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Reflexões sobre Massacre de Canudos marcam evento na Semana da Integração do DCH III/Uneb

Reflexões sobre Massacre de Canudos marcam evento na Semana da Integração do DCH III/Uneb

 Este ano completa 120 anos do massacre de Canudos, saldo de uma guerra política que marcou o sertão baiano em 1897. Apesar de uma quantidade de anos relativamente pequena do ponto de vista histórico e um acontecimento de grande dimensão e tão próximo das comunidades da região do São Francisco, o desconhecimento acerca da história de Canudos ainda é uma realidade.

Para dar visibilidade a esta discussão e ao mesmo tempo problematizar as contribuições deste fato histórico para a realidade atual no sertão e no país, aconteceu no último dia 23 a mesa de discussão “Canudos: 120 anos – memória, luta e resistência”, evento que fez parte da Semana de Integração do Departamento de Ciências Humanas da Uneb, Campus III, em Juazeiro.

A mesa, realizada nos turnos vespertino e noturno, contou com a participação de religiosos e acadêmicos que discutiram a temática com estudantes, professores e interessados/as no assunto. A discussão contou com a participação do presidente do Instituto Popular Memorial de Canudos – IPMC, o professor-pesquisador José Wilson Andrade, da Faculdade Católica de Feira de Santana, o pastor e pesquisador do Centro de Pesquisa, Estudos e Serviços Cristãos e também membro do IPMC, Djalma Torres, o professor da Universidade do Estado da Bahia, Josemar Martins (Pinzoh), além do professor e pesquisador da história de Canudos Moisés Almeida, da Universidade de Pernambuco e José Moacir dos Santos, colaborador do Irpaa e presidente do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional da Bahia – Consea.

Debate


Após a explanação da mesa, o público fez questionamentos e reflexões a partir das exposições feitas. A estudante de Comunicação Social, Meire Souza, indagou a respeito do atraso no desenvolvimento social e econômico do município de Canudos, o que, segunda a ela, algumas leituras apontam como uma consequência da guerra. Para o padre e professor José Wilson, a memória da história de Canudos aos poucos tem sido retomada, mas durante muito tempo houve sim uma carga de estigma e preconceito contra o povo de Conselheiro. “O Brasil criminalizou Canudos, o exército brasileiro, os livros didáticos… por muito tempo, o povo achou que Antônio Conselheiro era um bandido, um doente mental”, relata o professor.

Para ele, isso hoje já foi superado e considera inegável a contribuição da Universidade nisso. “Hoje a gente ver Antônio Conselheiro em nome de bares, restaurantes, supermercados, personagens de Canudos”, observa, destacando também o trabalho de base realizado por comunidades eclesiais, movimentos sindicais e instituições parceiras do IPMC.

Problematizando um pouco o papel de Antônio Conselheiro enquanto líder religioso e defensor da monarquia, o professor Pinzoh provocou os demais membros da mesa, chamando atenção para as narrativas populares que tratam o Conselheiro como uma figura temida. José Moacir dos Santos contrapôs o professor argumentando que a história de Canudos foi por muitas décadas negada, invisibilizada e esquecida propositadamente pelos descendentes das famílias dizimadas devido ao medo, já que se tratava de uma história de repressão.

O professor Djalma Torres, que é líder de uma igreja protestante, reconhece que “Canudos não era uma comunidade perfeita, mas não tinha nenhum poder organizado (…), construir uma comunidade assim é algo especial que nos desafia”. Moacir complementa: “a guerra foi o ápice, a gente discute o que era Canudos antes da guerra, o que motivou aquelas pessoas a se organizarem, tanto para produzir, quanto para resistir. Isso é o que não está na história oficial, vem da experiência popular e que precisa chegar também dentro da Universidade”, para entender porque aconteceu a guerra e problematizá-la, porém sem perder de vista a necessidade daquela revolução ensaiada no Belo Monte.

Texto e fotos: Comunicação Irpaa


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