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Representantes de 10 municípios baianos se reúnem em Juazeiro e discutem temas relacionados à Segurança Alimentar e Nutricional

Representantes de 10 municípios baianos se reúnem em Juazeiro e discutem temas relacionados à Segurança Alimentar e Nutricional

O combate à fome é urgente e precisa ser debatido em todas as esferas da sociedade, das bases populares aos órgãos responsáveis pela implementação e efetivação de políticas públicas voltadas aos povos empobrecidos.

Diante desta realidade, é preciso somar forças para garantir alimentação de qualidade e em quantidade adequada para as pessoas. Por isso, foi realizado o encontro “Estudos Estaduais de Políticas de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN)”, nesta terça e quarta-feira (6), no Centro de Formação Dom José Rodrigues (CFDJR), a roça do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), em Juazeiro-BA. A atividade teve como objetivos: refletir sobre o combate à fome e a política de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) na Bahia; conhecer programas e equipamentos de SAN; dialogar sobre o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE); além de compartilhar experiências de Convivência com o Semiárido.

O encontro reuniu lideranças de comunidades assessoradas pelo Irpaa ou Movimento de Organização Comunitária (MOC), através do projeto Agenda 2030 no Semiárido baiano; além de representantes de órgãos públicos dos municípios de Juazeiro, Campo Formoso, Curaçá, Casa Nova, Sento Sé, Santaluz, Araci, Barrocas, Teofilândia e Nova Fátima. Durante as atividades houve partilhas de conhecimento, análise da conjuntura social e política da Bahia e planejamento de ações em torno da Segurança Alimentar e Nutricional nos territórios.

A integrante da Cooperativa Sertão Forte, Silvanda Moraes, do município de Casa Nova, destaca a necessidade de discussões como essa para contribuir no combate à fome. “Principalmente para quem está em insegurança alimentar, que não tem certo o que comer. Então nós, como sociedade civil, como grupos organizados, temos esse dever de buscar mecanismos, políticas para levar esse acesso a essa população”.

Além das discussões, os/as participantes visitaram o quintal produtivo da família de Ana Lúcia Moura e Anselmo Cordeiro, que moram e produzem na área do CFDJR. No local foi possível conhecer: experiências e estratégias de cultivo, importância das sementes crioulas, compostagem, canteiro econômico e biodigestor. A produção agroecológica gerada garante 70% da alimentação da família e os 30% restantes são supridos a partir da comercialização do excedente, que representa parte da renda familiar.

O colaborador do Irpaa, Paulo César Santos, que acompanha as ações do projeto Agenda 2030, destaca que a família de Ana e Anselmo “consegue mostrar todo o seu quintal produtivo, a sua metodologia, as tecnologias que têm, o medidor de chuva, que a partir disso a família consegue saber quanto de chuva cai na sua casa e, a partir disso, dimensionar o que vai plantar, a quantidade; conhecemos a questão da produção dos canteiros, da compostagem, do biodigestor. Então, todas essas tecnologias que estão ali dentro do quintal produtivo e que contribui para esse bem viver familiar”.

Encantada com a experiência produtiva e sustentável da família, Silvanda reflete: “São coisas simples que a gente poderia estar fazendo nas nossas casas, nas nossas comunidades e que a gente ainda não adota, por falta de conhecimento (...) estar aqui vai me fazer levar mais conhecimentos para as pessoas lá e que a gente possa fazer essa revolução dentro do município de Casa Nova também”.

Fortalecer o acesso das famílias e grupos ao PAA e PNAE é essencial para a garantia da segurança alimentar e nutricional. Nesse sentido, o presidente do Irpaa, José Moacir dos Santos, destaca a troca de experiências em relação ao PAA e o PNAE e pontua que, através da assessoria realizada pelo Irpaa e Moc aos grupos organizados, “a gente vai poder de fato contribuir para ampliar a experiência positiva que é produzir comida de verdade e fornecer para o PAA, para o PNAE, ao mesmo tempo estimular a participação de jovens e mulheres nos espaços públicos, nos espaços de decisão”.

A integrante da Cooperfatima, Patrícia de Jesus, do município de Nova Fátima, ressalta a oportunidade de conhecer os benefícios do reúso de águas, por exemplo. “O reaproveitamento, achei maravilhoso, tanto de alimentos quanto de água, que eu já tinha ouvido falar, mas nunca tinha visto de perto. Água (do reator UASB) para você molhar até a plantação de alimentos para os animais, a palma, o capim”.

Paulo César também destaca os benefícios do saneamento rural e como ele está diretamente relacionado à Segurança Alimentar e Nutricional. “O saneamento, o sistema de tratamento de esgoto e reúso de água, além de contribuir para essa questão ambiental, pois aquele esgoto não vai mais contaminar os solos, os riachos, os lençóis freáticos. Então, a partir desse tratamento, a família consegue, além de utilizar água, que já é escassa na nossa região, um reaproveitamento. Através do tratamento, ela vai poder molhar, por exemplo, algumas fruteiras como a mamão, acerola, ou fazer um plantio de uma área de pastagem para os animais. Tudo isso vai contribuir nessa segurança alimentar também da família, porque ela vai estar reaproveitando a água, para o cultivo de plantas frutíferas e alimentares (forrageiras para a criação)”.

Realizar espaços de discussão e construção como esse é fundamental, como ressalta o presidente do MOC, Naidison Baptista. “A gente vive num país que tem fome, a gente vive num país em que as pessoas não se alimentam direito, que milhões de pessoas estão privadas de se alimentar. Então, ter a possibilidade, o Irpaa e o MOC, de juntar lideranças, como as que nós juntamos, para refletir sobre segurança alimentar e nutricional, aprofundar o conhecimento sobre segurança alimentar e nutricional e encaminhar ações que essas lideranças vão fazer em relação a ampliar a segurança alimentar e nutricional é algo ímpar”.

Ao final do encontro, os/as participantes se comprometeram com o fortalecimento das discussões e/ou implementações dos Conselhos Municipais de Segurança Alimentar e Nutricional, lei de saneamento básico e tecnologias sociais de saneamento rural; além de viabilizar maior acesso ao PAA e PNAE nos municípios em que o Agenda 2030 atua. Nessa perspectiva, Naidison, reforça: “Nós criamos uma reflexão que desemboca em ação, ou seja, nós mexemos com conhecimento para mudar a realidade”.

Garantir uma alimentação saudável perpassa por vários âmbitos, desde produção agroecológica, comercialização justa, políticas públicas voltadas à alimentação e requer o envolvimento de diversos atores sociais. A sociedade civil organizada, a partir de iniciativas como essa, contribuem significativamente para avançar no combate à fome, através, por exemplo, do fortalecimento da agricultura familiar nos territórios.

A atividade, realizada pelo Irpaa e MOC, faz parte do projeto "Agenda 2030 no Semiárido baiano”, com apoio da Horizont3000 - organização não-governamental austríaca de cooperação para o desenvolvimento- com fundos procedentes da Comissão europeia; Sei So Frei Graz; DKA; Cooperação Austríaca/ Austrian Development Agency (ADA).


Texto e Fotos: Lorena Simas | Edição: Vagner Gonçalves
Eixo Educação e Comunicação do Irpaa

 


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