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Formação sobre saneamento básico reúne representantes de organizações populares em Juazeiro

Formação sobre saneamento básico reúne representantes de organizações populares em Juazeiro

Grupo de agricultores/as, representantes de organizações populares, associações comunitárias, movimentos sociais do Estado da Bahia, que são parceiras do Irpaa, participam de sua terceira formação modular, em Juazeiro. O grupo é acompanhado há oito meses pelo projeto Convivência com o Semiárido e adaptações às mudanças Climáticas, que é executado pelo Irpaa, com apoio da Cáritas da Alemanha. A formação aconteceu de 16 a 19 de fevereiro, no Centro de Formação Dom José Rodrigues, tendo como tema o saneamento básico rural.

O objetivo em debater o tema, como explica Luís Almeida, colaborador do Irpaa que acompanha o projeto, é “compreender o saneamento como um direito (…). Se a gente observar o saneamento básico rural é totalmente esquecido, inexistente. Então, há uma diversidade de problemas por causa [da ausência] do saneamento básico”, pondera. Ele esclarece que é preciso ter uma visão macro sobre o Semiárido, o que inclui o saneamento básico rural na proposta da Convivência: “Se a gente quer pensar a totalidade das águas no Semiárido, a gente aposta na 5ª linha de luta pela água, que é a água do meio ambiente, a mãe das outras águas. Então, se a gente polui essas águas, isso está gerando uma diversidade de problemas na frente”, argumenta.

Almeida explica que o Irpaa, em parceria com outras instituições e com as famílias, tem se empenhado em propor e executar algumas tecnologias apropriadas ao meio rural para atender minimamente essa demanda do saneamento rural. Luís pontua que estes conteúdos são discutidos com os/as participantes da formação, que se debruçam também sobre os aspectos políticos do saneamento e o conhecimento técnico sobre o funcionamento de tecnologias, visando a mobilização para defesa de criação de políticas públicas de saneamento básico rural apropriadas ao Semiárido.

Para Acássia Dutra da Silva, da Associação de Pequenos Produtores de Jaboticaba- APPJ, do município de Quixabeira – BA, essas formações tem provocado a necessidade de mobilizar outras pessoas em defesa da Convivência, compreendendo a sua ampla atuação. “Desde o primeiro módulo que eu venho sendo provocada a interagir com as nossas comunidades com estes conhecimentos(…). Nesse módulo, vivenciando as questões de saneamento, me senti ainda mais provocada a levar isso, ampliar para as comunidades”, projeta. Ela diz ainda que, pensar no saneamento específico e implementar estas tecnologias revela “um olhar inovador” para o campo.

Intercâmbio de experiências

No segundo dia, um dos momentos da formação foi promover uma aula prática na casa de duas famílias que fazem a gestão das tecnologias do tratamento total do esgoto através do reator UASB e do tratamento das águas cinzas através do Bioágua, nas comunidades de Canoa e Curral Novo, na região de Massaroca, distrito de Juazeiro. Nesse momento também que foi possível conhecer, através da fala das famílias, como funcionam as tecnologias, quais os desafios e resultados.

A agricultura e cooperada da Cooperativa Agropecuária Familiar de Massaroca (Coofama), Clarice da Silva Duarte, da comunidade de Curral Novo, é uma das pessoas que tem a tecnologia do reator UASB, que reusa a água para irrigar o plantio de palma que ela mantém no quintal de casa. “É uma riqueza que aproveita a água para plantar palma, leucena (…). No inicio, todo mundo me chamou de doida, mas eu não desisti. Vi que dava certo. Aqui é lugar de sequeiro, só vê a chuva quando chove. Tenho criação. Ele é importante porque dá para reaproveitar a água toda para os plantios, para fazer forragem”, conta animada.

Na casa dela, assim como em quase todas as famílias do campo, usava/usa-se a fossa de sumidouro, em alguns casos também o esgoto não era tratado e/ou era jogado ao céu aberto. Hoje, toda o resíduo líquido proveniente do banheiro e das pias da casa da agricultora são tratados através do sistema do Reator UASB. Ela destaca que a melhora não é só a água tratada, mas um ciclo que é criado com a existência do sistema: “do mosquito, nós não tem isso; menos muriçoca, antes tinha bastante; sobre a água para o plantio, é uma riqueza. Na seca a palma era amarela, e onde estava sendo irrigada estava verdinha e produzindo; pra mim foi tudo riqueza, vai ter uma criação de um peso bom e tudo tá melhorando muito”, avalia.

A segunda experiência visitada pelo grupo foi a do Bioágua, que é gestada pela família de Dona Elza Nogueira, da comunidade de Canoa, região de Massaroca. Nesta, o grupo conheceu de perto como funciona o sistema que trata as águas cinzas e como a família reusa a água, o que para Dona Elza tem sido um grande avanço na sua vida: “a gente reaproveita para molhar minha palma, que serve de alimento para os meus animais, e também pé de manga, mamão, coco… a gente dá graças a Deus que tem a água do Bioágua”, avalia a agricultora. Além das mudanças que a tecnologia tem provocado, Dona Elza avalia que os intercâmbios de experiências promovem um aprendizado diferente, “quanto mais conversa com as pessoas mais a gente aprende, é uma troca de aprendizado”, falou dona Elza.

O que chamou a atenção de Acássia, uma das participante da formação, foram os resultados, mas também o protagonismo das mulheres no envolvimento das duas experiências que conheceu durante a formação. Por outro lado, os homens das famílias questionavam a eficiência e resistiam em não participar. “Além das técnicas que dão certo para facilitar a vida do agricultor no seu dia a dia, eu vi que a força da mulher está muito presente. As duas práticas, as quais fomos visitar, as mulheres estão à frente”, aponta Acássia.

Multiplicar é a regra

Luis explica que o projeto tem como objetivo “contribuir com o fortalecimento dessas organizações populares através da proposta da Convivência com o Semiárido, fazendo a discussão sobre as mudanças climáticas e contribuindo com a incidência política”. Neste sentido, as formações são realizadas em módulos e intercaladas com visitas de monitoramento nas comunidades, voltando o foco para um público de lideranças que sejam multiplicadores/as dos conhecimento. “A partir do conhecimento a gente pode propor tecnologia (…) e fortalecer a proposta da Convivência com o Semiárido”, defende.

Este encontro é o terceiro módulo temático que o grupo participa, os outros dois abordaram o clima e água no Semiárido, produção e, o quarto e último, tratará da Educomunicação. As atividades são realizadas pelo Irpaa, com apoio da Cáritas da Alemanha, e integram o projeto que trabalha a proposta da Convivência com o Semiárido e adaptações às Mudanças Climáticas nos estados da Bahia, Pernambuco, Sergipe, Alagoas e Piauí.

Texto e fotos: Comunicação Irpaa

 


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