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Agricultores/as assessorados/as e técnicos/as de Ater partilham experiências de sucesso e reafirmam importância das políticas públicas

Agricultores/as assessorados/as e técnicos/as de Ater partilham experiências de sucesso e reafirmam importância das políticas públicas

As práticas de guardar sementes crioulas, fazer o Recaatingamento de áreas degradadas, a reutilização de águas do tratamento de esgoto na produção e o cultivo consorciado em sistema de agrocaatinga foram apresentadas durante o Encontro Interterritorial de Experiências Exitosas da Agricultura Familiar. O evento reuniu na última sexta-feira (23) e sábado (24), no distrito de Carnaíba, em Juazeiro-BA, mais de 100 participantes de 11 municípios dos Territórios de Identidade Sertão do São Francisco e Piemonte Norte do Itapicuru.

Durante o encontro, a jovem experimentadora Bianca Brito, da Comunidade Tradicional de Fundo de Pasto Tamanduá, em Pilão Arcado, aproveitou para conhecer novas possibilidades. “Estar aqui nesse evento é muito importante, falando sobre a experiência da gente e pegando outras experiências. O reúso total de água foi um incentivo, porque a água lá não é suficiente para a gente regar todas as plantas e com o reúso total foi excelente, porque irriga tanto as forrageiras como as frutíferas”.

A experiência exitosa realizada na comunidade e região onde mora Bianca e que foi apresentada no evento é a do banco de sementes crioulas, que tem sido utilizado para garantir a produção. Somente esse ano, a comunidade conseguiu fazer 860 quilos de ração com as plantas forrageiras. Por isso, a jovem agricultora reforça que essa prática serve “para melhorar a vida da gente e a alimentação dos animais, dando ração feita do nosso quintal e não a transgênica que tem nos mercados”, finaliza.

Da mesma forma que a Bianca, a jovem Luana Carvalho, da comunidade Baixinha, em Campo Formoso, também aproveitou o evento para conhecer novas possibilidades. Ela pontuou a importância das mulheres estarem ocupando espaços de formação e partilha e ressalta que isso tudo dá ânimo para continuar as atividades. “Foi importante ver o resultado do Recaatingamento de outras comunidades. No meu território está sendo implantado, já tá fazendo uns dois anos, então a gente tá no processo do fechamento de áreas e de incentivar as pessoas a participarem. Eu vejo que na comunidade já está uns cobrando os outros pela participação, nos mutirões. Ver os resultados das outras comunidades, ver que dá certo, só incentiva mais a gente. E eu posso levar isso pra minha comunidade”, afirma Luana.

A experiência do quintal produtivo da família da Maria Neves, da comunidade Caiçara, distrito de Abóbora, no município de Juazeiro-BA, também esteve entre os resultados apresentados no encontro. A unidade produtiva da Maria é um exemplo de sucesso na integração de diversos sistemas, técnicas e tecnologias. Ela tem, por exemplo, plantio de hortaliças, frutíferas, criação de animais de médio porte e abelhas, faz a cobertura vegetal do solo e utiliza os estercos da criação para fazer o adubo das produções, irrigadas com água de uma cisterna de enxurrada e água de reúso.

Dona Maria ressalta que a mudança na família e na comunidade “veio através da Assessoria Técnica”. O que garantiu autonomia, organização social e diversidade da produção. “Hoje que a gente tem essa experiência lá como organização e foi uma luta muito grande. A minha renda mudou, hoje eu tenho a minha caderneta agroecológica”, confere dona Maria, apontando a importância da caderneta como instrumento de gestão e evidenciamento da produção.

“Com esses programas sociais (políticas públicas), a minha comunidade mudou bastante, hoje é outra visão. Você pode ir lá, você vê a mudança, tanto da nossa área de Recaatingamento, como [aquela proporcionada pela] minha cisterna de produção, que tem plantas nativas que plantei, eu tenho variedades [...] Então, hoje eu tenho minha própria renda, hoje eu posso dizer que eu tenho autonomia”, continuou dona Maria.

Entre os diversos depoimentos dos/as agricultores/as, esteve em destaque a importância da Assessoria Técnica e dos investimentos em políticas públicas direcionadas para a agricultura familiar. A Dona Maria Neves, inclusive, questionou: “o que seria de nós, se não fosse a assistência técnica?”, reforçando em seguida que o trabalho oferecido, muitas vezes, é mais do que técnica, é companheirismo.

Os resultados apresentados no evento são frutos de um projeto executado pelo Irpaa, pela Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc), o Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais (Sasop) e o Serviço de Assistência Socioambiental no Campo e Cidade (Sajuc). As atividades contam com o apoio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), que é um órgão do Governo do Estado da Bahia, com recursos advindos de Acordo de Empréstimo com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).

O diretor-presidente da CAR, Wilson Dias, destacou a importância desse encontro para que os/as agricultores/as conheçam e façam a replicação do que deu certo e também enfatiza que as experiências compartilhadas podem ser precursoras de políticas públicas, em maior escala. “[...] é de você ir demarcando o campo onde essas boas experiências vão se firmando enquanto política pública. Que uma vez foi feita numa pequena escala, com o que se podia fazer, com os recursos disponíveis, mas que ao mesmo tempo se vislumbra para o futuro a execução e a reprodução dela em muitas outras, que vai ajudar a constituir benefícios para coletividade muito maior ainda”, afirma o diretor.

Para que essas práticas sejam fortalecidas, sobretudo como políticas públicas, o coordenador institucional do Irpaa, Clérison Belém, destaca que é importante a união de todas essas instituições que desenvolvem atividades de Ater. “Essas experiências que foram apresentadas, todas elas fazem parte do contexto da Convivência com o Semiárido, que é a principal missão de todas essas organizações. Não adianta a gente ir construindo as nossas ações de forma isolada, mas sim a partir do coletivo, das organizações, dos agricultores, das redes. Porque a gente ganha mais força e a gente consegue pautar todas essas ações como políticas públicas”.

Outra reflexão provocada no evento também está diretamente relacionada ao fortalecimento dos investimentos na Agricultura Familiar. Os/as participantes constataram que se os serviços de Ater e as tecnologias/práticas apresentadas fossem disponibilizadas para todas as comunidades e agricultores/as, a realidade seria muito melhor. Concluíram ainda que o desafio é lutar para manter o que foi conquistado e avançar cada vez mais, principalmente, concretizando essas experiências exitosas como políticas de Estado.

Texto e fotos: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa
 


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