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"Eu vejo os alimentos da Caatinga como solução de alimentação para o mundo", aponta nutricionista e pesquisadora

O feijão com arroz, a carne e algum tipo de salada composta com alimentos como coentro, alface, tomate e rúcula é algo muito comum nos lares e restaurantes brasileiros. Mas como seria a sua reação diante de uma mesa que traz aquilo que já é tradicional, consorciado com receitas que têm na sua base plantas como o beldroega, o joão gomes e a palma?

Um almoço semelhante, preparado com alimentos muito comuns e também com as – Plantas Alimentícias Não-Convencionais – Pancs, foi servido sexta (25) para Agentes Comunitárias/os Rurais – ACRs de quatro territórios de identidade, onde está sendo desenvolvido o projeto Bahia Produtiva. Na oportunidade, o grupo saboreou um almoço bastante nutritivo, composto por alimentos tradicionais como feijão e arroz e outros pouco comuns, como vatapá de abóbora, picadinho de palma e moqueca de jaca. Antes disso, a turma, que participava de uma capacitação sobre Pancs e segurança alimentar e nutricional, experimentou lanches como o pão de abóbora com mangará feito com o coração da bananeira.

Durante os dois dias de capacitação, as/os participantes debateram a importância dos alimentos para a saúde, além de conhecer e reconhecer comidas feitas com plantas não-convencionais, muitas da Caatinga. Tais plantas geralmente são muito ricas em vitaminas e minerais, a exemplo do bredo. “O bredo é rico demais: ferro, cálcio, fósforo, proteína”, detalha a nutricionista Veranúbia Mascarenhas, que facilitou a oficina de culinária com Pancs. Veranúbia defende que alimentos já conhecidos possam ser consumidos com mais frequência e que outros sejam incluídos na dieta das famílias. “A gente poderia usar mais o aipim na nossa alimentação. A gente poderia utilizar o xique-xique e a palma”, sugere.

As plantas nativas da Caatinga e as plantas adaptadas ao Semiárido têm, segundo a nutricionista e pesquisadora Valéria Paschoal, uma vasta riqueza nutricional, que nos últimos anos passou a ser estudada de forma mais profunda, embora muitos alimentos já fizessem parte da dieta das gerações anteriores. “Essa riqueza toda, há bem pouco tempo não era conhecida. Então a gente está estudando hoje alimentos que já foram usados no passado, que tinha resultado e que foi perdido esse uso”, explica a nutricionista.

Valéria enfatizou durante sua apresentação a importância de plantas nativas na prevenção e tratamento de doenças. “Muitos alimentos como a palma, mandacaru e xique-xique já têm estudos mostrando que eles ajudam na diminuição do diabetes, obesidade e redução do colesterol”, explica. A nutricionista ainda destaca a importância de outras plantas comuns na região. “Nós temos coquinhos como o licuri e o babaçu, que possuem uma gordura excelente para o nosso organismo e que pode substituir tantas outras gorduras”, comenta. Além de substituir adequadamente as gorduras que causam males à saúde, o licuri e o babaçu possuem um tipo de substância que auxilia na defesa contra diversos tipos de doenças e até pode contribuir na recuperação de outras.

O ACR Fábio Santos, da comunidade Umbuzeiro, em Abaré, atribui boa parte dos problemas de saúde aos hábitos alimentares e a falta de informação. Ele espera poder melhorar a sua alimentação e contribuir para que o mesmo aconteça com as famílias assessoradas. “A coisa que mais me marcou foi essa troca que a gente está se comprometendo em fazer e levar para as pessoas fazer também essa substituição por alimentos mais nutritivos e saudáveis”, pontua Fábio.

Segundo Nuno Madeira, pesquisador da Embrapa e responsável pela oficina de cultivo das Pancs, uma possibilidade interessante de melhorar a alimentação é ter uma horta de plantas alimentícias não-convencionais, buscando inclusive o resgate do consumo de espécies que faziam parte da dieta dos antepassados. De acordo com Nuno, aos poucos algumas Pancs caíram em desuso, mas “são extremamente nutritivas, em geral muito mais nutritivas do que plantas convencionais que a gente adotou como base da nossa salada”, revela.

Para estimular a produção e a disseminação do conhecimento relacionado às Pancs, cada município participante da formação recebeu um kit contendo 16 espécies, que devem ser plantadas para a produção de mudas e sementes, a fim de que sejam distribuídas nas comunidades. “A partir de agora temos duas missões: a primeira de ser guardiões dessas plantas e sementes para que todos possam ter acesso a elas; e a segunda de levar o conhecimento adquirido e juntar com as práticas alimentares que as comunidades já trazem dos seus ancestrais para que todos tenham uma vida mais saudável”, garantiu Silvanda Rodrigues, ACR da comunidade Sítio Nossa Senhora das Graças, em Casa Nova.

Aposta

Valéria Paschoal aposta na Caatinga como a solução para os problemas de alimentação do mundo: “eu vejo os alimentos da Caatinga como solução de alimentação para o mundo”. Inicialmente o palpite da nutricionista pode até soar como exagero, mas ela fundamenta sua fala no contexto mundial, onde cada vez é menor a oferta de água doce não poluída. Na visão da nutricionista as plantas da Caatinga estão mais preparadas para um cenário com baixa oferta de água.

A pesquisadora ainda conta que, ao passar pelas dificuldades apresentadas pelo ambiente as plantas geram substâncias que auxiliam na prevenção e tratamento de várias doenças. “É um alimento que em pouca concentração tem uma riqueza tão grande de nutrientes, que consegue prevenir e tratar doenças”, complementa Valéria.

Para quê serve?

Valéria citou algumas plantas muito conhecidas nas comunidades, salientando a utilidade na saúde:

Umbu – capacidade de aumentar a imunidade;
Pimenta rosa (fruto da aroeira) – pode ajudar no tratamento de infecção e alguns problemas no estômago;
Beldroega – rico em ômega três, que ajuda no aumento da resistência física, bem como na prevenção de doenças como alzheimer.


Texto e Fotos: Comunicação do Irpaa


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