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Missão do Banco Mundial vê bons resultados da agricultura familiar em Juazeiro

Missão do Banco Mundial vê bons resultados da agricultura familiar em Juazeiro

Uma reunião na sombra do umbuzeiro, um passeio pela propriedade, a oportunidade de ouvir as famílias agricultoras e de conhecer a forma como estão sendo investidos os recursos conquistados pela Bahia junto ao Banco Mundial. Este é o resumo da passagem da Missão do Banco Mundial por Juazeiro, no dia 10 de maio.

O grupo integrante da missão, formado por representantes do banco e da Secretaria de Desenvolvimento Rural – SDR, foi recebido na comunidade Lagoa do Boi. Lá a presidenta da Associação de Mulheres e Amigos Criadores Rurais de Lagoa do Boi e Vizinhanças, Ruiza de Deus, apresentou as dificuldades em executar as ações na comunidade, mas falou principalmente das conquistas viabilizadas a partir do projeto. Segundo ela o grande passo “foi através do melhoramento do rebanho, por que a partir do momento que foram colocados os reprodutores o rebanho ganhou mais peso, a carcaça foi mais valorizada e a procura cresceu”, contou diante de um quintal cheio de visitantes e de moradoras/es da comunidade.

Com reprodutores e matrizes de qualidade, assessoria técnica, tecnologia para captação e armazenamento de água, cuidados com a sanidade e produção de alimento para os animais, não demorou muito para a comunidade aumentar a comercialização e melhorar a renda. Além do comércio local, a Lagoa do Boi já fornece para um açougue em Pintadas-BA.

Os olhos de Ruiza brilhavam enquanto falava do quanto a comunidade mudou. Uma das mudanças mais significativas, segundo ela, é com respeito ao papel da mulher na comunidade. “Os homens aqui sempre diziam que lugar de mulher é na cozinha [...] e a gente aprendeu com o projeto que não, que lugar de mulher é na reunião da comunidade, é na política, se tem uma viagem, se tem um encontro [o lugar da mulher] é buscando conhecimento”, aponta. “O empoderamento das mulheres é visível. Hoje até as outras comunidades já tem essa visão de que somos mulheres mais fortes, mais empoderadas”, continua a presidenta. “Hoje a gente se reconhece como mulheres, caatingueiras e empoderadas”, ressalta Ruiza.

A mudança na visão de como a mulher deve estar envolvida nos processos comunitários veio junto com aprendizados diversos, que partem da técnica na criação dos animais e alcançam a gestão administrativa e financeira dos recursos públicos. “Para mim o conhecimento é uma coisa que vai ficar para sempre, que não se perde”, expõe Ruiza. A presidenta destaca ainda o ressurgimento dos mutirões na comunidade, o que ela atribui a mais uma influência positiva do projeto. “Eu acho que tinha mais de 20 anos que eu não ouvia falar de um mutirão na comunidade”, lembra Ruiza. Ela revela que através dos mutirões foram construídos 18 apriscos pelo projeto Bahia Produtiva. No entanto, os mutirões avançaram para além do projeto e resultaram na construção de 18 galinheiros e do centro comunitário. O espírito de coletividade resultou ainda na divisão das raquetes de palma (adquiridas via Bahia Produtiva) para toda a comunidade, inclusive para famílias não-participantes no projeto.

A prática dos mutirões também voltou com força na comunidade Caiçara, em Juazeiro. Lá a agricultora Maria Neves construiu com a vizinhança, de forma coletiva, os canteiros econômicos cercados de tela. “Eu digo que a minha comunidade hoje está riquíssima, porque a gente tá sabendo trabalhar em mutirão e o que nos ajuda é essa parceria. Trabalhando em mutirão a gente vai além”, enaltece Dona Maria.

No início a produção da família de Dona Maria era para o consumo próprio, mas aos poucos foi avançando para a venda e, recentemente, a agricultora viu surgir a oportunidade de aumentar as vendas com a criação da Feira Agroecológica de Massaroca, realizada a poucos quilômetros de sua comunidade. Agora as hortaliças produzidas com a água da cisterna construída pela Articulação do Semiárido Brasileiro – ASA e as frutas produzidas com água tratada a partir de um sistema de saneamento rural, ganham o gosto dos/das fregueses/as, melhorando a renda da família. “Chego na feira com meus produtos tudo fresquinho, cheirosinho”, conta animada. Toda a produção é sem veneno ou adubo químico, pois dona Maria coloca à disposição das/dos clientes aquilo que também consome com sua família.

Os resultados vistos agradaram a equipe do Banco Mundial. Para João Queiroz, Especialista de Aquisições do banco, “é muito interessante poder ver o que foi adquirido para esse projeto, para os objetivos que elas [as famílias assessoradas] têm buscado com os projetos que foram apresentados e poder ver o produto final”. O representante destacou o acesso aos mercados e a geração de renda.

Para Wecslei Ferraz, Coordenador de Assistência Técnica e Assessor do Projeto Bahia Produtiva, “mudar a vida das pessoas que estão em situação de vulnerabilidade é um prêmio muito grande”. O representante do governo do estado chamou atenção para a identificação e o compromisso das comunidades com o projeto. “Nós percebemos o comprometimento das pessoas na construção da política pública [...] Eu digo sempre que o maior objetivo é a questão da geração de renda e da Segurança Alimentar, mas isso só vem com o trabalho e a apropriação das tecnologias, a apropriação dos investimentos por parte das comunidades”

Clerison Belém, Coordenador Institucional do Irpaa, complementa dizendo que a união de várias políticas públicas apropriadas ao Semiárido contribuiu muito para os resultados positivos. “A gente pode perceber que foram implementadas tecnologias apropriadas ao Semiárido e também houve a integração de políticas públicas, onde um projeto complementou o outro”, expôs o coordenador.


Expectativa

Durante a visita João Queiroz revelou que a Bahia tem feito um diálogo constante com o Banco Mundial e que a proposta de um novo projeto deve ser apresentada em breve. Wecslei Ferraz também trouxe essa informação e elogiou a forma como as comunidades estão tratando os recursos, o que deve facilitar a aprovação de uma nova proposta junto ao Banco Mundial. Para acessar o fundo disponível no banco, a Bahia dependerá do Governo Federal, que é responsável por autorizar o estado a captar o recurso.

Assim como Riuza de Deus defendeu durante a visita, Clerison Belém também acredita que deve haver continuidade da Assessoria Técnica para as famílias, de preferência sem interrupções. Ele torce para que o novo acordo seja celebrado entre a Bahia e o Banco Mundial. “A gente espera que seja celebrado esse novo acordo”, pontua Clerison.

Além de Juazeiro a 16ª Missão do Banco Mundial tem no itinerário, entre outros, os municípios de Uauá, Sobradinho e Capim Grosso, locais onde houve investimento do Projeto Bahia Produtiva, uma ação da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional – CAR, órgão ligado à SDR, do Governo da Bahia.

Texto e foto: Eixo Comunicação e Educação do Irpaa

 

 

 


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