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Congresso Internacional de Educação do Campo inicia suas atividades no Brasil com etapas regionais

Congresso Internacional de Educação do Campo inicia suas atividades no Brasil com etapas regionais

Nos dias 17 e 18 de agosto foi realizada a etapa Nordeste de preparação para o Congresso Internacional de Educação em Territórios Rurais e Educação do Campo. O evento tem como objetivo conhecer a presença/ausência das políticas públicas nas escolas do/no campo e quais as práticas institucionais a nível regional, nacional e internacional. O púbico alvo do congresso são docentes da educação básica e do ensino superior, pesquisadores/as, dirigentes e educadores/as dos movimentos sociais.

O Fórum Nacional de Educação do Campo (Fonec) é a representação política responsável em articular as experiências educativas em desenvolvimento no país, preparando-se para a participação do congresso no próximo ano, que será realizado na Espanha, e conta com envolvimento de 17 países.

A mesa de abertura do dia 17 teve como tema “Modelos de desenvolvimento em disputa na região Nordeste: desafios e perspectivas para Educação do e no Campo e Agroecologia”. A coordenação do debate foi feita pela professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Celi Taffarel; e como palestrantes participaram: a dirigente nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Leila Santana, e o professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Jonas Duarte.

Esta mesa teve como propósito aprofundar a discussão sobre os modelos de desenvolvimento existentes no Nordeste e quais são as contradições que permeiam esses modelos em disputa em nossos territórios. Jonas Duarte em sua apresentação fez uma breve caracterização de como ocorreu o processo de colonização e industrialização do Brasil e do Nordeste.

O professor contou que na região Nordeste existe vários nordestes. Existe o nordeste das capitais industrializadas, como Recife e Fortaleza, o nordeste representado pelas oligarquias agrárias das regiões semiáridas e o nordeste dos canais de irrigação que se associa com o capital internacional e mercantil. Em contraposição a esses modelos, Jonas afirmou que as lutas camponesas, iniciadas na década de 1980, deram base para uma reflexão e proposição aprofundada sobre um projeto político alternativo para a região. “Começou-se a se produzir uma nova perspectiva, uma perspectiva contrária a essa do agronegócio (…) essa nova visão de campo produziu, demandou um novo projeto de educação”, destacou.

Leila Santana, representante do MPA, comentou que o capitalismo no campo se apresenta de diversas formas, como agronegócio, mineração, hidronegócio, que pregam progresso, mas deixam apenas subalternização e exploração. Ela reafirmou que a luta dos povos campesinos é diária, pela defesa de suas terras e territórios, pela garantia da sua autonomia política e soberania alimentar.

A dirigente do MPA destaca que, a partir das iniciativas de organização e luta camponesa, está em curso a construção de um sistema alimentar agroecológico, baseado em saberes populares, em economias locais, regionais, territoriais e no protagonismo dos sujeitos sociais dentro dos seus territórios. “O sistema agroecológico produz alimento limpo, sem veneno, diversificado, com uma rica diversidade, afirmando a cultura alimentar dos povos”, reforçou Leila.

Na manhã do segundo dia, foram realizadas apresentações das experiências relacionadas à educação do campo, com o objetivo de dar visibilidade e partilhar os aprendizados que vem sendo trabalhados pelos movimentos e organizações sociais e com as instituições de ensino. Ao total foram inscritas para apresentação 79 experiências, divididas em 16 salas temáticas e com a participação de 282 pessoas.

A mesa de encerramento com o tema “Políticas de Educação e as Escolas do e no Campo na Região Nordeste” contou com mediação de Iracema Lima representante do Fórum Estadual de Educação do Campo da Bahia que ressaltou o processo de luta e conquista dos Marcos legais que dão forma e conteúdo à política de educação do campo no Brasil. Participaram da discussão a dirigente do MST do Ceará, Maria de Jesus, e a professora da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Socorro Silva.

Socorro em sua fala destacou como a Educação do Campo está alicerçada numa perspectiva contra hegemônica, e que se fundamenta na defesa da Agricultura Familiar Camponesa, da Reforma Agrária, da Soberania Alimentar, da Agroecologia, da Biodiversidade e dos Territórios. “Nesse momento, estamos extremamente desafiados por essa lógica que está permeando as políticas educacionais, que é uma lógica neotecnicista, que é uma lógica capitaneada pelos reformadores empresariais da educação”, enfatizou a professora.

Ela também faz uma crítica à visão urbanocêntrica que se faz presente nas escolas do campo, mas que os avanços já obtidos no que tange as políticas públicas e o fortalecimento da luta unitária dos movimentos sociais têm alcançado grandes conquistas.

A representante do MST, Maria de Jesus, afirmou que o aumento da concentração da terra, desmatamento das florestas, contaminação de alimentos, dos solos e das águas por agrotóxicos são consequências negativas deixadas pelo modelo capitalista para os povos do campo, das águas e das florestas. Ela também fez uma denúncia acerca das prioridades do governo, que não é garantir condições mínimas para a população, e sim beneficiar grandes grupos econômicos do setor financeiro do país.

“A prioridade deste Estado é a expropriação dos direitos da classe camponesa, e nós precisamos denunciar. A PEC 95, que limita os gastos com saúde e educação, ela também prevê gastos ilimitados para pagar os juros da dívida interna do nosso país (…) Quase 50% do orçamento público está indo para a mão de bancos, de especuladores e que maioria da população está sofrendo as consequências desta realidade”, apontou a dirigente do MST.

Como apontamento para os próximos períodos, Maria destacou a necessidade de unificar nos estados, ações de luta em defesa da Educação do campo, constituir núcleos de articulação política e combater o fechamento das escolas do campo. Ela também reforçou que a educação não pode ser tratada como negócio; e que a participação popular deve ser um princípio na construção das políticas educacionais, pois educação é um direito.

No total inscreveram-se para particiar da etapa nordeste do congresso 950 pessoas. As lives de abertura e encerramento da etapa Nordeste do congresso já estão disponíveis no canal TV Fonec no YouTube.

Texto: Eixo Educação e Comunicação
Foto: Divulgação 


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