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Publicação do Irpaa destaca que a aridez no Brasil não é novidade e reforça a importância da Convivência com o Semiárido e das políticas públicas

Publicação do Irpaa destaca que a aridez no Brasil não é novidade e reforça a importância da Convivência com o Semiárido e das políticas públicas

Constantemente surgem estudos e circulam na imprensa informações sobre áreas com índices de aridez no Semiárido brasileiro ou localidades em processo “de desertificação”. O tema é importante, deve gerar debates em toda a sociedade, mas não pode ocorrer sem a associação a alguns entendimentos já consolidados a respeito da região semiárida do país.

O Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa) faz, por exemplo, o monitoramento de dados pluviométricos e desenvolve ações educativas, de comunicação e de assessoria técnica junto às famílias agricultoras que evidenciam: sim, é possível conviver com o clima! É possível viver dignamente em harmonia com os biomas; as políticas públicas precisam ser efetivadas, entre outros aspectos.

Nesse sentido, para enfatizar ainda mais os conhecimentos que foram construídos ao longo do tempo, principalmente ao lado dos povos do Semiárido, a Instituição reafirma a sua posição e disponibiliza para a sociedade um documento para subsidiar esse debate e para que ele seja feito sem alardes sensacionalistas, sem reforçar estereótipos com a região.

Um dos trechos da nota afirma que a “Aridez no Brasil não é novidade” e explica o porquê: “Publicações periódicas do Irpaa, apontam desde 1992, uma região denominada de Depressão Sertaneja, cujo volume médio de chuvas é inferior à 600 mm/ano, com evapotranspiração potencial na casa dos 3.000 mm/ano, o que lhe confere em determinados intervalos de tempo, índices de aridez inferior à 0,2 (categoria árida), sobretudo quando o intervalo de tempo observado contempla anos de seca prolongada. Ressaltamos, ainda que, aridez nem sempre é sinônimo de deserto, que por ser natural, difere de áreas desertificadas, que resultam da ação humana, que podemos chamar de áreas degradadas”.

Outro destaque do documento é em relação às especificidades da Caatinga e do Semiárido, considerando desde o surgimento até os dias atuais, inclusive sobre a formação de microclimas. "(...) Ressaltamos que apesar de tratado política e popularmente como Semiárida, há ocorrência de muitos microclimas, que variam desde o mais úmido, na Chapada Diamantina, até o árido, em muitos locais da Depressão Sertaneja. Essas variações podem ocorrer dentro de um mesmo município (...) Apesar da elevada evapotranspiração potencial de 3.000mm/ ano e da irregularidade na distribuição das chuvas que variam de 500 a 1.000 mm/ ano, o Semiárido brasileiro é o mais chuvoso do mundo".

Diante dessa constatação, evidenciada na nota, o presidente do Irpaa, José Moacir dos Santos, reforça que “A mudança climática existe, é natural, agora sendo agravada pelo ser humano; mas, tanto as plantas como os animais, os seres humanos têm condições de compreender o ambiente e suas mudanças ao longo do tempo e ir se adaptando a essas mudanças com inteligência, buscando aproveitar ao máximo do potencial que esse ambiente oferece e buscando ultrapassar os desafios colocados aqui pelo ambiente”.

Moacir alerta ainda que é preciso estar atento ao que circula de notícia e que “as informações precisam chegar com mais clareza, não causar alarde, mas trazer conhecimento que leve as pessoas a refletir e a construir mecanismos e políticas públicas, tecnologias, que nos ajudem a passar por essas dificuldades climáticas sem perder a nossa dignidade”.

Em complemento, o presidente do Irpaa, destaca que é preciso uma narrativa contrária ao que é divulgado, de que a região, por exemplo, está “virando um deserto”.

“É possível viver, mesmo em diferenças de temperatura, a quantidade de chuva anual é possível viver sem se desesperar ou sem desistir do semiárido, pensando que vai virar um deserto, que não é mais possível viver aqui. É sim possível, o que falta ainda são políticas públicas que nos ajudem a compreender melhor esse ambiente e buscar a melhor forma possível de conviver com ele, captando água descentralizada, gerenciando, cuidando da terra, recuperando áreas degradadas, diminuindo a degradação pela forma de aproveitamento econômico e outras atividades que tornam o ambiente inóspito para a vida, independente do clima que ele esteja”.

Nesse sentido, o documento publicado pelo Irpaa se propõe a contribuir nas discussões relacionadas às questões climáticas do Semiárido brasileiro, sobretudo considerando que é preciso um olhar para as consequências da negligência humana. “(...) Na Amazônia, no sul do país, no litoral, são climas diferentes do Semiárido, mas que enfrentam a mesma dificuldade de degradação do solo, devido à ação humana, não à ação da natureza. Então, é isso que a gente quer, mais uma vez, chamar a atenção, de que o problema da seca, da fome, da degradação não é ambiental, mas sim política e realizada pela ação humana. Se muda a política de ocupação e de uso do solo do Semiárido, também muda, reduz, a sua degradação”, enfatiza Moacir.

A nota também aborda que é preciso cuidado com os interesses de classes dominantes e empreendimentos que degradam a Caatinga, que podem se apropriar novamente dessa narrativa estereotipada do Semiárido como um lugar ruim, por exemplo. “(...) Com o advento das mudanças climáticas, essa mesma classe, mais uma vez subestima os potenciais socioculturais e ambientais dos povos e territórios semiáridos e propagam a ideia de lugar inóspito, inadequado ao modo de vida tradicional e incentivam o êxodo, na tentativa de favorecer a ascensão de grandes empreendimentos de produção de energia solar e eólica de grande escala, mineração, especulação imobiliária e outros instrumentos de concentração de terra e renda. Ressaltamos que, não somos contra as inovações produtivas, mas, o modelo precisa prezar pela responsabilidade ambiental, pela garantia de direitos humanos e pela inclusão socioeconômica da população local, ou seja, descentralizando as estruturas produtivas e de abastecimento em diferentes escalas".

Confira a íntegra em nosso site, na aba de publicações, ou neste link: As mudanças climáticas e o Semiárido brasileiro 

Texto: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa
Foto: Reprodução - imagem da publicação
 


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