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Enfrentamento à violência contra às mulheres e ocupação de espaços políticos marcam Encontro Territorial de Mulheres em Juazeiro

Enfrentamento à violência contra às mulheres e ocupação de espaços políticos marcam Encontro Territorial de Mulheres em Juazeiro

Música, poesia e encenação artística fazem parte do espetáculo do coletivo de mulheres “Semiáridas”, que apresentou de forma crítica e incisiva temáticas ancestrais e contemporâneas que falam das mulheres para as mulheres. A performance emocionou e despertou reflexões acerca das marcas que as mulheres de ontem e de hoje carregam em seus corpos e memórias. Assim, iniciou o Encontro Territorial Sertão do São Francisco Elas a Frente, que trouxe como tema “Empoderamento feminino: estratégias socioprodutivas para combater a violência contra as mulheres”.

O evento, que aconteceu em Juazeiro na última sexta-feira (22), reuniu cerca de 100 mulheres do TSSF e abordou detalhes de assuntos relacionados ao enfrentamento às violências contra a mulher e as estratégias socioprodutivas. Para problematizar sobre a violência e como ela se manifesta em nossa sociedade, estruturalmente machista e patriarcal, a coordenação executiva de política de enfrentamento às violências contra as mulheres da Bahia, Daniela Dultra, fez alguns apontamentos. Ela apresentou informações que chamaram a atenção da agricultora Nilcélia da Costa, da comunidade Lagoa dos Cavalos, em Remanso-BA, a exemplo da “violência doméstica, pelo índice da quantidade de mulher que é assassinada, principalmente aqui na Bahia”.

A Bahia é o estado do Nordeste com maior número de feminicídios, segundo os dados da rede de Observatório da Segurança, através do boletim “Elas Vivem: dados que não se calam”. Essa rede registrou, em 2022, um aumento de 58% nos casos de violência (cerca de um feminicídio por dia).

Ainda sobre essa discussão, o empoderamento feminino, através das estratégias socioprodutivas, pode ser um caminho para o combate aos diversos tipos de violência, uma vez que a geração de renda monetária colabora para que os ciclos de violência doméstica e familiar sejam rompidos; como destacou também a secretária de Políticas para as Mulheres (SPM), do Governo da Bahia, Elisângela Araújo. “Temos uma diversidade de programas no sentido da inclusão socioprodutiva, da autonomia econômica e no empreendedorismo das mulheres nessa perspectiva da renda, porque 46% das mulheres que sofrem violência não denunciam os agressores em função da questão econômica, por ela não ter essa economia. Então, hoje essa é uma grande preocupação da secretaria”.

As políticas públicas precisam chegar nas comunidades rurais e periféricas, especialmente às mulheres pretas e pardas que estão em situação de maior vulnerabilidade social. O investimento nessas ações específicas para atender as mulheres é urgente e não pode ser negligenciado.

Também foi abordado nesse evento o papel das mulheres nos espaços políticos, principalmente, pensando no período eleitoral que se aproxima, pois, atualmente, apenas 13% das cadeiras nas câmaras de vereadores/as da Bahia são ocupadas por mulheres e 90 municípios não possuem representação feminina. Sobre essa provocação, a jovem Ângela Santos, da comunidade Jatobá Beira Rio, em Pilão Arcado, destacou uma fala bastante pontuada durante o Encontro: “A gente precisa ocupar os espaços, principalmente na política”, devido à “representatividade que a gente ainda não tem e que a gente precisa ter”.

As mulheres participaram ainda da dinâmica Carrossel, que permitiu a reflexão e construção de propostas acerca de assuntos como: Empoderamento econômico das mulheres-estratégias e desafios; Iniciativas e políticas públicas que promovam um ambiente socioeconômico mais inclusivo e seguro para todas as mulheres; Prevenção e combate à violência doméstica- estratégias e recursos disponíveis; e Caminhos para enfrentar e superar a violência contra a mulher.



Justamente por possibilitar espaços de escuta e de reflexões sobre essas temáticas tão urgentes e necessárias que há a necessidade de outros encontros voltados para as mulheres e de repasses para aquelas que não têm a oportunidade de participar. Nesse sentido, a integrante da Associação Comunitária Mantenedora da Escola Família Agrícola de Sobradinho (AMEFAS), Aidraiane dos Santos, que também acompanha mulheres em comunidades rurais, destaca que o evento “foi um momento de discussões e que traz reflexões para a gente poder levar de volta para as comunidades que a gente acompanha, para os estudantes também da escola (…) é um debate importante que deve ser feito da base, porque a gente precisa politizar os jovens, principalmente, nesse ano que é de eleição. Precisamos politizar também as mulheres camponesas que estão lá e que não podem estar aqui; e levar também essa reflexão da violência doméstica, de onde a gente pode encontrar apoio, acolhimento (…) Então, vamos transmitir para elas o que a gente ouviu aqui, que são assuntos importantíssimos”.

Ainda sobre a importância desses espaços de discussão, a agricultora Uilma Ferreira, das comunidades de APL (Aldeia, Pascoal e Limoeiro), em Sento Sé, relatou que já esteve em outros momentos de formação realizados pela Rede Mulher TSSF e que eles foram enriquecedores. “Já participei muitas vezes, e cada vez mais, eu vou gostando de participar, porque os conhecimentos vão se aprimorando mais ‘na gente’ e a gente vai tendo mais conhecimento das coisas (...) muito aprendizado bom mesmo”.

O Encontro contou ainda com uma feira agroecológica, com exposição de diversos produtos da agricultura familiar e artesanatos. Além de espaço de cuidados para mulheres, com o oferecimento gratuito dos seguintes serviços: design de sobrancelha, trancistas, massagem e ventosaterapia, reike e barra de Access (terapia holística) .O objetivo dessa iniciativa foi promover momentos de relaxamento e autoestima para mulheres, fundamental para o bem-estar, que colabora ainda para a permanência das mulheres na luta pela garantia dos direitos e respeito pela vida. A jovem ngela também participou do momento de cuidado e aproveitou a massagem com ventosa para aliviar as dores do corpo e relaxar. “Ah, eu estou aqui leve, livre e solta! Eu percebi assim, até nos olhares das outras mulheres, que elas saiam felizes, leves, assim, com aquele sentimento, eu estou sendo cuidado, eu tenho um espaço pra mim, é importante eu estar aqui. Então, foi muito prazeroso”.

Momentos como esse possibilitam que as mulheres troquem experiências e discutam pautas que dizem respeito às suas vidas. “A gente celebra esses espaços que a gente vem evoluindo, que a gente vem conquistando, mas também que a gente coloca ainda as pautas emergentes que nos ferem, que nos afligem, para que as políticas públicas deem condições, sobretudo, que as mulheres contribuam no processo das mulheres serem livres”, ressalta, entusiasmada com o resultado do evento, a coordenadora administrativa do Irpaa, Nívea Rocha.

Ao final do Encontro, as mulheres entregaram para a secretária Elisângela Araújo, um documento com reivindicações e propostas de políticas públicas voltadas para o público feminino.

O Encontro foi realizado pelo Irpaa e a Secretaria de Políticas para Mulheres, do Governo do Estado da Bahia; com a parceria da Rede Mulher TSSF e apoios do Sasop, Centro de Cultura João Gilberto e Secretaria de Cultura da Bahia.

Texto e fotos: Eixo Educação e Comunicação do Irpaa

 


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