IRPAA - Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada

Notícias

01.03.2024

Poste no Facebook Poste no WhatsApp Envie por e-mail

Oficina sobre construção de Diagnóstico em Agroecossistemas reúne 6 entidades da ASA em Juazeiro

A formação das equipes e o diagnóstico dos agroecossistemas das famílias são etapas importantes que antecedem a implantação das tecnologias sociais de captação e armazenamento de água da chuva. Por isso, foi realizada uma “Oficina de capacitação para diagnóstico dos agroecossistemas” com representantes de 6 organizações, dos estados da Bahia e Piauí. As entidades participantes foram selecionadas pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) para executar as ações do Programa de formação e mobilização para Convivência com o Semiárido, o projeto P1+2 (referência a 2 águas: para consumo e produção).

As metodologias participativas utilizadas para levantamento de informações, foram: travessia pela unidade produtiva, preenchimento do formulário de diagnóstico, linha do tempo da trajetória da família no agroecossistema e mapa da propriedade. A adoção dessas ferramentas contribuem, por exemplo, para identificar características da composição familiar, as estruturas e funcionamento dos agroecossistemas e quais infraestruturas hídricas já existem na área. Além disso, os dados servem para auxiliar a equipe das entidades na elaboração dos planos produtivos, identificando potenciais das famílias, e na escolha dos temas que serão abordados no curso de Gestão de Água para Produção de Alimentos (GAPA).

Como atividade prática da oficina, as pessoas que participaram foram divididas em grupos para realizarem o diagnóstico de 8 famílias da comunidade de Arapuá Novo, no município de Juazeiro. Essas famílias fazem parte do total das 140, nos municípios de Canudos, Curaçá e Juazeiro, que vão receber tecnologias, seja cisterna de enxurrada, cisterna calçadão ou barragem subterrânea. As ações nos respectivos municípios estão sendo executadas pelo Irpaa.

A família de Dona Francisca Alves, esteve entre as que participaram dessa primeira fase do diagnóstico e a metodologia participativa foi elogiada pela agricultora. “Achei a visita para diagnóstico maravilhosa! Me chamou a atenção a forma com que eles (os grupos) conduziram os trabalhos”.

O agricultor André Nascimento está otimista com a possibilidade de potencializar a produção. Ele destaca que, além de gerar renda para a comunidade, o acesso à água vai fortalecer a produção de alimentos para a família. “Fiquei muito feliz que tenha chegado esse projeto aqui, porque vou trabalhar junto com meus filhos e ter oportunidade de ensinar eles trabalhar aqui com as hortaliças e acredito que vai ser muito bom para a comunidade”.

Esses resultados certamente virão e os dados levantados vão contribuir para evidenciar o quanto as famílias vão avançar. Nesse sentido, o colaborador do Irpaa, Bruno Gonçalves, enfatiza que a aplicação do diagnóstico acontece em duas etapas; a segunda será na conclusão das ações. Com isso, o objetivo é “entender o impacto do projeto, a ação do P1+2 para com essas famílias; e também a execução desse diagnóstico junto às famílias aumenta o conhecimento do técnico sobre as questões da família, questões que podem potencializar a sua produção e a atuação do técnico junto à família”.

Em complemento, a colaboradora do Irpaa, Andressa Menezes, que participou da formação, pontua que a abordagem proposta pela metodologia “dá visibilidade ao trabalho de cada membro da família, compreende desde o início do agroecossistema até os dias de hoje. Então, mostra os pontos que precisam ser melhorados e também o que deve ser desenvolvido para fortalecer ainda mais o trabalho a ser feito no agroecossistema”.

Durante os três dias de formação também foram abordados os seguintes temas: ASA e a Convivência com o Semiárido: trajetória dos programas e desafios; Economia Feminista e divisão justa do trabalho doméstico; Acesso às políticas Públicas, com foco nos programas (PAA e PNAE, ATER, e fomento). Houve ainda a realização de estudo sobre o formulário de aplicação do diagnóstico e discussões a respeito do programa de Fomento Rural, do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS).

O Programa de formação e mobilização para Convivência com o Semiárido, como o próprio nome já diz, é mais do que a construção das cisternas. Além de garantir o acesso à água para consumo e produção, também tem o objetivo de trabalhar temas relacionados à Convivência com o Semiárido, compreendendo outros aspectos, como por exemplo: a participação social das famílias, o acesso às diversas políticas públicas, a divisão justa do trabalho doméstico e o protagonismo feminino nos espaços de produção e de liderança.

A partir dessa oficina, que aconteceu em Juazeiro, entre os dias 20 e 23 de fevereiro, as equipes do Irpaa e das entidades: SASOP, AGENDHA, Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato-PI, AMEFAS e Cáritas Nordeste III darão continuidade na aplicação dos diagnósticos nas comunidades dos municípios onde cada uma atua.

O projeto P1+2 é financiado pelo Governo Federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome (MDS).

Texto e fotos: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa