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Agricultores/as familiares recebem selo de conformidade orgânica da produção

Agricultores/as familiares recebem selo de conformidade orgânica da produção

Cerimônia da entrega dos certificados aconteceu na última sexta-feira (2)

Um fim de tarde, à beira do Velho Chico, regado de agradecimentos e felicidade pela conquista dos certificados de conformidade orgânica. O momento representou um passo importante para o fortalecimento da Agroecologia no Território Sertão do São Francisco - TSSF, que pôde ser percebido através do orgulho e da alegria presentes nos rostos sorridentes dos/as agricultores/as que estiveram na solenidade de certificação. O evento aconteceu na última sexta-feira (2), na Vila Bossa Nova, na orla de Juazeiro, e reuniu também representantes das instituições parceiras e técnicos/as que acompanharam o processo de certificação participativa.

Entre as representantes das famílias agricultoras certificadas estava Cléa Pereira, da comunidade Itapera, no município Sento Sé. Em meio a outras produções, se destaca o cultivo de acerola, que, durante o período de safra, chega a render 50 caixas por dia. Já são mais de sete anos de dedicação produzindo de maneira agroecológica e agora, com a conquista deste certificado, ela espera ampliar o alcance dos demais produtos, principalmente na feira da cidade. “Na minha banca, agora vou ter o orgulho de colocar o selo, dizendo pra todo mundo que sou uma produtora orgânica! A gente luta há anos tentando levar alimentação para a mesa das pessoas. Só Deus sabe o sacrifício da gente no dia a dia, a luta, o desafio. As pessoas, umas acreditam, outros dizem que é besteira. Mas, deu tudo certo e eu creio que vai dar mais ainda daqui pra frente”, celebra Cléa.

A jovem agricultora Raiz Tamarini Lima, do Assentamento São Francisco em Juazeiro, também celebra essa conquista para a sua família e destaca que “foi através da capacitação, que veio junto com a certificação, que a gente conseguiu ter mais acesso à informação e aprimorar a produção para aumentar e diversificar, para que mais pessoas possam se alimentar de forma saudável”. As formações mencionadas por Raiz fizeram parte do projeto da certificação participativa.

O integrante da Coordenação Produtiva da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), Carlos Henrique Ramos, ressalta que as ações tiveram o objetivo de fortalecer as atividades e saberes existentes. “Nós desenvolvemos um projeto com base na Agroecologia, para ampliar os conhecimentos dos agricultores, reconhecendo o que eles já tinham sobre esse tema e procuramos agregar valor aos produtos”, aponta Carlos. Segundo ele, houve um aumento na quantidade e diversidade da produção. “Com isso, a Certificação Orgânica passou a ser um instrumento muito valioso para que a gente pudesse fazer um encontro do campo com a cidade”, afirma o integrante da CAR, apontando para o fortalecimento dos mercados.

As atividades da Certificação Participativa foram executadas pela Rede de Agroecologia Povos da Mata, entidade contratada pela CAR. O coordenador do projeto, Cláudio Lyrio, destaca que a culminância com a entrega dos documentos foi um momento histórico para o Território porque “temos agora um Pré-núcleo criado (ligado à Rede Povos da Mata), temos grupos em funcionamento e isso pode ser a semente que foi lançada para que novos grupos, novos agricultores venham a surgir. Acho que é um desafio que trouxemos para esse Território, inclusive no debate das políticas públicas, a questão da Certificação Orgânica Participativa vai ter que estar presente em todos os planejamentos que vão ser executados daqui pra frente”.

Essa preocupação com os planos para o futuro já pauta as ações atuais do recém-criado Pré-núcleo Sertão do São Francisco. A coordenadora, Carmem de Oliveira, pontua que as/os agricultoras/es celebram essa conquista cientes que de que têm outros desafios e que pretendem “a partir de agora, formar novos grupos para que a gente possa avançar. Para que isso aconteça, a gente já vai iniciar o processo de capacitação com novos grupos de agricultores e agricultoras. Com isso, ampliar o número de pessoas para se inserir no processo de produção agroecológica e orgânica”. Segundo Carmem a ideia é aderir novas famílias ao Pré-núcleo Sertão do São Francisco.

Para alcançar esse número de 111 famílias agricultoras no TSSF o trabalho dos/as colaboradores/as de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), das instituições parceiras foi essencial. O Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa) está entre essas entidades. A coordenadora administrativa do Irpaa, Nívea Rocha, enfatiza que esse caminhar junto, na luta por políticas públicas, fortalece também a Convivência com o Semiárido. “São passos longos. A política pública de Ater garantiu, no mínimo, dois anos de acompanhamento, de formação a cada grupo, cada agricultor aqui no território, possibilitando a consolidação da aquisição do certificado. O Irpaa permite, através do trabalho, transitar em várias estratégias da política pública, potencializando, fomentando e executando a integração de processos que contribuem e valorizam, sobretudo, o agricultor e a agricultora”.

Segundo Carlos Ramos, o fomento da produção agroecológica e orgânica fez com que esse setor produtivo da Bahia seguisse avançando. “A gente tá contribuindo com 20% da certificação orgânica no Estado da Bahia. Enquanto o Brasil estagnou com o processo de certificação de 2016 para cá, a gente teve um crescimento. A Bahia galgou o primeiro lugar no Nordeste” afirma Carlos Ramos, que parabenizou os/as agricultores/as pelo empenho, que resultou em bons resultados, mesmo com a ausência histórica dos investimentos ao longo do tempo, que foram mais direcionados para a agricultura convencional. Carlos destaca que “é, hoje, a agroecologia que é capaz de resolver o problema da segurança alimentar e nutricional, porque ela traz alimento de qualidade [...] É um momento histórico, fantástico que está acontecendo aqui nesse Pré-núcleo”, finaliza.

A certificação participativa é financiada pelo Estado da Bahia, por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR). A iniciativa conta com o co-financiamento do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida). O evento da entrega dos certificados teve o apoio do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), da Coopervida e da Central da Caatinga. Finalizando as atividades da cerimônia, os/as presentes foram contemplados com as belezas das apresentações artísticas do Samba de Véio da Ilha do Massangano, de Petrolina, e do cantor Cláudio Barris.

Certificação no Centro de Formação Dom José Rodrigues

Os/As estudantes da República do Irpaa, localizada no Centro de Formação Dom José Rodrigues, no bairro Jardim Primavera, em Juazeiro, também receberam a certificação. A conquista vem para evidenciar uma prática já realizada no local, afirma a jovem Ísis Valéria Lima. “A gente já tem esse manejo lá na República do Irpaa, então a certificação é como se fosse a consolidação do nosso manejo, do que a gente realmente faz. E, claro, vai dar visibilidade e valorizar os nossos produtos. E, o trajeto, o processo todo de certificação foi algo muito importante, desafiador, mas foi muito enriquecedor em termos profissionais, de conhecimentos e de vivência”. Agora as/os 13 estudantes assumem o desafio de dar continuidade às práticas agroecológicas. Ísis destaca que esta “é a primeira turma que consegue certificar a produção no espaço. É um sentimento de orgulho, valeu a pena todo esforço!”. No Centro de Formação também atua a família do agricultor agroecológico Ancelmo Cordeiro e Ana Lúcia Moura, contemplada com o selo.

Texto e fotos: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa
 


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