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Sistematização de diagnóstico pode fortalecer lutas coletivas e reivindicações dos direitos de comunidades rurais

Sistematização de diagnóstico pode fortalecer lutas coletivas e reivindicações dos direitos de comunidades rurais

O Diagnóstico Comunitário foi uma das atividades realizadas pelo projeto de Assessoria Técnica e Extensão Rural (Ater) Bioma Caatinga, junto às comunidades assessoradas. Diante das diversas informações significativas reunidas coletivamente, o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa) considerou fundamental elaborar um produto com a sistematização dos dados colhidos para ser entregue às comunidades envolvidas.

A partir dessa compreensão foram produzidos folders que apresentam uma linha do tempo com alguns fatos marcantes na comunidade, os principais parceiros, a organização das juventudes e os grupos de mulheres; além de apontar os principais desafios a serem superados. Para compartilhar essa produção, foram realizadas reuniões de socialização do diagnóstico comunitário com as 24 comunidades e arredores envolvidas nesta construção. As atividades tiveram o objetivo de confirmar as informações inseridas no material e entregar o folder.

“A gente espera que esse material sistematizado possa ser uma ferramenta de apoio, de ajuda, de contribuição para que as famílias possam, junto com os parceiros, com órgãos, entidades, políticas públicas, órgãos governamentais, mostrar um retrato positivo da comunidade. Mas, também uma ferramenta que poderá ser uma forma de apresentação para reivindicar melhorias para a sua comunidade”, destaca o colaborador do Irpaa e um dos coordenadores do projeto Ater Bioma Caatinga, Alessandro Santana.

As famílias têm recebido essa devolutiva de forma muito positiva, pois percebem que, além de animar, incentivar, compartilhar conhecimentos sobre questões produtivas e ambientais, essa ação possibilita também o acesso à uma ferramenta prática que vai contribuir nas lutas coletivas em busca da garantia de direitos e avanços para a comunidade.

Todos esses benefícios são motivos de orgulho para as famílias. Um exemplo disso é o que destaca a agricultora Maria Isabel Santos, da Comunidade Tradicional de Fundo de Pasto Barra Cacimbinha, no município de Casa Nova; ao ter acesso ao folder, enfatiza que sentiu uma mistura de felicidade e gratidão por ver a história da sua comunidade no papel, como uma forma de valorizar os antepassados e transmitir a história para os mais jovens.

A colaboradora do Irpaa, Alane Naiara Silva, relata o quanto é bom perceber os olhares e o sentimento de pertencimento dos/as agricultores/as ao ter o folder nas mãos. “Eles se percebem ali, a sua representatividade (...) um elemento a mais para as comunidades, tendo em vista que foi uma construção coletiva deles. E, principalmente, quando eles se veem, não só nas palavras, mas também quando eles se veem nas fotos, isso se torna ainda mais significativo”.

Nesse sentido, o técnico do Irpaa, Denis Vieira, que acompanha comunidades no município de Curaçá, conta que as famílias ficaram felizes com a devolutiva do Diagnóstico Comunitário, reforçando mais uma vez, o sentimento de pertencimento da comunidade. Ele diz ainda que as famílias que participaram da reunião assumiram o compromisso de repassar as informações e o material para a associação da comunidade, para verificarem a possibilidade de inserção de alguma informação que faltou, pois perceberam a importância dessa sistematização para colaborar em outros processos dentro e fora da comunidade.

Essa atividade é fundamental para o desenvolvimento das próximas etapas do projeto Ater Bioma Caatinga, porque possibilita que as famílias agricultoras reflitam sobre o cenário atual, ao reconhecer as potencialidades e buscar as parcerias ideais para avançar em questões que precisam de maior atenção. Dessa forma, o projeto também contribui para o fortalecimento das comunidades, a defesa da Caatinga e do território, além de despertar ou fortalecer o sentimento de pertencimento.

Na etapa atual das ações estão sendo realizadas ainda reuniões temáticas, momento no qual a comunidade define os temas que geram maior preocupação para o coletivo. Essas informações vão complementar os assuntos que já foram apontados nos Diagnósticos Comunitários e/ou nos Planos Produtivos; que apontaram, por exemplo, a necessidade de: práticas agroecológicas, formação de lideranças, organização produtiva, construção de saberes locais e o fortalecimento social.

Além disso, durante as reuniões, está sendo discutida a importância das políticas públicas para a agricultura familiar. “A gente tem explicado para eles o que é política pública, porque é importante, os direitos, como acessar, por exemplo, o Garantia Safra, que é uma política pública importante para regiões em que o agricultor familiar perdeu a produção por causa de uma seca extrema, ou por uma chuva muito acima da média. Então, ele pode acessar um seguro, como direito que existe. Como acessar esse direito? Quais os documentos necessários? Como a gente pode fazer a inscrição desse público que a gente assessora no Garantia Safra?”, explica Alessandro.

Compartilhar conhecimentos sobre como acessar outras políticas públicas e o crédito rural é importante junto às ações executadas pelo Ater Bioma Caatinga, pois favorece o acesso aos direitos, o que acarreta em melhores condições de vida para as famílias e comunidades.

A agricultora Maria Isabel conta que esse projeto tem contribuído para obter mais conhecimentos sobre a Convivência com o Semiárido. “A forma deles informar pra gente ter o conhecimento de como lidar na nossa luta, na nossa roça, na nossa comunidade. A forma da gente trabalhar, os meios da gente criar também, o manejo dos nossos rebanhos, é muito bom”.

Através da Ater Bioma Caatinga, o Irpaa assessora 1.080 famílias nos municípios de Juazeiro, Curaçá, Casa Nova, Sobradinho e Sento Sé. O Projeto é financiado pelo Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) e da Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater).

Texto: Lorena Simas | Edição: Vagner Gonçalves
Eixo Educação e Comunicação do Irpaa
Fotos: Alane Naiara Silva / Eixo Produção Apropriada do Irpaa
 


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