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No Semiárido baiano, organização social transforma cenários e histórias

No Semiárido baiano, organização social transforma cenários e histórias

 A chegada das cisternas na comunidade de Canoa, em Massaroca, interior de Juazeiro (BA), está contribuindo com uma nova paisagem da região e a protagonista dessa mudança é a organização social. Através da construção coletiva, essa tecnologia está chegando à casa das famílias que integram a Associação dos Pequenos Produtores de Canoa e Oliveira.

Em abril desse ano, a primeira cisterna de consumo humano foi levantada pelas mãos dos agricultores e agricultoras de Canoa, que por algumas horas trocam os cuidados com a criação e a roça para escavar buraco, preparar massa, bater placa, compartilhar conhecimento, esperança e reafirmar o quanto a união é o elemento mais importante para a transformação social no Semiárido.

Hoje algumas casas da comunidade são abastecidas por uma adutora, porém a água só chega uma vez por semana, o que não é suficiente para atender a demanda da população de Canoa. Preocupada com essa situação, a Associação fez o levantamento de quantas famílias não tinham acesso à água ou reservatórios para guardar esse líquido tão precioso. “A gente vinha no caminho de fazer o levantamento da cisterna da primeira água da família, levava os projetos pra CAR, CERB, aí nunca era aprovado devido à gente já ter água encanada da adutora, aí batendo nessa tecla a gente viu que se a gente não tomasse iniciativa a nossa comunidade ia ficar sem ter o local de armazenar a água da chuva, que é a água bem saudável”, explica o presidente da associação José Adeilton Nogueira da Silva, conhecido como Dico.

Durante as reuniões da Associação, a ideia da comunidade de construir as próprias cisternas foi amadurecendo, o que levou a aumentar a contribuição dos/as sócios/as de R$ 2 para R$5 a fim de utilizar esse dinheiro na compra de materiais de construção. O próximo passo foi pesquisar quem construía cisterna na região: “a gente chegou na casa do vizinho aqui no Juá. A gente pediu pra ele mostrar as formas, aí a gente tirou a medida e a gente mesmo fez as formas e começamos a construir. Naquela primeira [cisterna] todos os participantes estariam no mesmo local pra ir aprendendo”, afirma Dico, sem esconder o orgulho de ter a primeira cisterna construída.

Depois da primeira construção, o grupo de 34 homens se dividiu em pequenas equipes pra dar continuidade ao trabalho. Um dos pedreiros, seu Isaque Batista, que já trabalhava na construção de cisternas e caixas abertas, diz que a organização das pessoas “representa um ato de união da comunidade... além de ganhar a cisterna, nesse momento quem quer e se interessa aprende a fazer uma”, diz o pedreiro, que também vai construir a sua tecnologia de forma coletiva. O grupo já construiu cinco cisternas e pretende ampliar esse número para 25.

Uma dessas cisternas é a de Dona Caroline Belaura da Silva Macedo, umas das primeiras sócias da Associação. “É bom ser associado, a gente só consegue as coisas se for associação”, diz a agricultora. Sua filha Marizete Carolina da Silva, vice-presidente da associação, complementa que a “associação é muito importante na vida de cada um de nós, é um prestígio... esse projeto das cisternas vai fortalecer nossa comunidade, vai ficar mais unido”.

Esse não foi o primeiro trabalho coletivo da comunidade, a conquista da sede da associação, do prédio de beneficiamento de ovos, também foram resultados de mutirões. “Essa prática já existia na comunidade, tava um pouco adormecida e agora voltou e nossa vontade é que continue”, diz Marizete. É com orgulho e alegria que durante suas falas, ela diz que “hoje a diretoria da associação é composta por homens e mulheres. Hoje nós temos 60 sócios e delas 34 são mulheres”, finaliza Marizete.

Um dos frutos dessa iniciativa é a chegada do P1 + 2 na comunidade. Três famílias vão receber as cisternas de produção, como é o caso de seu João Manoel Souza Conceição. Após ter sua cisterna construída pelo mutirão, ele conquistou a cisterna-calçadão. “Agora eu vou ter como render mais o rebanho, porque a gente vai plantar o capim... e deixar de comprar a ração porque tá cara demais. A gente vende uma pra dar de comer às outras e tendo a água você já sabe né? Vamos plantar capim”, planeja o criador de cabras e ovelhas.

Para a diretoria da Associação, o projeto da construção da cisterna é prova de que a união é o caminho para reescrever a história de um Semiárido Vivo e cheio de oportunidades.

Texto: Comunicação Irpaa

Fotos: Eixo Água


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