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Agricultoras/es demonstram alegria e frustração no encerramento do Projeto Semiárido Produtivo

Agricultoras/es demonstram alegria e frustração no encerramento do Projeto Semiárido Produtivo

Um encontro virtual que reuniu mais de 70 pessoas marcou o encerramento do Projeto Semiárido Produtivo, uma ação de assessoria técnica e investimento na agricultura familiar, desenvolvida pelo Irpaa que atendeu diretamente mais de 400 famílias nos estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco, Piauí e Sergipe.

Com a parceria do Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA e da Articulação Semiárido Brasileiro - ASA, o projeto contribuiu para o fortalecimento da produção em diversos sistemas produtivos, todos com base na produção agroecológica, priorizando o uso de insumos locais, a preservação ambiental e a extinção do uso de adubos químicos e venenos. Por outro lado, a interrupção abrupta de parte das ações do projeto cortou investimentos coletivos voltados para a produção e comercialização da agricultura familiar.

Durante o evento de encerramento do projeto, os estados apresentaram a evolução na produção, especialmente a partir do aprendizado nas formações e intercâmbios promovidos pelo Semiárido Produtivo. “A sabedoria veio junto com o Semiárido Produtivo, com o Irpaa, com o MPA”, expressou ao final de sua apresentação a agricultora Cristiane Silva, da comunidade Tabuleiro, em Monte Alegre-SE.

A agricultora Aletícia Bispo, da comunidade Rio do Peixe, em Capim Grosso-BA, viu um sonho ser realizado a partir do projeto. “Eu achei que este sonho já não era possível”, confessa Aletícia, que já tinha feito tentativas de criação de galinhas, mas sem sucesso. Quando já tinha desanimado com a possibilidade da criação, o projeto chegou com assessoria técnica, formações e intercâmbios, o que contribuiu para o sucesso na produção de ovos. “Tô aqui para dizer a vocês que valeu a pena”, registrou a agricultora.

Rio do Peixe foi palco de outra grande mudança. A comunidade tem um açude que fornece água para 29 famílias, que irrigavam a terra por inundação. Seis famílias foram assessoradas na comunidade, mas outras 17 observaram o exemplo e modificaram seus sistemas para o gotejamento, que além de economizar água, preserva mais o solo.

Os bons resultados obtidos pelas famílias assessoradas deixaram animado Paulo César, colaborador do Irpaa e coordenador do projeto. “Muitos desses avanços foram no sentido técnico: as famílias melhoraram seu jeito de trabalhar, suas técnicas de produção”, destaca Paulo. Segundo o coordenador, as/os assessoradas/os melhoraram a sanidade na criação de galinhas, fazem um planejamento para produção de carne e ovos, trocaram o sal mineral e vermífugo, que eram comprados, por sal mineral e vermífugo produzido com ingredientes locais.

Os relatos das famílias evidenciando o aprendizado e melhoria de vida traz, segundo Paulo César, “uma sensação de missão cumprida. A gente atingiu aquilo que a gente desejava fazer, que era empoderar as famílias a desenvolver as técnicas de Convivência com o Semiárido e continuasse esse trabalho mesmo depois que o projeto finalizasse”, relata.

Marcos Cavalcante, Gerente do Departamento de Educação e Investimentos Sociais do BNDES, destaca a inovação do Semiárido Produtivo, que avalia ter sido um grande desafio e classifica o papel do Irpaa como fundamental para a viabilização do projeto, que na opinião do gerente, obteve êxito. “Consideramos que o projeto alcançou ótimos resultados no apoio aos agricultores familiares […] Com os recursos do BNDES foi possível apoiar a assessoria técnica, atividade de formação, intercâmbios…” explica.

Na avaliação de Marcos, o Semiárido Produtivo “qualificou as atividades desenvolvidas pelas famílias beneficiadas [...] Acreditamos que o projeto se tornou ainda mais necessário e relevante em função da pandemia do Coronavírus […] É uma grande satisfação visualizar os frutos obtidos com o projeto e saber que as famílias estão enfrentando as condições impostas pela pandemia em condições melhores do que se o projeto não tivesse sido realizado”.

Tiago Pereira, Coordenador Institucional do Irpaa, conta que a ideia da instituição em contribuir no projeto veio após as celebrações e análises aos 25 anos de fundação do Irpaa, quando a entidade decidiu expandir para outros estados, o trabalho que estava focado no Sertão do São Francisco. Segundo Tiago, “além de ter um objetivo contratual, a Instituição também tem a sua intenção institucional que é de disseminar os conhecimentos em torno da Convivência com o Semiárido para mais regiões. Isso se casa com os objetivos do projeto, que é caminhar dentro de duas perspectivas: assegurar o processo de formação e assessoria técnica, bem como contribuir com a estruturação produtiva, por meio de investimentos individuais e coletivos”.

O Semiárido Produtivo visou ações que davam conta de formação, intercâmbio, assessoramento técnico, investimentos individuais e coletivos. No entanto, os investimentos coletivos foram interrompidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, empresa pública que financiou o projeto. Com o corte, parte da estratégia de fortalecimento visando a comercialização foi interrompida. Melhoria de espaços de produção, construção de centros de comercialização, compra de câmara fria são exemplos de investimentos sonhados pelos grupos produtivos e que agora voltaram a estar distantes. “A ideia era que os investimentos individuais estivessem fortalecidos para virar uma organização coletiva e a partir disso potencializar a produção e comercialização nas comunidades e regiões”, aponta Tiago. Ele afirma que “o projeto se encerra sem cumprir o seu principal objetivo que é dar conta dos investimentos coletivos”.

Para o MPA, que apresentou a demanda do projeto e integrou o Comitê Gestor, interromper “um projeto que estava dando certo é de fato atingir o direito das famílias de acessar políticas públicas. Interromper um trabalho de produção de alimentos e abastecimento popular em um momento que a fome vem aumentando […] É nesse momento que o governo vem e corta os investimentos coletivos que buscava ampliar a produção” das famílias, lamenta Elielma Vasconcelos, representante do Movimento.

Texto: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa
 


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