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ASA volta a construir cisternas em escolas do Semiárido

ASA volta a construir cisternas em escolas do Semiárido

Mesmo com a mais forte estiagem dos últimos 40 anos, a escola Francisco Nelson Lavor não precisou suspender as aulas por falta de água potável para saciar a sede dos seus 170 alunos. Localizada na comunidade de Taboca, na zona rural de Itapipoca, município do semiárido cearense, a escola guarda água de beber numa cisterna de 52 mil litros, construída em 2011. A chuva acumulada desde o inverno de 2011 – reforçada com a pouca chuva de 2012 - só acabou na semana passada. “A cisterna foi um dos maiores bens que a escola recebeu”, exclamou a diretora Maria do Carmo Nonato Teixeira.

A instituição atende a crianças do ensino infantil (creche) até o fundamental (9º ano) e foi uma das 845 instituições de ensino beneficiadas pelo Projeto Cisternas nas Escolas, da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), nos anos de 2010 e 2011. Nesta fase, o projeto teve a parceria da Cooperação Espanhola e do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Essa iniciativa alcançou 66.167 alunos e professores e capacitou quase três mil pessoas da comunidade escolar em 257 oficinas e cursos sobre a gestão da água e educação contextualizada, entre outros assuntos.

Este ano e no próximo, o Projeto Cisternas nas Escolas chega a mais 35 instituições de cinco estados (BA, CE, MG, PE e PI) do Semiárido brasileiro com dificuldades de acesso à água potável. Ceará e Bahia receberão o maior número de tecnologias, sendo respectivamente 15 e 14 cisternas. Os demais estados ganharão duas cisternas. Estas ações contam com a parceria da empresa americana Xylen, Fundação Avina e Instituto Pepsico.

“Essas novas iniciativas são importantes porque é uma oportunidade da ASA continuar a estimular, junto às escolas municipais, a proposta de contextualização da educação”, assegura Jean Carlos Medeiros, coordenador do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) da ASA e também responsável pelo projeto nas escolas.

Ainda na zona rural de Itapipoca, na comunidade Itaquatiara, a escola do professor José Gilmar Magalhães está prestes a ter iniciada a construção da cisterna. Ele e mais outros representantes da escola Francisco Joaquim de Souza Filho até já participaram da capacitação de dois dias oferecida a professores, gestores e a comunidade escolar pelo projeto. “Nós refletimos sobre o uso da água, a preservação do meio ambiente para a manutenção das águas, manejo do solo, importância dos animais”, conta ele.

Educador na comunidade em que nasceu e viveu até os nove anos - quando o pai se mudou para a sede (centro do município) para garantir a continuidade de seus estudos - Gilmar tem um olhar muito sensível à sustentabilidade da região e à educação contextualizada. “Eu sou fruto da educação descontextualizada”, se autodefine, acrescentando que a educação recebida não trouxe nenhum conhecimento que o ajudasse a cuidar do sítio de sua família de forma diferente da convencional, utilizada pelos seus vizinhos. “Meu rendimento era igual ou pior aos agricultores que não tiveram o estudo que tive.”

Cada dia com menos água - Ele conta que a comunidade fica numa região serrana com uma área remanescente de Mata Atlântica que está, a cada dia, mais degradada e com alguns olhos d´água diminuindo o volume. “A população não está se atentando que a serra está virando sertão.” A única fonte de água que a escola tem é um poço cavado manualmente em mutirão pelos pais. Neste período de maior precisão de água, o poço de três metros precisou ficar 1,8 metro mais profundo para voltar a ter água. “Na serra, é mais difícil subir carro-pipa”, situa Gilson, acrescentando que o acesso é difícil tanto pela subida, quanto pela pista de barro, que fica escorregadia com as chuvas.

Texto: Verônica Pragana - Asacom

Disponível em: asabrasil.org.br


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