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Educação Contextualizada para a Convivência com o Semiárido é tema de oficina com educadores/as em Curaçá

Educação Contextualizada para a Convivência com o Semiárido é tema de oficina com educadores/as em Curaçá

A construção de uma Educação Contextualizada para a Convivência com o Semiárido está relacionada a diversos fatores como, descolonização do saber; aproximação entre escola, comunidade e família; conexão com a realidade local; respeito aos saberes dos/as estudantes; fortalecimento das potencialidades regionais; rompimento do padrão engessado de conteúdos prontos; dentre outros, que permitem a promoção de uma educação significativa. Visando fortalecer essa abordagem, na última quarta-feira (29), em Curaçá-BA, foi realizada uma oficina sobre Educação Contextualizada para a Convivência com o Semiárido.

O momento, marcado por muita interação, reflexão e planejamento, contou com a elaboração de uma árvore e chuva da contextualização. Atividades nas quais os/as participantes dentre professores/as, coordenadores/as pedagógicos, diretores/as e integrantes da secretaria de Educação de Curaçá puderam compartilhar experiências contextualizadas nos espaços educacionais e construir, a partir do tema norteador, a Caatinga, quais temáticas são essenciais para se trabalhar com os/as estudantes do campo e da cidade. A oficina contou também com a participação de educadores/as dos municípios de Uauá e Canudos.

Durante a oficina, a mãe e professora Maria Alice dos Santos, que ministra aulas na Escola Municipal Edith Gomes, na comunidade Projeto Pedra Branca, em Curaçá, compartilhou um relato sobre como a educação contextualizada transformou e deu sentido a vida de um de seus filhos, que por várias vezes cogitou sair da escola por não vê sentido naquela construção. Mas a partir da possibilidade de vivenciar um ensino contextualizado, descobriu que podia estudar e trabalhar com o que se identificava: a criação e a agricultura.

Além do relato que emocionou a todos/as presentes, uma prova do poder da Educação Contextualizada, Maria Alice reforçou ainda que “a educação contextualizada faz uma diferença enorme na vida de um ser humano, porque ela trabalha com perspectiva de mudança de vida para melhor. Ela trabalha com a questão da valorização do ser humano. Ela traz a importância do estudo, valorizar sua localidade, valorizar suas origens”.

Maria Alice reflete também sobre qual tem sido a recepção da juventude, em relação ao modelo de educação que desconsidera o contexto. “Hoje a gente vê tantos jovens na escola e eles muitas vezes não sabem nem por que estão estudando, nem para que estão estudando. Então a educação contextualizada vai trabalhando isso. E o adolescente, a criança, o jovem vai sentindo a necessidade e o prazer de estar cada vez mais aprendendo”.

A nutricionista da secretaria de Educação de Curaçá, Charline Lins, uma das responsáveis pela alimentação escolar no município, destacou a importância de se discutir acerca da identidade alimentar dos estudantes, a história de vida da comunidade, da família e como a merenda escolar pode se inserir nesse contexto. Charline afirmou ainda que participar desta oficina vai refletir no cardápio planejado para os estudantes da rede municipal “é algo real que vai sim estar refletindo na questão do cardápio, vai estar refletindo na comunicação que a gente tem com as escolas, com gestor, com diretor, (...) a gente possa estar construindo uma nova forma, é uma forma mais acolhedora, empática, nesse sentido da gente olhar tudo como um certo contexto, que é bio, sócio, econômico, cultural”.

Conhecer a realidade e despertar o sentimento de pertencimento são alguns dos resultados dos processos de ensino aprendizagem que partem da contextualização. Sobre esses pontos, a coordenadora pedagógica Emanuela Cristina Mesquita, do Colégio Municipal Doutor Cipião Torres, localizada na sede de Curaçá, compartilha “quando a gente vai pras realidades dos alunos, quando você vê esses adolescentes adoecidos, você sente muito a falta, tem uma ausência muito grande desse pertencimento que vai desde do avô, de toda a ancestralidade, do lugar onde ele está, da família, que assim, às vezes dá uma preocupação um aluno não conhecer o avô, não saber a data de aniversário do irmão e não saber a história de sua família”.

A Educação Contextualizada para a Convivência com o Semiárido torna a aprendizagem dos/as estudantes bem mais significativa, pois se torna compreensível o motivo pelo qual estudar determinados assuntos, por exemplo. É possível se reconhecer, se sentir pertencente ao processo de ensino aprendizagem, criar conteúdos e ser valorizado pelo que é.

Retomada e fortalecimento da Educação Contextualizada

Esse momento foi considerado, a partir da fala de muitos participantes como uma retomada da Educação Contextualizada para a Convivência com o Semiárido, no município de Curaçá. É o que reforça Emanuela Cristina Mesquita, “Retomando, que não é que não acontece, mas se não for dito o tempo inteiro, a gente vai ficando com isso em segundo plano, e não deve ser em segundo plano, acho que valorizar onde você está e se adequar à realidade é fundamental, se adequar ao novo também, mas sem deixar essa parte do pertencimento, desde a natureza, questão cultural, é muito importante”.

Em relação às práticas contextualizadas na educação e a contribuição desta Oficina para o fortalecimento da Educação contextualizada no município, a integrante da secretaria de Educação de Curaçá, Maria de Fátima Fernandes, faz uma reflexão interessante.

“Não adianta as pessoas acharem ou ficarem colocando como se vai chegar o momento que toda rede vai estar envolvida e todo mundo vai estar pronto. Acredito que é como a gente viveu o processo de construção da proposta, né, alguns mais encantados, outros mais descrentes, o fato é que a gente chegou a um produto e que esse produto influencia nosso jeito de pensar e de atuar como educador até hoje, e vai se manter, porque depende muito da prática da gente hoje. Então, quando realizamos um momento como esse, eu não tenho dúvida que a gente faz um despertar com algumas pessoas”, afirma Maria de Fátima.

Fátima, que participou das primeiras discussões e construções acerca da Educação Contextualizada, ainda nos anos 2000, destaca o quanto esse momento é significativo para a educação curaçaense. “Quando a gente vem para uma oficina dessa, quando faz essas vivências como, por exemplo, a chuva da contextualização e que ali a gente traz sugestões de temas, de outros objetos de conhecimento ou de conteúdo mesmo que podem ser trabalhados, para mim é como se a gente realmente olhasse para tudo isso e ressignificasse, e dizer, bom, não precisa ser talvez os mesmos termos que tem lá na proposta de 20 anos atrás, mas é a gente olhando para isso hoje, o contexto atual, né, por exemplo, a ação das mineradoras há 20 anos atrás em Curaçá não é a mesma de hoje, é muito mais intenso e é muito mais danoso que a gente estava vivendo hoje. Então, a oficina, para mim, ela dialoga diretamente com esse momento atual que a gente está vivendo, dizendo isso é contexto, isso é olhar e isso é ressignificar conteúdos, aprendizagem, enfim”.

A oficina realizada pelo Irpaa, acontecerá também em outros municípios dos Territórios Sertão do São Francisco e Piemonte Norte do Itapicuru com objetivo de fortalecer e divulgar a importância da Educação Contextualizada para a Convivência com o Semiárido. “Além de provocar nos segmentos públicos a efetivação desse modelo de ensino significativo em política educacional municipal, com melhores condições para a prática da contextualização”, pontua a comunicadora e educadora do Irpaa, Lorena Simas.

Essa ação faz parte do projeto "Agenda 2030 no Semiárido baiano”, que conta com o apoio da Horizont3000 - organização não-governamental austríaca de cooperação para o desenvolvimento- com fundos procedentes da Comissão europeia, Sei So Frei Graz, DKA e da Cooperação Austríaca/ Austrian Development Agency (ADA).

Texto e foto: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa 


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