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Uma história de luta, resistência e conquista baseada na proposta de Convivência com o Semiárido

Uma história de luta, resistência e conquista baseada na proposta de Convivência com o Semiárido

Em uma sexta-feira, o casal Mariza Carmelita e Pedro Duarte, conhecido carinhosamente por Pedrinho da Cachoeirinha, relembram fatos marcantes de luta, resistência, esperança e conquistas ao longo de suas histórias de vida. Moradores da comunidade de Cachoeirinha, em Juazeiro, interior da Bahia, o casal nasceu na mesma família e por alguns anos trilharam caminhos diferentes na vida.

Entre tantas lembranças guardadas em sua memória, seu Pedrinho começa a sua viagem ao passado relembrando o ano de 1974, época de fartura do roçado, fato que não aconteceu em 1976, período de estiagem. Pedrinho e seu irmão foram obrigados a migrar para a fazenda Lagoa do Angico: “Aqui [Cachoeirinha] acabou a comida pra os animais, a gente teve que ir pra lá, pra essa roça, lá tinha palma e água… depois choveu e a gente veio embora, essa seca foi muito marcante”. Segundo seu Pedrinho, era feito um rodízio para dar água para o gado, cada dia um criador levava seu rebanho para beber água no poço Cascavel. Quando retornou para Cachoeirinha, seu Pedrinho, com apenas 14 anos, foi trabalhar na frente de serviço, cavando barreiro coletivo na comunidade de Curral Novo.

Após um período na frente de serviço, Pedrinho ganhou um pedaço de terra do seu pai e retornou a trabalhar exclusivamente no cultivo do roçado, no cuidado com os animais e estruturando a propriedade com a construção do chiqueiro e curral, entre outras implementações. Nesse mesmo ano, 1984, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural - Emater começou atuar na comunidade, contribuindo para a formalização da comunidade de Cachoeirinha e fundação da Associação Agropastoril de Cachoeirinha, dois anos depois, sendo Pedrinho o primeiro presidente. Neste momento, a comunidade sofria fortes ameaças por parte de grileiros e dava seus primeiros passos na luta pela regularização fundiária, com a criação do Fundo de Pasto. Enquanto isso, Mariza estava morando na Lagoa do Angico, junto com seu primeiro marido e sua filha Mônica, onde cultivava milho, feijão, abóbora, entre outros.

Com mais um período de estiagem severa, Pedrinho retorna a trabalhar na Frente de Serviço e começa a diminuir a prática de fazer roçado e passa a priorizar a atividade de criação de animais de pequeno porte, a exemplo de cabras e ovelhas, isso em 1993, ano do primeiro casamento de Seu Pedrinho e logo depois o nascimento de seu filho Murilo.

Após passar por tempos difíceis de estiagem e perder roçado e gado, o agricultor diz que as secas deixaram o seguinte aprendizado: “Cabra fraco que mora no Semiárido cria gado de ousado”. Ele passou, assim, a dedicar seu tempo a criação de cabras e ovelhas e plantio de plantas forrageiras. "O bode é mais fácil pra criar na ração e na lida diária", pontua Pedrinho. Nessa época, dona Mariza está morando em Juazeiro e trabalhando em casa de família para garantir os estudos dos filhos. “Lutei muito pra formar meus filhos... eu falava pro meu marido, se você quiser voltar pra roça, volta sozinho, meus filhos vão estudar”, diz a agricultora.

Anos depois, com os filhos já formados no ensino médio e trabalhando, Mariza se separa do marido. Em 2010, com Pedrinho também separado da esposa, Mariza e Pedrinho se encontram e começam a construir uma linda relação de cumplicidade, respeito e amor. Juntos, eles dedicam a vida ao cuidado das cabras e ovelhas, criação de galinhas, plantio de forrageiras, atividades asseguradas pelo acesso à água, através das cinco linhas de água presentes na propriedade.

A água para família guardada na cisterna de consumo humano; água para comunidade encontrada na barragem e barreiro; água para produção armazenada na cisterna-calçadão, barreiro trincheira; água de emergência através do carro-pipa e cacimba e, por fim, a água do meio ambiente presente na área de Fundo de Pasto, onde a vegetação está preservada, iniciativa para garantir o ciclo natural da água.

As ações de Convivência com o Semiárido, aliadas ao acesso às políticas públicas, permitem uma vida digna e feliz ao casal, que hoje tem mais um motivo de alegria, a neta, Ana Letícia, que está morando com os avós. Outro motivo de felicidade e orgulho para seu Pedrinho é afirmar que Cachoeirinha é um lugar bom pra viver. "Fico tão feliz quando vejo que as pessoas estão voltando para morar aqui".

Texto: Comunicação Irpaa

Foto: Eixo Clima e Água


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