças. Além dos canteiros, o casal cria cabras, ovelhas, galinhas, plantam palmas, produzem e armazenam forragens para garantir alimentos aos animais nos períodos de estiagem.

“Eu levanto cedo e já vou pra horta, se eu levantar e não for lá, já fico triste”. Essa é a rotina de Zélia no cuidado com o quintal produtivo. Além do carinho pelo seu pomar, o casal tem o grande zelo pela cisterna. “Quando aqui chega uma chuva a gente corre pra lá [cisterna],... pra puxar a água do calçadão com o rodo, para aproveitar aquela água”, diz dona Zélia, se referindo a cisterna que está cheia de água coletada durante as últimas chuvas na região.

Os alimentos produzidos no quintal são apenas para o consumo da família. “Quando eu tô almoçando, que pego meus legumes, minhas verduras, eu como sem medo, antes eu comia com medo, hoje eu como sem medo, porque eu sei que não tem agrotóxico”, conta dona Zélia, cheia de orgulho pela sua horta orgânica.

A agricultora relata que aprendeu durante as formações do Gapa (Gestão de Água para Produção de Alimentos) e Sisma (Manejo Simplificado de Água da Chuva) a cuidar da horta. Aprendeu também os cuidados com a segurança alimentar, entre as demais orientações passadas pelos/as técnicos/as. Outro momento que Dona Zélia considera muito importante e cheio de aprendizado são os intercâmbios, que possibilitam a troca de conhecimento e experiências entre agricultores e agricultoras.

Dona Zélia e toda sua família estão felizes com a produção dos canteiros econômicos. Ela diz que , quando se fala em cisterna, as netas já ficam felizes e ajudam a molhar a horta. Apesar de toda fartura na produção, a agricultora não pretende comercializar os alimentos, “eu acho assim, que pode ser que tenha outra pessoa mais precisada na comunidade, fazer [cultivar] para vender”, afirma D. Zélia. O casal é aposentado, por isso esse pensamento da agricultora, uma atitude que só demonstra a consciência e união existente na comunidade do casal.

Organização Comunitária - O casal de agricultores afirma que a qualidade de vida melhorou bastante com a chegada da cisterna, mas pontua outro fator importante nessa mudança, a organização da comunidade. “Tudo precisa do primeiro passo, que é a organização na comunidade, porque se a gente não tiver organizado na comunidade, não tem nada” , relata Dona Zélia.

Hoje, Sidnei Antunes da Silva, filho de Dona Zélia mora em São Paulo mas, segundo seu Francisco, ele gosta mesmo é de mexer com a terra e pretende, no máximo ano que vem, voltar a morar no sítio. “Ele teve aqui no mês passado e me ajudou na roça”. O casal fala que agora a vida na comunidade está mais fácil, pois tem mais acesso à água, o acompanhamento do Irpaa com toda proposta de Convivência com o Semiárido, que contribui para a permanência do povo em sua região.

Texto e Foto: Comunicação Irpaa


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