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Jovens lideranças comunitárias discutem Comunicação, Educação e realizam manifestação no 11º Festival do Umbu, em Uauá

Jovens lideranças comunitárias discutem Comunicação, Educação e realizam manifestação no 11º Festival do Umbu, em Uauá

“(...) Nas caatingas, nas fábricas, nas filas.
Com muita força e coragem de lutar.
É a juventude do Meio Popular (...)”

Embalados pela canção Ileaô, a juventude que participa do Curso de Formação Continuada de Jovens Lideranças para Convivência com o Semiárido (CFJL), se animou e participou do 2º módulo do curso que abordou temas em torno da Comunicação, Educação e Convivência com o Semiárido. Discussões, dinâmicas, oficinas e produção de conteúdo midiático, fizeram parte da programação que aconteceu de 1º a 3 de março, no Centro de Formação Dom José Rodrigues (CFDJR), a roça do Irpaa, em Juazeiro-BA. Além do 2º Encontro das Juventudes do Semiárido, realizado durante o 11º Festival do Umbu, em Uauá-BA.

Assim, o curso tem como objetivo contribuir com a formação política e prática de militantes jovens, preparando para ocupar espaços nas associações e movimentos populares em defesa da Convivência com o Semiárido. Para isso, reúne de forma presencial e virtual, jovens entre 15 e 29 anos, de comunidades tradicionais, famílias agricultoras e jovens de periferias dos Territórios de Identidade Sertão do São Francisco (TSSF) e Piemonte do Itapicuru (TIPNI).

Durante o módulo foram abordados assuntos como: Comunicação, Democratização da comunicação, comunicação popular e comunitária, Educação Contextualizada para Convivência com o Semiárido e crítica da mídia. Muito animada com a formação, a jovem indígena, Jaciara Tuxi, do município de Abaré, fala que “ foi um encontro de várias experiências, foi um módulo bem flexível e tivemos discussões de várias temáticas importantes a serem refletidas, [por exemplo] como a mídia mostra o Semiárido e como os meios de comunicação estão concentrados em mãos de políticos. Eles passam nossa imagem como chão rachado, que não tem expectativa de vida no Semiárido, no qual a gente, por viver a realidade, sabemos que tudo isso são estereótipos, e que eles só querem nos manipular. E sim, temos um Semiárido rico, cheio de esperança, e o problema não é a seca, e sim a cerca”.

Os cursistas participaram também de um momento com práticas de Yoga, visando sensibilizar a juventude sobre a importância da percepção do corpo, e como isso está alinhado às discussões acerca da Comunicação e Educação e também nas lutas pela garantia dos direitos. Uma vez que, é preciso que o corpo esteja bem para poder compreender o entorno e transformá-lo. A jovem Cilene de Sousa fala sobre a experiência da prática de Yoga, “O yoga também foi bastante produtivo para a gente. Não, não esperava, eu me senti bem relaxada mesmo. Vai contribuir bastante”.

Ainda na programação do curso, os jovens tiveram a oportunidade de conhecer o 11º Festival do Umbu, em Uauá, que além de comemorar a safra do umbu, fruto típica da Caatinga, deve valorizar os agricultores/as familiares, os processos de beneficiamento, dá visibilidade aos potenciais da região semiárida, além da comercialização dos produtos da agricultura familiar. A jovem Débora da Silva, da comunidade Piçarrão, em Sento Sé, integrante do Movimento Atingidos por Barragem (MAB), fala que o Festival do Umbu, “Possibilita ao agricultor que seus produtos tenham mais visibilidade”.

Além de visitar os estandes, conhecer, adquirir e/ou consumir alguns produtos da agricultura familiar, os jovens tiveram a oportunidade de participar da oficina Educomunicação. Em relação aos conteúdos desta formação, a jovem Wickshinne Loiola, da comunidade Lagoa da Bananeira, em Pilão Arcado, conta que foi interessante conhecer sobre educomunicação e todas as suas possibilidades para potencializar o senso crítico “observar o que vem acontecendo ao nosso redor, pra gente se perceber e perceber o todo de forma crítica. A gente sempre observar e questionar o que a gente tá vivendo, o que tá acontecendo, quais são os interesses dos outros e o que a gente pode utilizar para também reivindicar os nossos interesses e direitos”.

Durante o Festival do Umbu, os jovens realizaram ainda o 2º Encontro das Juventudes do Semiárido, na Praça São João Batista, em Uauá. O momento que teve como objetivo reafirmar e cobrar as pautas levantadas durante o 1º Encontro realizado em agosto de 2023, durante o Semiárido Show, em Petrolina-PE, contou com a participação de jovens da República de Estudantes do Irpaa, Jovens CUC, Raízes Culturalizadas Nordestinas, estudantes de Escolas Famílias Agrícolas (EFA´s), jovens indígenas, MAB, Movimento Popular pela Soberania na Mineração (MAM) e Articulação Estadual de Fundo de Pasto.

Aproveitando a realização do Festival e da presença de políticos no evento, os jovens percorreram o espaço da feira em manifestação, reivindicando pautas e evidenciando a importância da juventude também nestes espaços. Essa foi a primeira vez que a jovem Daniela Rodrigues, presidenta da Associação da comunidade Sítio, em Sento Sé, participou de uma manifestação “Foi maravilhoso, porque até então não tinha feito manifestação e vê o olhar das pessoas, dos que apoiam e dos que nos julgam [pelos] nossos gritos de guerra”, destaca Daniela.

O ato da juventude também foi marcante para Jaciara, que destaca o momento como um dos melhores da formação. “Ainda não tinha participado de um manifesto parecido assim como o que foi (...) Tinha os cartazes com várias demandas diferentes. Porque tinha uma diversidade de jovens”.

Ela complementa ainda a importância da juventude reivindicar seus direitos e se manifestar, mesmo que sejam negados. “Um ponto que me chamou atenção também foi os gritos de ordem. Porque eles nos deram mais força pra prosseguir. Pra estar mostrando que a gente estava lá. Pra buscar nosso espaço que foi negado. Que foi negado justamente porque estavam tentando nos silenciar enquanto jovens. Então, aqueles gritos, foi um momento de tanto entusiasmo que chegou até a me arrepiar, sabe? E quando a gente entrou no festival, que todos começaram a observar, eu percebi que, de certa forma, estávamos incomodando. Então, enquanto não atender às nossas demandas de políticas públicas, a gente vai continuar incomodando. E cada vez com mais força”.

Momentos como esses evidenciam a importância das formações voltadas para a juventude, que despertam o senso crítico e sensibilizam acerca da necessidade de produzir conteúdos sobre o seu lugar e valorizar a educação que parte da sua realidade. Além de buscar a garantia dos direitos também através das manifestações.

O Curso de Formação Continuada de Jovens Lideranças para Convivência com o Semiárido (CFJL), realizado pelo Irpaa, iniciou em setembro de 2023 e segue até 2025.

Texto e fotos: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa
 


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