IRPAA - Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada

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30.11.2023

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As lutas indígenas também são nossas lutas! Esse é um dos aprendizados de intercâmbio realizado no Aldeamento Tuxi, em Abaré-BA

Um ambiente aconchegante em uma palhoça em formato de círculo; uma acolhida marcada por música, dança, toré, troca de sabores e relatos da história de resistência. Esses foram alguns dos momentos de uma vivência no Aldeamento Tuxi, em Abaré-BA.

O intercâmbio proporcionou aos jovens estudantes da república do Irpaa, e colaboradores/as da instituição, a oportunidade de conhecer a história do Povo Tuxi e poder vivenciar elementos da cultura, a exemplo das rodas de toré, que é um ritual de celebração aos encantados e também uma expressão forte de ancestralidade e cultura dos povos indígenas.

O exemplo da história de luta e resistência dos Tuxi são inspiradores. Desde 2011 que eles/as buscam o reconhecimento e demarcação do território. A área reivindicada tem cerca de 35 mil hectares, distribuídos em 21 comunidades, que são chamadas de aldeamento, e ficam no entorno da aldeia mãe, lugar onde também acontecem os rituais sagrados.

Alessandro Tuxi, que é uma das lideranças, professor e integrante da Associação Comunitária Indígena Tuxi, enfatiza que receber um intercâmbio “Faz com que a nossa comunidade possa demonstrar um pouco da sua cultura e acabe quebrando certos estereótipos encontrados na sociedade. Esses jovens, com certeza, colherão muitos frutos de toda essa vivência. E a gente fica muito feliz e acredita que tem esse despertar de um olhar crítico, um olhar que possa contribuir para o processo de formação na sua vida pessoal e também na sua vida tradicional, porque muitos vêm de comunidades de base, tradicionais”.

Entre os resultados da atividade, Alessandro pontua a expectativa de que os/as participantes se “Inspirem na luta de um povo, que é um povo que vem há anos na luta por reconhecimento da sua história e por políticas públicas”.

O anseio destacado por Alessandro é uma realidade. A jovem estudante da república do Irpaa, Dayse Silva, afirma que os aprendizados ajudaram a romper com a ideia da sociedade, de que os indígenas são iguais “com cabelo liso, olho puxado; sendo que os indígenas de outras regiões do Brasil têm características muito diferentes dos indígenas do Semiárido”.

Dayse complementa que gostou da organização das moradias e do trabalho realizado para preservar as tradições, com “o incentivo da comunidade para o envolvimento de jovens e crianças em momentos de danças, rezas e lutas para que eles não percam suas origens e tradições”; e, consequentemente, possam “levar suas identidades; por onde for, lembrar de onde vem e quem é”. A jovem enfatiza ainda que, com a vivência na Aldeia Tuxi, entendeu que “as lutas indígenas também são nossas lutas!”

Para abraçar essa luta é preciso, principalmente, ter respeito. Essa foi uma das constatações do jovem Cauê Santos. Ele pontua aspectos como a fé e o envolvimento das novas gerações. “Aprendi que é importante ter respeito por diferentes culturas e que não é legal ficar comparando a cultura de um indígena dessa região com a de outras regiões do país; isso foi bem marcante! Também percebi que as crianças e os jovens são muito importantes para dar continuidade nos traços culturais e na luta por políticas públicas justas para os povos. E também que eles têm uma fé incondicional nos encantados e nos seres de luz”.

O intercâmbio foi realizado entre os dias 25 e 26 de novembro, tendo entre os diversos aprendizados a reafirmação da importância da união; para que as comunidades possam manter suas tradições e defender o território, ações que são fundamentais para garantir a existência e assegurar os direitos previstos na Constituição.

Texto: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa
Fotos: Rose Tuxi