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"A gente quer melhorar de vida onde a gente mora", diz jovem reafirmando o desejo de permanecer no campo

Se anos atrás meninos com brinco na orelha, aparelho nos dentes, cordão no pescoço e sobrancelha desenhada eram novidades para quem vive no campo, hoje não é mais. A juventude tem contribuído significativamente para estreitar as distâncias entre o meio urbano e o meio rural e as tendências da moda, mais visíveis por meio dos/das jovens, já são comuns nos dois ambientes.

No distrito de Juremal, em Juazeiro, os adolescentes e jovens que se dedicam a música e seguem fielmente a moda desde o corte de cabelo até os acessórios usados, também são agricultores. Eles aprendem no dia a dia tarefas próprias da labuta para garantir a renda da família a partir da caprinovinocultura.

Com a compreensão de que é preciso se preparar para o período da estiagem, três jovens passaram a cultivar sorgo e milho para alimentar os animais e assim complementar o pasto disponível na Caatinga ou evitar comprar ração durante a seca. Uanderson da Conceição, da comunidade de Olho d’Água, conta que os animais agora estão aproveitando o pasto que surgiu com as últimas chuvas, mas lembra que foi no período mais seco que eles idealizaram o plantio que estão colhendo agora.

De acordo com a Agente Comunitária Rural (ACR), Marciela de Oliveira, estas práticas vem crescendo na comunidade. “Temos agricultor que já está fazendo e uns vão passando para os outros, estão vendo que realmente dá certo, que tem que fazer, tem que produzir ração”, relata a jovem.

De acordo com os jovens esses aprendizados acontecem no dia a dia, não são vistos, por exemplo, na escola, que, segundo eles, não trabalham conteúdos voltados para o campo. O jovem agricultor João Ricardo Duarte defende a importância de aprender práticas apropriadas à região, pois, “a gente não quer sair pra fora pra melhorar de vida, a gente quer melhorar de vida onde a gente mora, quer que a nossa comunidade seja vista, né? Não quer sair daqui pra ir estudar fora e deixar nossa comunidade esquecida”.

Quem tem também essa compreensão é o agricultor João Batista, que há dois anos já vem produzindo ração para seu rebanho e foi convidado a compartilhar sua experiência com a produção de silo na manhã desta terça (12) na comunidade de Olho d’Água, durante Roda de Aprendizagem realizada pelo Pró-Semiárido, projeto da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR/SDR), executado pelo Irpaa.

Seu João é firme em dizer que “quem não guardar o alimento pros animais, não cria”, pois segundo ele sai caro, não compensa se houver necessidade de comprar ração no comércio. Ele diz que após a seca de 2012 e ao participar de diversas formações, despertou para a importância do armazenamento da forragem.

Roda de Aprendizagem

“A seca sempre existe, a gente aprende a conviver com ela, acabar não”, reafirma o criador Leonardo Trindade, antes de iniciar mutirão para produção de silo a partir do sorgo cultivado pelos jovens de Olho d’Água. A prática aconteceu durante Roda de Aprendizagem realizada no Território Sertão Forte, que compreende as comunidades de Riacho do Meio e Olho d’Água, Atrás da Serra, Fortaleza e Lagoa do Angico.

De acordo com a colaboradora do Irpaa, Maiara Carvalho, as Rodas de Aprendizagem permitem adotar a metodologia da troca de experiências entre as/os agricultores e agricultoras. Ela também destaca a participação da juventude nesta atividade, considerando a importância do envolvimento deste segmento nessas práticas de Convivência com o Semiárido.

Durante a atividade, o grupo formado por homens e mulheres, sendo adultos, jovens e crianças, produziu 20 sacos de em média 45 kg de silo, os quais podem ser fornecidos aos animais após 45 dias de ensacados, tendo um prazo de validade estimado de até 04 anos, a depender das condições de armazenamento.

Antes de se dividir em duplas para cortar o sorgo, triturar na forrageira e ensacar com cuidado para não deixar ar, o grupo discutiu algumas vantagens de cultivar sorgo em vez de milho, ainda bastante usado na região. O sorgo exige menor quantidade de água, por isso se adapta bem a região semiárida. Além disso, ao ser cortado, ele rebrota e após cerca de 30 dias já pode ser realizada nova colheita. Ao longo da conversa, as dicas iam sendo compartilhadas entre as/os agricultores/as, a exemplo da informação de que o sorgo só deve ser colhido a partir de um metro de altura, uma vez que antes de atingir esse tamanho a planta possui um ácido tóxico que pode prejudicar os animais.

Para João Ricardo, esses momentos representam “um incentivo... pra gente aprender a fazer silagem, pra quando chegar a seca a gente ter e dá aos animais”. É possível dizer que esses jovens agora também apostam no cultivo de forragens para alimentar a criação de caprinos e ovinos e os cavalos, que, para eles, são motivos de muita alegria no campo.

João Batista destaca ainda a importância da união da comunidade, o que facilita o processo de produção. Esses projetos, para ele, ajuda a comunidade compreender que é preciso guardar a ração se quiser ter bons resultados com a caprinovinocultura.


Texto e fotos: Comunicação Irpaa


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