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Racismo estrutural é tema de formação para equipe de colaboradores/as do Irpaa

Racismo estrutural é tema de formação para equipe de colaboradores/as do Irpaa

Compreender que o racismo foi embasado na ciência, que o pensamento iluminista fundamentou ações discriminatórias, distinguindo entre os considerados “civilizados” e os rotulados como “selvagens”, “inferiores” e “desumanizados”; o que resultou nos processos de escravização de outros povos e do imperialismo. Entender também que o nosso país, desde o período da invasão e exploração portuguesa, privilegiou pessoas brancas, em detrimento dos povos originários, dos negros africanos escravizados e de seus descendentes. Todas essas discussões foram abordadas em um dia de estudo realizado nesta segunda-feira(13), pelo Irpaa, para a equipe de colaboradores/as da instituição, bem como para estudantes da república e estagiário.

As discussões, que aconteceram no Centro de Formação Dom José Rodrigues, também abordaram temas relacionados às formas como o racismo está estruturado no Brasil, embasado nas leis. Só para termos uma ideia da dimensão do quanto os privilégios criaram as bases para negação de direitos ao povo negro, nos anos 1800, além das pessoas escravizadas serem consideradas mercadorias, as crianças negras eram probidas de estudar nas escolas; enquanto os/negros/as foram abandonados à própria sorte, imigrantes europeus foram apoiados pelo ‘Estado’ com passagens, concessão de terras e incentivos para a produção agrícola. Os impactos desse sistema estruturado, que foi montado, seguem até os dias atuais, destacando a necessidade de políticas de reparação, com as ações afirmativas através das cotas, por exemplo.

Outro aspecto abordado foi em relação a como as pessoas negras enfrentam o racismo no dia a dia e como a instituição e os/as colaboradores/as podem contribuir na luta antirracista. Também foi ressaltada a importância de valorizar a cultura afro-brasileira, presente em diversos elementos da nossa vida, desde a culinária até a diversidade de religiões de matriz africana.

Com toda essa bagagem de conhecimento, o colaborador do Irpaa, Alessandro Santana, reconhece que a formação “é um passo necessário para que a gente possa movimentar outros espaços, seja nas coordenações de projetos, seja no eixo (no Irpaa, os chamados setores/departamentos são ‘Eixos’) em que a gente está, nas comunidades. Discutir agora, internamente, ter a franqueza de poder conversar, ouvir as experiências das vivências que a gente enfrenta como pessoa negra e poder ter um espaço franco de debate isso já é um passo necessário, um avanço muito muito importante”.

Nesse sentido, a colaboradora Lorena Simas, também destaca a relevância das discussões, tendo em vista a diversidade de públicos atendidos durante a atuação profissional. “A nossa equipe está voltada a ações, a atividades com outros grupos, com comunidades rurais, jovens, mulheres, comunidades quilombolas, com outros parceiros institucionais, atuação em rede; então, é fundamental a gente ter a consciência e a sensibilização sobre a importância de tratar sobre racismo estrutural e a forma como ele está colocado na nossa sociedade”.

Lorena também pontuou que, no dia de estudo, houve debates para pensar estratégias “de como a gente, enquanto instituição e também enquanto pessoas, indivíduos, podemos trabalhar, exercer atividades, discussões, para combater o racismo estrutural”. Esse combate, reforça Lorena, precisa partir do entendimento de que “não basta não ser racista, a gente precisa ser antirracista”; e que essa luta precisa ser destacada ao longo de todas as ações.

“É importante a gente frisar, que muitas vezes a gente escuta por aí a questão de ‘ah, precisamos defender a consciência humana, porque todos são humanos’, mas, diante o cenário que a gente tem estabelecido na nossa sociedade, é muito importante que a gente demarque o lugar da Consciência Negra; e que ela seja debatida não apenas em novembro, mas em todos os dias, em todas as nossas ações”, enfatiza Lorena.

Para o presidente do Irpaa, José Moacir dos Santos, outro aspecto importante sobre o tema do racismo é a compreensão de que a luta por justiça social, em benefício das pessoas empobrecidas, precisa passar por esse debate que foi realizado durante a atividade.

“Um dos grandes desafios do enfrentamento à pobreza é reconhecer que o racismo é um dos elementos estruturantes da pobreza. Então, compreender isso, o que é racismo, o que é racismo estrutural, o que sustenta esse racismo e como combater isso é fundamental para que a equipe consiga desenvolver esse trabalho internamente, na instituição, e depois junto às pessoas que assessora”.

Moacir também destacou o fato da própria equipe preparar e conduzir as discussões do encontro, ressaltando especialmente que existem oportunidades de combate ao racismo por meio de ações tanto dentro quanto fora da instituição. Por isso, ele enaltece essa iniciativa, que representa a continuidade de outras ações realizadas ao longo do tempo com essa temática.

“Foi muito bom, a equipe conseguiu discutir com muita seriedade e tranquilidade, colocar os pontos, no sentido de vítima do racismo; e também as pessoas brancas, de privilégio por ser branco, reconhecer isso, [precisa] apoiar a luta antirracista. Então, foi um passo grande,não é a única vez, vamos sentar mais vezes, discutir, entender direitinho isso, produzir material didático e também fazer essa discussão junto às outras entidades e o público que a gente assessora”, conclui o presidente.

Texto e fotos: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa
 


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